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terça-feira, 27 de março de 2012

A Casa de Santinha

Por: Manoel Severo
Pawlo Cidade ao lado de Manoel Severo
A vida imita a arte! O que seria de nossas vidas sem a magia e o encantamento da arte? Quando chegamos a este mundo trazemos em nossa bagagem muitas missões. Para cumprir essas missões recebemos maravilhosos presentes que são como dons, talentos. Pawlo Cidade é uma dessas pessoas que veio ao mundo trazendo em sua bagagem o dom daqueles que fazem a diferença em tudo a que se dedicam, e o faz bem, com amor, talento e alegria. Pawlo Cidade tem o dom dos alquimistas que percebem a vida de outra forma, compreendem o mundo e vêem as coisas com outro olhar; transformam em realidade, emoções e sentimentos. Assim nasceu A Casa de Santinha, sua mais nova obra de ficção, transformando em livro o sonho de nos trazer um pouco da vida de uma das sertanejas mais conhecidas do planeta.
Quantas emoções e sentimentos pontuaram a história do casal mais famoso do cangaço. Virgulino e Maria, o Capitão e sua Santinha, o rei e a rainha do cangaço: Lampião e Maria Bonita ? “O mundo é um palco. Homens e mulheres, não mais que meros atores, entram e saem de cena e durante a sua vida não fazem mais do que desempenhar alguns papéis.” Nos diz Shakespeare. O talento de Pawlo Cidade traz para o teatro um recorte ficcional de um momento importante da vida de dois desses maravilhosos protagonistas das sagas nordestina: A morena da terra do condor, a menina moça que abandonou sua casa, sua família e seu casamento para se tornar uma das Marias mais festejadas e famosas, que enfeitiçou o  maior de todos os cangaceiros: O seu homem; Virgulino Lampião.
Por entre as linhas de Pawlo Cidade em sua A Casa de Santinha, pode-se perceber a beleza daquele sertão alegre, o cheiro do mato e da terra batida. Por traz das letras de sua obra encontramos o linguajar apaixonante do povo simples do nosso chão: Uma família, um pai, uma mãe, uma filha... Cheia de vida, de sonhos e de...beleza. Maria Gomes de Oliveira . A leitura cuidadosa, despretensiosa e mansa da obra de Pawlo Cidade, nos transporta para aqueles longínquos idos do final da década de 20 do século passado, para as terras da fazenda Malhada da Caiçara; quando reinava soberano o mito de Lampião, o capitão governador do sertão.
Pawlo Cidade nos mostra uma outra Maria, uma menina doce e sonhadora, vivendo a desilusão de um casamento infeliz e a euforia da descoberta de uma nova e misteriosa vida a partir de um grande e devastador amor, um dos maiores que o sertão já conheceu. 

Nenhuma arte é fruto do acaso, A Casa de Santinha encanta pela leveza, navegando entre a ficção e a realidade, tem como cenário principal o palco do coração de todos os apaixonados pelas coisas de nosso nordeste...E como o próprio Pawlo Cidade se apresenta: “um sonhador, escrevendo parte da história, driblando as diferenças e vivendo o presente.” Parabéns queridos leitores por terem a oportunidade de compartilhar essa maravilhosa e singela obra.
“ Dona Déa:
Salvo entrou, salvo estará. Salvo. Salvo. Salvo sempre estará (bate três vezes no peito e com o pé esquerdo) Santa Mãe de Deus e Mãe Nossa, Mãe das Dores, pelo amor do meu padrinho Ciço, li­vre Virgulino e Maria de tudo quanto for perigo e miséria. Dai paciência para sofrerem tudo pelo vosso amor e do meu padim Ciço. Minha Mãe das Dores do Juazeiro, eu trago o vosso retrato e o do meu padim dentro do meu coração. A eles nunca deixe de dar abrigo e proteção. Com o Credo em cruz, que seus corpos sejam fechados. Amém!”

Uma das passagens do personagem de Dona Déa em A Casa de Santinha.

Manoel Severo
Cariri Cangaço

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