Por Geraldo Maia do Nascimento
O acendedor de
lampiões – por Geraldo Maia do Nascimento – gemaia1@gmail.com -
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updated 19 de maio de 2023
O acendedor de
lampiões
A ideia foi do
intendente Aderaldo Zózimo de Freitas, mas toda a assembleia aprovou: as ruas
de Mossoró precisavam ser iluminadas. E em 1896 foram instalados postes
nas esquinas da cidade e nos pontos mais centrais, pelas ruas e pelas praças,
onde ficavam pendurados os lampiões de querosene. Era o progresso que chegava
ao interior, dando mais segurança e ares de modernidade.
Na realidade,
o projeto de iluminação tinha sido apresentado no ano anterior, quando o
município era administrado pelo comerciante Romualdo Lopes Galvão, que havia
tomado posse a 5 de outubro de 1892. Romualdo Galvão já havia
administrado o município no período de 1883 a 86, sendo que no primeiro ano do
seu primeiro período administrativo, 1883, ocorreu em Mossoró o movimento
pela libertação antecipada dos escravos, movimento esse que é lembrado e
comemorado até os dias atuais. E Romualdo Galvão foi uma das figuras de maior
destaque na campanha que teve seu início em 6 de janeiro daquele ano com a
fundação da Sociedade Libertadora Mossoroense e culminou em 30 de setembro do
mesmo ano, quando foi declarado oficialmente que Mossoró estava livre da mancha
negra da escravidão.
Aderaldo
Zózimo de Freitas, o autor do projeto, também era comerciante e tinha seu nome
ligado ao movimento abolicionista. Tinha, portanto, alguns pontos em comum com
o Presidente da Intendência e o respeito da Edilidade, cargos esses que
correspondem hoje ao de Prefeito e de Vereadores.
O ano de 1895
estava sendo um ano de bom inverno, o que na linguagem do sertanejo era uma
grande riqueza. O município contava com um rebanho de 15.000 cabeças de gado
vacum, 2.000 cavalar, 1.000 muares, 10.000 caprinos, 8.000 lanígeros e 1.000
suínos.
A cidade vivia
um período de desenvolvimento, onde já existiam 5 escolas criadas e mantidas
pela Edilidade. Existia também, em 1895, uma preocupação muito grande com a
saúde pública, tanto assim que nesse ano começou a funcionar o serviço de
remoção do lixo e limpeza das ruas e praças da cidade.
Para isso,
contratou-se com Antônio Pompílio de Albuquerque o referido serviço, pela
quantia de 2.400$ por ano. A limpeza seria feita quatro vezes por ano, em
março, junho, setembro e dezembro, a começar do córrego do Canecão à baixa do
Caetaninho, inclusive o caminho do Cemitério. Não só varrimento e remoção
do lixo das ruas, praças, becos e travessas, como também a limpeza dos matos,
nivelamento dos buracos, deixando apenas capim e relva. Duas vezes por semana
as carroças percorriam determinadas ruas, fazendo-se anunciar pelas campainhas,
recolhendo o lixo e cisco das casas e edifícios da cidade acomodados em
vasilhas próprias.
Mas as ruas da
cidade eram iluminadas apenas pela lua.
Sendo aprovado
por unanimidade o projeto de iluminação pública da cidade, que contava com uma
verba de 600$ no orçamento público, foi providenciada a compra dos lampiões
(sessenta e três lampiões), dos postes de madeira, etc. Na sessão de 14 de
fevereiro de 1896 foi criado o cargo Zelador da Iluminação. Ao Zelador da
Iluminação, ou Acendedor de lampiões, como ficou conhecido. A esse funcionário,
cabia abastecer de querosene os lampiões, acender e apagar, enfim, manter os
mesmos funcionando.
E assim,
quando vinha chegando a hora do escurecer, aparecia o Acendedor de lampiões com
uma escada nas costas e uma caixa de fósforo nas mãos. De poste em poste
escorava sua escada, subia por ela, tirava a manga de vidro do lampião e
acendia o pavio.
Ao amanhecer
do outro dia, voltava o Acendedor de lampiões com sua escada, fazendo o mesmo
giro, de poste em poste, para abastecer e limpar os vidros das mangas dos
lampiões com um pano úmido. E a rotina se repetia dia após dia, menos nas
noites claras, pois nestas noites, era a lua que cobria de luz as ruas e praças
da cidade.
Pesquisador e
Escritor: Geraldo Maia do Nascimento – gemaia1@gmail.com
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