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quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Luto no Cangaço - Faleceu Alcino Costa


Por: João da Mata Costa

Caros amigos poetas e cangaceiros
Modifiquei um pouco o texto, fiz algumas correções e ampliei

Saudações canganceiras

João da Mata Costa

Adeus a Alcino Alves da Costa 17/06/1940 à 01/11/2012

Kiko Monteiro, Alcino Alves Costa e seu filho Rangel Alves da Costa

Na véspera do dia de finados, dia de Todos os Santos, faleceu um grande estudioso do cangaço e da cultura sertaneja.  Alcino Alves Costa - sobrinho do cangaceiro- poeta Manoel Marques da Sila, o Zabelê-, nasceu em Poço Redondo - SE, e ai viveu intensamente  como ativo protagonista e guardião de sua história contada numa dezena de livros. Filho de Ermerindo

Luitgarde Cavalcanti Barros e Antonio Vilela de Sousa

Alves da Costa e de Emeliana Marques da Costa, Alcino foi um politico que amava sua terra e costumes.  Foi prefeito por três vezes do município de Poço Branco, deixou a politica para se dedicar ao estudo do cangaço e das ricas tradições culturais de sua terra natal amada. 

Família de Alcino Alves Costa e Manoel Severo

Grande contador de causos, um caipira como gosta de ser chamado, é referencia obrigatória em se tradando de cangaço. Mesmo sendo um profundo conhecedor da saga lampiônica, não tinha a presunção daqueles que se consideram dono da verdade. Gostava de dizer, essa é a minha versão. 

Jack de Witte,...,..., Alcino e...

O seu primeiro sobre o cangaço, já em terceira edição, teve o prefácio da professora antropóloga Luitgarde Barros, que escreve: “este livro não é de ficção”, pelo contrário, o livro tem como objetivo a desmistificação de alguns detalhes envolvendo um dos fenômenos social mais estudado do Brasil, o cangaço. 

Robervânio Rubinho, Alcino Alves e Antonio Tomáz 

Alcino é um grande contador de estórias ou histórias. Seus livros são muito bem escritos e referenciados com outros escritores da mesma saga.

Aderbal, Leandro, Antonio Amaury, Paulo Britto e Alcino Alves Costa

Muitas vezes Alcino corrige informações contidas em outros livros referencia da saga do cangaço. É um escritor que escreve com paixão a dura realidade de um nordeste exsicado pelas longas secas onde sobrevivem as plantas cactáceas: xiquexique, macambira, quipá, mandacaru, cabeça –de-frade e facheiro.  

Bando de Lampião

E por que não falar da árvore sagrada do sertão, o umbuzeiro. Árvore que mata a sede, serve de sombra e de refúgio para beatos e cangaceiros.  A crueldade do bando de Lampião não é maior que a dos volantes. 

Chagas Nascimento, Alcino Costa, Manoel Severo e...

Muitas vezes existe uma migração de um lado para outro. Os nazarenos foram os grandes combatentes dos temidos cangaceiros.  Mané Neto. o temido vesgo de Nazaré – PE,  luta contra o  bandido  Sabonete. “um bandido pula para a frente dos inimigos. Está enlouquecido Com um punhal na mão, corre na direção de Mané Véio. Parece que quer sangrá-lo. 

Professor Pereira, Manoel Severo e Alcino Alves Costa

O cangaceiro está tão próximo do nazareno que este não tem dificuldade nenhuma em dar um tiro certeiro na cabeça. O assecla cai morto aos seus pés”. Morto de sede o nazareno toma a água com sangue na cabaça do “cabra”. (Fogo de Maranduba. Lampião Além da Versão PP. 168). As Nas Batalhas de Maranduba e Serra Grande os cangaceiros desafiaram seus algozes.

Kydelmir Dantas e Alcino Alves Costa

Lampião só pode surgir num sertão esquecido pelo poder, numa terra desolada e esturricada por tenebrosas secas, onde reinava os grandes latifúndios governados por coronéis. Lampião teve desavença com poucos
coronéis e a sua presença fez tremer o poder e riqueza dos senhores das terras que remonta às capitanias hereditárias.

Juliana Ischiara, Alcino Alves Costa e Paulo Medeiros Gastão

O cangaço era poder e muitos filhos de famílias entraram para esse mundo sem nenhuma motivação provocada por mortes ou vinganças.  Muitas vezes as desavenças surgiam por uma intriga,  fuxico ou delação (veja o terrível caso da morte de Zé Vaqueiro ).  Cangaceiro detesta fuxico e covardia.

Rostand Medeiros, João de Sousa Lima, Ivanildo Alves, Alcino Alves e Juliana Ischiara

Outras vezes as brigas aconteciam por vinganças entres famílias ou traição. “ O traidor sempre foi a figura mais odienta dentro do mundo caipira e do meio do cangaceiro. Para o delator não havia perdão” ( op. Cit. pp. 239).

Alcino, João de Sousa Lima, Ângelo Osmiro e Ivanildo Alves Silveira

Um homem simples apaixonado pela vida e pelas mulheres. A paixão pelo cangaço e Sergipe, só perdia para elas. Casou muitas vezes e deixou muitas viúvas. Além dos livros que conseguiu publicar, deixou outros inéditos. 

José Cícero, Alcino Alves Costa e Bosco André

No início de 2012 estivemos visitando o Alcino em sua casa em Poço Redondo. Ele se queixava de gota e andava com dificuldade, mesmo assim nos atendeu e tivemos uma bela proza coletiva onde bebíamos a largos goles tanta sabedoria feita de um longo e laborioso viver cantando e glosando as coisas do cinzento sergipano, palco da morte de Lampião na grota de Angicos. 

Alcino Alves Costa, Pedro Luiz e Drª.Francisquinha

Na ocasião da nossa visita ele me autografou vários livros de sua autoria. "Lampião além da versão - mentiras e mistérios de Angico" ( 3ª edição 2011) ,  “O Sertão de Lampião”  ( 2ª edição 2008); e “Poço Redondo, a saga de um povo” ( 2009).

A professora Ana Lúcia e Alcino Alves Costa

No prefácio ao livro lampião Além da Versão, ele repte: Estimado João da Mata, nas paginas deste livro a história de Lampião além da versão. Do amigo e autor Alcino Costa 25/01/2012.

Jairo e Alcino

Na dedicatória ao livro “O sertão de Lampião“, ele escreve: Na história brasileira a saga de Lampião tem lugar de destaque e o nosso sertão “O sertão de Lampião” o seu principal e social cenário. 

Manoel Severo e Alcino Alves Costa

Alcino Alves Costa viveu toda a sua vida num  dos principais cenários, palco da saga de Lampião.  Ouvindo pessoas  e pesquisando os  lugares e refúgios onde foram travadas as batalhas ele pode  reunir muitas histórias e versões contadas dos embates entre coroneis, volantes, coiteiros e beatos.

Danielle Esmeraldo e Alcino Alves Costa

Pode não ser a versão verdadeira, mas é uma versão que precisa ser ouvida e lida. Seus livros ficam e são imprescindíveis para quem estuda o cangaço e os costumes e cultura dos nordestinos.

Capitão Alfredo Bonessi, Ângelo Osmiro, Alcindo e Tomaz Cisne

O autor ainda escreveu um livro que ele considerava o seu melhor trabalho. “Maria do Sertão”, seu primeiro romance ficcional.

Archimedes Marques, Alcino e Elane Marques

História e Lendas do Sertão, Sertão Viola e Amor, Preces ao Velho Chico entre outros livros escritos por Alcino Costa, enriquecem a etnografia nordestina e a cultura brasileira.

Vai em paz, meu querido amigo.

Saudades

Enviado pelo poeta, escritor e pesquisador do cangaço:
Kydelmir Dantas


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