Por: Leonardo Ferraz Gominho
Era o dia 4 de fevereiro de 1926. As forças sob o comando de Higino Belarmino seguiam a pista de Lampião que, da fazenda Volta, no Navio, município de Floresta, escrevera diversas cartas pedindo dinheiro a moradores da região. Daí seguiu e, na Caraíba, sabendo que a força vinha em sua perseguição, montou uma grande emboscada com seus 35 a 40 homens. Distribuiu estrategicamente os companheiros, conforme conta Manoel Flor (O Canto do Acauã, p. 213):“Os cangaceiros estavam bem apoiados em lugares seguros e distribuídos vantajosamente, dispostos em três posições.
Coronel Higino em 1973, Foto de Josenildo Tenório
O primeiro grupo de adversários estava à margem esquerda do riacho, num serrote; o segundo, à frente do primeiro, na margem oposta, apoiado na ribanceira do riacho; o terceiro, em barrancos e valetas naturais”. A posição permitia que a força fosse alvejada com três frentes de fogo e os bandidos, situados nos barrancos e ribanceiras, “apesar de estarem entre o fogo dos companheiros e da força, não eram atingidos pois sua posição os resguardava bem.”A força de 34 ou 35 homens foi colhida de surpresa. Seguiu-se um dos mais ferozes combates travados em toda história do banditismo nordestino. Os mais traquejados, acostumados a liderar tropas, tomaram decisões individualmente.
Manoel Neto à esquerda
Manuel Neto seguiu pelo lado esquerdo, em busca dos cangaceiros entrincheirados no serrote. Aproximou-se de tal forma que teve o braço direito varado por uma bala dos bandidos. Escapou “quase milagrosamente com seus homens, apesar de servir como alvo para os bandidos do primeiro e do segundo grupo”. Foi retirado para Betânia pelos companheiros Pedro Tomás de Souza Nogueira, João Jurubeba de Sá Nogueira, soldado Jacobina e outros.Vendo Manuel Neto ferido, os bandidos saltaram para fora das trincheiras dispostos a eliminar o inimigo. Foram várias vezes bravamente repelidos.
Conta João Gomes de Lira (Lampião: Memórias de um soldado de volante, p. 249) que, em Betânia (então distrito de Floresta), “por não existir medicamento nem farmacêutico, foi Manuel Neto medicado pelo curandeiro Manoel Jerônimo (v. MOM, B 86). Contudo, Manuel Neto ainda criou bicho no ferimento. Ele mesmo puxava as filapas (sic) de osso do ferimento.”Dias depois, foi transportado de Betânia para Flores, onde submeteu-se a rigoroso tratamento.
O combate da Caraíba durou cerca de 7 horas e a tropa enfrentou desesperada os bandidos. Conta Lira que Higino, já baleado e vendo a falta de ânimo da força, procurou retirar-se da linha de fogo. David Gomes Jurubeba, vendo isso, teria gritado:
- “Tenente Higino, não abandone a tropa. Seja homem que eu sou homem e só sou comandado por homem. Bota galão no ombro quem é homem. Não tente retirar-se da linha de frente. Se isto fizer, atiro-lhe pelas costas!”
Higino - um dos mais bravos oficiais que se engajaram na luta contra o banditismo -, mesmo ferido, teria respondido:
- “David, agora se morre até o último homem mas não se corre. Vamos agora morrer todos, como homens, no campo da luta!”
No cair da tarde, Lampião retirou-se. Perdera cinco homens; a força três: os soldados Aristides Panta da Silva, Benedito Bezerra de Vasconcelos e Antônio Benedito Mendes. Foram feridos, além do anspeçada Manuel Neto e tenente Higino, o rastejador Antônio Joaquim dos Santos (Batoque), com a perna fraturada, Altino Gomes de Sá (v. GS, Tn 196), João Pereira dos Santos, João Pinheiro Costa e João Cavalcanti (mais tarde morto no combate de Maranduba/SE).
No cair da tarde, Lampião retirou-se. Perdera cinco homens; a força três: os soldados Aristides Panta da Silva, Benedito Bezerra de Vasconcelos e Antônio Benedito Mendes. Foram feridos, além do anspeçada Manuel Neto e tenente Higino, o rastejador Antônio Joaquim dos Santos (Batoque), com a perna fraturada, Altino Gomes de Sá (v. GS, Tn 196), João Pereira dos Santos, João Pinheiro Costa e João Cavalcanti (mais tarde morto no combate de Maranduba/SE).
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