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segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Boa Desculpa

Por: Cornélio Pires

Nhô Lau eram bom homem, possuindo um sítio em que plantava de tudo, à margem do rio Tietê. Ultimamente notara que as suas roças de milho estavam sendo "bloqueadas". Ao ver tanto milho quebrado, atribuiu o estrago às capivaras, pois não podia acreditar que os seus vizinhos, todos compadres, fossem capazes de furto.
A fim de defender a roça mandou fazer profundo fojo (foge na expressão dos caipiras) nos carreiros, cobrindo-os com ligeira camada de sapé e terra. À tardinha viu arrematarem o serviço e partiu satisfeito para casa.
- Amanhã cedo voltaremos e almoçaremos lombo de capivara...
- Nois vai tê paçoca da boa, somana intêra... comentou o Zé Boliero.
No outro dia, pela manhã, de longe bradou Nhô Lau:
- Eu não dizia! Lá está o foge destapado! Pegamos já uma!


Ao chegar à borda do profundo buraco, notou, com espanto,


uma capivara deitada de cansaço e o seu compadre Julião, todo esfolado, meio escondido por trás de um grande saco cheio de milho...


- Ó c'os diabos! Desculpe compadre! gritou Lau lá para baixo.
Jogou uma corda e continuou:
- Me esqueci de mandar avisar o compadre que tinha feito os foges... E aqui  é o atalho por onde o compadre costuma passar.
- Foi o diabo! comentou lá em baixo Julião, agarrando-se à corda para ser guindado.
Nhô Lau, sempre bonachão, bradou-lhe:
- Amarre o saco de milho pra subir junto, compadre.
- O saco de mio num é meu...
- E de quem é, compadre?
- Eu acho compadre Nhô Lau, que é  da capivara.



Este texto eu o adquiri em:
Português Dinâmico
6ª. série - Siqueira & Bertolin
IBEP - Instituto Brasileiro de Edições Pedagógicas


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