Por: José Mendes Pereira
Maria Gomes de Oliveira era o seu nome de batismo, mas entre os familiares e vizinhança era conhecida como Maria Déia. E no cangaço recebeu duas alcunhas, levando-a para a fama mundial: “Maria Bonita ou Rainha do cangaço”, foi uma mulher honesta, e em nenhum momento denegriu a imagem do seu homem.
O escritor Roberto Vila Nova fala em um dos seus textos: “Caçador de cangaceiros revela segredos do cangaço”, publicado no dia 11 de outubro de 2005, no site www.alagoas24horas.com.br, que o ex-soldado Josias Valão dos Santos, que era comandado do sargento Aniceto, conta um fato que aconteceu envolvendo Maria Bonita.
Foto de: Heitor e Silvia Reali
Josias Valão dos Santos
Diz o escritor: "... outro episódio que chamou a atenção de Josias foi a rebeldia do cangaceiro apelidado de “Diferente”, que era viciado em baralho e, quando estava perdendo, falava palavrões. Numa partida em que se encontravam Lampião, Luiz Pedro, Maria Bonita e Sabonete, o cangaceiro soltou palavrões e foi recriminado por Luiz Pedro, que o chamou a atenção para a presença de Maria Bonita na mesa.
O cangaceiro Luiz Pedro
E o cangaceiro desbocado reagiu, dizendo que Maria Bonita não era nenhuma santa. “Você ...come ela...”, relatou Josias, dizendo que essa passagem foi contada ao sargento Aniceto por um coiteiro. “A surpresa é que Lampião fez que não ouviu nada”.
O outro episódio foi publicado no jornal "A Tarde" pelo o jornalista Juarez Conrado Dantas, cedido pelo coiteiro Mané Félix, um dos mais confiado coiteiros de Lampião.
O coiteiro Mané Félix
Disse o depoente ao jornalista: "Nessa tarde, por sinal, depois de "caçoar" com Luiz Pedro, deixando de fazê-lo somente no momento em que se dirigia para o riacho, o bandoleiro, que estava sentado sobre uma pedra, deu-lhe uma palmada mais ou menos forte nas nádegas, fazendo-a correr na direção do pequeno córrego, enquanto "LAMPIÃO", que a tudo assistia, sorriu como se nada tivesse acontecido".
Jornalista Juarez Conrado Dantas
O que o policial informou a Roberto Vila Nova, foi através do “DISSE ME DISSE”, pois a história já vinha de um coiteiro que contou ao sargento Aniceto e o Josias repassou para o jornalista Roberto Vila Nova. O outro episódio foi contado pelo coiteiro Mané Félix ao jornalista Juarez Conrado.
Eu não me refiro A Roberto Vila Nova, e nem tão pouco ao jornalista Juarez Conrado Dantas, já que eles apenas registraram o que Josias e Mané Féliz lhes disseram. Mas eu acho muito difícil que isso tenha acontecido com Maria Bonita, pois ela detestava traições de cangaceiras.
No momento eu não tenho o nome do escritor que escreveu o que segue. “Certa vez, uma posição tomada por Corisco em relação à honra masculina, foi do caso amoroso entre Cristina e Português. Ela havia o traído com Jitirana, do bando de Corisco.
O cangaceiro Corisco
Português contratou Catingueira para limpar sua honra. Quando Catingueira chegou ao coito de Corisco, chamou Jitirana para terem uma conversa particular. Nesse momento Maria Bonita e Lampião que estavam no coito de Corisco, aproximaram-se do local.
Maria Bonita opinou que Cristina era a culpada, e deveria ser eliminada por Catingueira.
Foi quando Corisco lhe respondeu:
- Ela deu o que era dela! “Ninguém tem nada com isso!
Não satisfeita com a resposta, Maria Bonita disse-lhe:
- Mas quem vai ficar desmoralizado é Português.
Corisco deu um basta à discussão, exclamando:
- Ele que cuide da mulher dele! De Jitirana cuido eu!.
O repórter do jornal "O Pasquim", Jaguar, entrevistou o cangaceiro Volta Seca no ano de 1973, nº. 221, referente aos meses, setembro e outubro, e fez-lhe a seguinte pergunta:
Jaguar - E não houve tentativa de ninguém no bando dar uma cantada nela, não?
Volta Seca - Cê tá maluco, rapaz? Dava uma cantada e já era.
Eu acredito na honestidade de Maria Bonita, e acho que quando ela tomou a decisão de acompanhar o bando de cangaceiros, não foi para servir de mulher para um e para outro, e sim, ser a amada do homem que ela achava que era a sua alma gêmea. Mesmo sofrendo nos cerrados, nas caatingas enfrentando combates, mas a sua alegria, o seu amor era por e para Lampião.
O problema é que mulher é discriminada, não podendo dizer uma simples brincadeira com um colega, amigo, e a partir daí, ela cai na boca venenosa do mundo, deixando desmoralizada para o resto da vida.
Lembrando ao leitor que eu não duvido das palavras dos jornalistas Roberto Vila Nova e nem tão pouco do que escreveu o jornalista Juarez Conrado Dantas, mas de certas histórias distorcidas, principalmente da conversas contada através de um, passando para outro, tornando-se "o disse me isse".
Leia esta história no Blog: alagoas 24 horas.
E a historia que Maria Bonita tinha um caso com sabonete?
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