Por: Leonardo Ferraz Gominho
As forças continuaram na pista de Lampião. Quinze dias depois, grande número de policiais seguia de perto o bandido que, das proximidades de Vila Bela, retirou o grupo para a Serra Grande, perigosa garganta de quase duas léguas de extensão. Chegando à serra, o cabo Manuel Neto e o sargento Arlindo Rocha, ambos da região e familiarizados com a terra, os cangaceiros e seus truques, detiveram-se ali, à boca do desfiladeiro, à espera do tenente Higino que enviara mensageiro, ordenando que as forças ali se detivessem para entrar na serra somente com sua presença.
Lampião e Antonio Ferreira
Nesse local tombou Manuel Neto com as pernas varadas a bala. Lampião teria gritado:
- Perdeu a fama hoje, Cachorro Azedo!
Ali perto caiu gravemente ferido o soldado Vicente Ferreira de Lima (Vicente Grande). A pesada chuva de balas fez a força recuar, deixando no local mortos e feridos. Descendo a serra, Raimundo Barbosa Nogueira lembrou-se de que Manuel Neto ficara ferido, à mercê de Lampião. Voltou e encontrou o bravo cabo brigando e falando para Lampião e seu bando.
“Logo Raimundo viu o mosquetão de Manuel Neto silenciar. Verificou o motivo: tinha dado uma vertigem”. No momento, perdeu as esperanças de salvação do amigo. Contudo, como um verdadeiro herói, enfrentava a dura batalha. “Momentos depois Raimundo foi surpreendido com o mosquetão de Manuel Neto vomitando fogo e ele, Manuel Neto, animadamente falando para os inimigos.”
Raimundo pediu que o parente procurasse descer a serra. Ele daria cobertura. Não podendo andar, o cabo rolou de serra a baixo, encontrando-se, na descida, com os primos Antônio Capistrano e Euclides Flor que, bravamente, enfrentavam desesperadamente os bandidos. Raimundo ainda voltou ao alto da serra para ajudar Vicente Grande. Conseguiu fazer descer o soldado que, com o intestino nas mãos, conseguiu escapar.
O tiroteio continuou ensurdecedor. Os cangaceiros, em situação privilegiada, castigavam as forças, que viam seus homens tombarem. Arlindo Rocha, que queria almoçar bala, almoçou: foi gravemente atingido no rosto, tendo o maxilar quebrado.
Lampião “incentivava os companheiros, a fim de não amortecerem o fogo contra os atacantes. Os soldados, desesperados e cansados, temiam sucumbir.” As forças reconheceram o alto valor estratégico do bando.
Muitas armas ficaram no campo de luta. Cenas dramáticas se desenrolaram. O efeito psicológico do tiroteio foi tremendo. Às 17 h 45 minutos, depois de 10 horas de duro combate, o comandante, conformado com a derrota, ordenou cessar fogo e bater em retirada. Estava terminado o maior tiroteio travado contra Lampião, em Pernambuco. Onze mortos foram sepultados pelo sargento Domingos Gomes de Souza. Diversos soldados saíram gravemente feridos. Lampião, por sua vez, não perdeu nenhum homem.
De Floresta, entre muitos outros, também tomou parte nesse combate o soldado Manoel Polmata (pai de Celina, Barto e de outros e que faleceu em julho de 1983).
Marilourdes Ferraz diz que, nesse tiroteio, Antônio Ferreira teria sido atingido, vindo a falecer. Outros autores, entretanto, preferem a versão de sucesso: fora atingido por um tiro disparado por Luís Pedro, na fazenda Poço do Ferro (Floresta), quando brincava com o companheiro.
Marilourdes Ferraz (O Canto do Acauã, 1 ed., p. 253) diz que tornava-se “difícil traçar um plano com segurança relativa para os soldados. A serra, muito acidentada, era um local adequado para emboscadas”. Lampião dividira seu bando em três subgrupos, situando os homens em lugares privilegiados, “cuja posição antecipava a vitória da luta que duraria horas ininterruptas”. Antônio Ferreira ocupava a chapada da serra e Lampião comandava o primeiro subgrupo.
Lampião e Antonio Ferreira
“Logo que chegou, Higino expôs seu bem arquitetado plano de ataque (se tivesse sido executado certamente não falharia, segundo declararam alguns soldados que participaram da luta): consistia, em linhas gerais, na retirada de uma parte da força para atacar os bandidos pela retaguarda, subindo pelo outro lado da serra.”
Esclarece Marilourdes que o sargento Arlindo Rocha “rejeitou a proposta categoricamente, alegando que a manobra exigia dispêndio de precioso tempo e acarretaria maiores dificuldades para se galgar a serra. Os demais comandantes de volantes preferiram não interferir na divergência de opinião.”
Belarmino desistiu do ataque coordenado, puxou o relógio do bolso e disse que, quem fosse homem, subisse a serra. Escapasse quem Deus quisesse. E acrescentou: - "São sete e quarenta e cinco. Fico aqui escutando a hora que a espoleta quebra em cima da serra".
Esclarece Marilourdes que o sargento Arlindo Rocha “rejeitou a proposta categoricamente, alegando que a manobra exigia dispêndio de precioso tempo e acarretaria maiores dificuldades para se galgar a serra. Os demais comandantes de volantes preferiram não interferir na divergência de opinião.”
Belarmino desistiu do ataque coordenado, puxou o relógio do bolso e disse que, quem fosse homem, subisse a serra. Escapasse quem Deus quisesse. E acrescentou: - "São sete e quarenta e cinco. Fico aqui escutando a hora que a espoleta quebra em cima da serra".
João Gomes de Lira (obra citada, p. 352) acrescenta a resposta de Manuel Neto:
- “Venho de longe, com mais de trinta léguas, no encalço, para brigar, e quero é brigar. Já estou com o pé na embocadura da serra. Já vou subindo.”
O anspeçada Euclides de Souza Ferraz também falou:
- “Com meu pelotão da morte, também vou subindo a grande serra.”
E o sargento Arlindo Rocha:
- “Ah! Tá bom! Eu hoje também quero é almoçar bala!”
Vendo Arlindo se adiantar, querendo tomar sua frente, Manuel Neto protestou:
- “Não, Arlindo. Você sabe que a vanguarda é minha e não cedo o lugar.”
Às 8 h e 45 minutos daquele 26 de novembro de 1926, ouviu-se o alto da serra pegar fogo. “Era o cabo Manuel Neto que estava de testa com o bandido Lampião”. A luta atingia grandes proporções e a força de mais de 260 homens viu-se incapaz de desalojar os bandidos. Antônio Ferreira, nesse ponto, comandava um grupo móvel que se alternava em ataques frontais e pela retaguarda. Na bocaina da serra, o tenente Higino impediu os bandidos de fecharem a entrada da garganta, evitando, assim, um verdadeiro massacre das forças que, certamente, ocorreria.
Conta João Gomes de Lira que a vanguarda seguia, tendo como rastejador o soldado Ângelo Inácio da Silva (Ângelo Caboclo). A certa altura da serra, “nas proximidades de uma aguada, quando passava encostado numa grande pedra, Ângelo foi puxado pelo braço, pelos bandidos”, sendo sangrado atrás da pedra.
- “Venho de longe, com mais de trinta léguas, no encalço, para brigar, e quero é brigar. Já estou com o pé na embocadura da serra. Já vou subindo.”
O anspeçada Euclides de Souza Ferraz também falou:
- “Com meu pelotão da morte, também vou subindo a grande serra.”
E o sargento Arlindo Rocha:
- “Ah! Tá bom! Eu hoje também quero é almoçar bala!”
Vendo Arlindo se adiantar, querendo tomar sua frente, Manuel Neto protestou:
- “Não, Arlindo. Você sabe que a vanguarda é minha e não cedo o lugar.”
Às 8 h e 45 minutos daquele 26 de novembro de 1926, ouviu-se o alto da serra pegar fogo. “Era o cabo Manuel Neto que estava de testa com o bandido Lampião”. A luta atingia grandes proporções e a força de mais de 260 homens viu-se incapaz de desalojar os bandidos. Antônio Ferreira, nesse ponto, comandava um grupo móvel que se alternava em ataques frontais e pela retaguarda. Na bocaina da serra, o tenente Higino impediu os bandidos de fecharem a entrada da garganta, evitando, assim, um verdadeiro massacre das forças que, certamente, ocorreria.
Conta João Gomes de Lira que a vanguarda seguia, tendo como rastejador o soldado Ângelo Inácio da Silva (Ângelo Caboclo). A certa altura da serra, “nas proximidades de uma aguada, quando passava encostado numa grande pedra, Ângelo foi puxado pelo braço, pelos bandidos”, sendo sangrado atrás da pedra.
Nesse local tombou Manuel Neto com as pernas varadas a bala. Lampião teria gritado:
- Perdeu a fama hoje, Cachorro Azedo!
Ali perto caiu gravemente ferido o soldado Vicente Ferreira de Lima (Vicente Grande). A pesada chuva de balas fez a força recuar, deixando no local mortos e feridos. Descendo a serra, Raimundo Barbosa Nogueira lembrou-se de que Manuel Neto ficara ferido, à mercê de Lampião. Voltou e encontrou o bravo cabo brigando e falando para Lampião e seu bando.
“Logo Raimundo viu o mosquetão de Manuel Neto silenciar. Verificou o motivo: tinha dado uma vertigem”. No momento, perdeu as esperanças de salvação do amigo. Contudo, como um verdadeiro herói, enfrentava a dura batalha. “Momentos depois Raimundo foi surpreendido com o mosquetão de Manuel Neto vomitando fogo e ele, Manuel Neto, animadamente falando para os inimigos.”
Raimundo pediu que o parente procurasse descer a serra. Ele daria cobertura. Não podendo andar, o cabo rolou de serra a baixo, encontrando-se, na descida, com os primos Antônio Capistrano e Euclides Flor que, bravamente, enfrentavam desesperadamente os bandidos. Raimundo ainda voltou ao alto da serra para ajudar Vicente Grande. Conseguiu fazer descer o soldado que, com o intestino nas mãos, conseguiu escapar.
O tiroteio continuou ensurdecedor. Os cangaceiros, em situação privilegiada, castigavam as forças, que viam seus homens tombarem. Arlindo Rocha, que queria almoçar bala, almoçou: foi gravemente atingido no rosto, tendo o maxilar quebrado.
Lampião “incentivava os companheiros, a fim de não amortecerem o fogo contra os atacantes. Os soldados, desesperados e cansados, temiam sucumbir.” As forças reconheceram o alto valor estratégico do bando.
Muitas armas ficaram no campo de luta. Cenas dramáticas se desenrolaram. O efeito psicológico do tiroteio foi tremendo. Às 17 h 45 minutos, depois de 10 horas de duro combate, o comandante, conformado com a derrota, ordenou cessar fogo e bater em retirada. Estava terminado o maior tiroteio travado contra Lampião, em Pernambuco. Onze mortos foram sepultados pelo sargento Domingos Gomes de Souza. Diversos soldados saíram gravemente feridos. Lampião, por sua vez, não perdeu nenhum homem.
De Floresta, entre muitos outros, também tomou parte nesse combate o soldado Manoel Polmata (pai de Celina, Barto e de outros e que faleceu em julho de 1983).
Marilourdes Ferraz diz que, nesse tiroteio, Antônio Ferreira teria sido atingido, vindo a falecer. Outros autores, entretanto, preferem a versão de sucesso: fora atingido por um tiro disparado por Luís Pedro, na fazenda Poço do Ferro (Floresta), quando brincava com o companheiro.
http://lampiaoaceso.blogspot.com/2010/08/coronel-manoel-de-souza-neto.html
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