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quinta-feira, 3 de maio de 2012

Os cangaceiros que sobraram do cangaço

Manoel Dantas Loyola - O cangaceiro Candeeiro

Eles são os últimos de um passado triste, tanto para quem foi torturado por eles, como para eles mesmo. e que nossos filhos e netos apenas conhecerão pelas aulas e pelos livros. 

O cangaceiro Candeeiro integrou a última geração de contemporâneos a Lampião e Maria Bonita. Na cabeça, hoje fraca e com algumas lacunas, memórias e reticências de um passado por vezes dificil de lembrar desses patrimônios vivos da história do Nordeste.

José Alves de Matos e João de Sousa Lima

Dos que restam, apenas Candeeiro e o cangaceiro Vinte e Cinco conviveram diretamente com Maria Bonita. O primeiro, de 90 anos, era criança quando o pai, um estabilizado fazendeiro na época, recebia o bando de Lampião com festas e banquetes. Com sorriso no rosto e boa vontade, ele conta sobre a época em que a rainha do cangaço conversava com a mãe e outras mulheres da família enquanto os homens cantavam, bebiam e dançavam. As visitas às terras da família de Arlindo Grande, na zona rural de Paulo Afonso (BA), eram frequentes.

O cangaceiro Candeeiro hoje é mais conhecido como Seu Né. Com a saúde debilitada e dificuldades de fala, ele, que tem 96 anos, lembra de quando entrou para o bando de Lampião ainda adolescente e que o apelido de "Candeeiro" lhe foi dado pelo rei do cangaço devido à energia e disposição apresentados pelo jovem cangaceiro. Ele esteve em Angicos (AL) e sobreviveu por um golpe do destino: na noite do ataque, Lampião o mandou pegar uma encomenda de armas e munições. Poucas horas depois, acontecia o cerco das volantes. Dona Aristéia não conheceu o casal mais famoso do cangaço. Fazia parte de outro bando, liderado pelo cangaceiro Moreno. Mas ela, assim como centenas de mulheres naquela época, é mais uma Maria. Aristéia Soares é uma das duas últimas cangaceiras vivas. As respostas rudes e rápidas, que num primeiro momento são vistas com antipatia, podem ser interpretadas como a resistência de lembrar as inquietações do passado.

Essas inquietações também podem ser traduzidas nas frequentes reticências nas respostas e nas falas: o cotidiano dificil, a morte da irmã mais velha (também cangaceira) e do companheiro Catingueira num confronto com volantes, a amizade com a cangaceira Durvinha, esposa do líder do grupo.

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