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quinta-feira, 9 de junho de 2011

A vida nem sempre bela de Maria Bonita

Por Ronaldo Pelli



No ano de seu centenário, pesquisador
lança segunda edição de biografia
da pioneira do cangaço
          
          Maria Gomes de Oliveira foi uma mulher polêmica. De temperamento forte, foi pioneira no seu métier. Isso lhe trouxe fama e uma série de histórias controversas, além de um apelido que assustava as pessoas: Maria Bonita.
          Neste ano, a mulher de Lampião teria completado cem anos, se viva, no dia da mulher, 8 de Março. Aproveitando a data, João de Sousa Lima, pesquisador do cangaço, já organizou um evento sobre a primeira mulher a ser cangaceira, e agora lança a segunda edição de seu “A trajetória guerreira de Maria Bonita, a rainha do cangaço”.

Maria Bonita

            João, que tem outros livros sobre o assunto, diz que o livro “narra a vida de Maria Bonita, desde seu nascimento até a morte na Grota do Angico”.

João de Sousa Lima

           Segundo o escritor, a obra passa “por histórias acontecidas na infância, no casamento atribulado com o sapateiro José Miguel, ‘o Zé de Nenê’, os bailes na juventude e a apresentação pelo um tio ao Rei do cangaço”.


Zé de Nenem

            O pesquisador afirma que Maria Bonita entrou no cangaço com 18 anos, “no finalzinho de 29” e morreu menos de nove anos depois, em 28 de Julho de 1938, junto com Lampião e mais nove cangaceiros na Grota do Angico, em Poço Redondo, Sergipe.

11 cabeças de cangaceiros
abatidos na grota de Angico

            Durante esse período, ela, junto com o grupo de cangaceiros, é associada a situações escabrosas, como assassinatos e torturas cheias de crueldade. Por outro lado, há muita gente que a considera um ícone.
          João tenta fugir da polêmica ao explicar que o mais importante é recontar a história, independentemente dos julgamentos: “Maria Bonita e por consequência a história do cangaço tem que ser passada pelo contexto histórico acontecido no Nordeste brasileiro.”

Lampião e Maria Bonita

Leia abaixo uma entrevista com o autor:
               
                Revista de História: Como Maria Bonita conheceu Lampião?

O rei Lampião

            João de Sousa Lima: Ela conheceu Lampião em 1929. Foi apresentada pelo tio Odilon Café e estava separada do antigo marido havia 15 dias. Com o cangaceiro, teve quatro filhos: dois abortos, a Expedita e o Ananias, o qual morreu no ano passado tentando provar esta paternidade - o resultado do DNA corre em segredo de justiça.

Da esquerda para a direita
Vera, neta dos reis do cangaço, esposo e Expedita Ferreira
Ananias Gomes de Oliveira
suposto filho de Lampião e Maria Bonita

              RHBN: Heroína ou bandida? É possível responder a essa questão?

      

             JSL: Maria Bonita se tornou um nome mais conhecido por ser a mulher do comandante supremo do cangaço. Maria Bonita, e por consequência a história do cangaço, tem que ser passada pelo contexto histórico acontecido no Nordeste brasileiro. A questão de bandido ou herói tem dividido opiniões, porém o mais importante é o registro dos fatos acontecidos, não podemos julgar a história de um povo, de uma raça, de uma comunidade. Toda a história desde a criação é repleta de momentos sangrentos, de guerras e de lutas. Precisamos levar para as gerações vindouras esses fatos, sem nada alterar ou modificar como fazem os historiadores irresponsáveis. A polícia, que era quem devia proteger a população, o sertanejo, foi muito pior que os homens e mulheres que viviam à margem da lei. A polícia matou mais, estuprou mais, roubou mais. Muitos desses crimes foram creditados aos cangaceiros. É importante que escritores e estudiosos do tema saibam manter a imparcialidade na hora de retratar os casos e deixem que a história e o tempo decidam essas questões polêmicas e que não cabem no olhar individual de algum analista.
 

A outra Maria Déa; de Paulo Afonso
          
            RHBN: Por que a rainha do cangaço se transformou em uma espécie de ícone do movimento feminista brasileiro?
            JSL: Ela não se tornou símbolo do feminismo brasileiro, ela se tornou sinônimo de mulher corajosa, decidida, que rompeu parâmetros de uma época para seguir um grupo comandado por um homem que vivia à margem da lei. Pode ter se tornado exemplo para algumas outras mulheres, porém não foi intencional, ela foi para o cangaço apenas por ter se apaixonado por Lampião.
           RHBN: Você poderia descrever, em poucas palavras, a personalidade de Maria Bonita?

Maria Bonita
Revista de História da Biblioteca Nacional

                JSL: Maria Bonita era uma mulher corajosa, decidida, acima de tudo apaixonada pelo homem que ela decidiu seguir. Foi menina, criança, amiga, companheira e mãe. Tomou banho de chuva, se molhou em biqueiras e barreiros, fez bonecas de pano e de milho, correu, caiu levantou, amou, sofreu, sorriu, chorou, colheu flores, sentiu o calor causticante do sertão, divisou o verde em certos momentos, foi amada, ferida, feliz e sofrida, foi mulher sertaneja, de brio, forte, serena, severa, amamentou, partiu, voltou, tombou crivada de balas, uma mulher comum, porém com uma história diferenciada de todas as outras de sua época e de seu convívio.

Revista de História da Biblioteca Nacional

Extraído do blog: "Lampião Aceso", do amigo Kiko Monteiro


Valeu João de Sousa Lima!

 As futuras gerações merecem
respeito; por isso tem que usar a
seriedade com o tema cangaço, e não
a irresponsabilidade. Fatos contrários 
é preciso cortar logo o mal pela raiz,
dever dos senhores que fazem
este trabalho com seriedade, 
dedicação, amor e que investem
os seus próprios recursos,  quando
não dispõem de patrocinadores.
 Por isso, é muito importante
não aceitar contrariedades
ao excelente tema
que é "cangaço".

SOBRE ANANIAS

Sobre o Ananias,  segundo o escritor
João de Sousa Lima, é filho de Maria Bonita e Lampião.

Vale lembrar ao leitor que não foi o escritor que disse, foi um dos ex-cunhados de Maria Bonita, que afirmou a ele que a própria sogra, dona Maria Gomes de Oliveira, um dia dissera que o Ananias era filho de Maria Bonita e do homem, isto é Lampião.

Eu acho que Dona Maria Gomes de Oliveira jamais esperava que um dia alguém descobriria de quem seria filho "a" ou "b". Por isso jogou esta afirmação negativa ao seu genro, fato que eu jamais acreditarei.

Quando este resultado "DNA" sair, vai desmentir dona Maria Gomes de Oliveira, a quem tanto tenho admiração.

Tenho plena certeza que o escritor João de Sousa Lima entende
muito bem o que eu estou falando, não me referindo as suas
palavra em seu artigo.

        

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