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terça-feira, 23 de abril de 2013

PREPAREM-SE PARA OLHAR PARA O CÉU, O COMETA ISON VEM AÍ!

Por: Rostand Medeiros

Quando eu era garotinho nunca me esqueci do deslumbramento que fiquei  ao escutar da minha avó paterna, a seridoense Benícia Jacob de Medeiros, o seu relato de como ela ficou maravilhada diante da passagem do Cometa Halley no ano de 1910.

Como possivelmente o Cometa ISON ficará visível em algum ponto da Terra – Fonte – http://waitingforison.wordpress.com

Ela morava em São João do Sabugi, não tinha nem dez anos de idade, mas falou como a cauda do cometa iluminava todo o céu noturno, proporcionando um espetáculo inigualável. Disse-me fascinada de como ela, junto com seus pais e irmãs ficavam admirando aquela maravilha celeste.

Nota publicada na terceira página do jornal natalense ‘A República”, 13 de abril de 1910 – Coleção do autor

São João do Sabugi nesta época era então uma pequena vila sem energia elétrica, onde as noites de lua nova eram verdadeiramente iluminadas pelos astros celestes.

Lembro-me de como eu comentava com a minha avó de que poderíamos rever o Cometa Halley em 1986, pois este astro possui a magnifica capacidade de retornar ao centro do nosso Sistema Solar a cada 76 anos.

O Cometa ISON fotografado entre 10 e 11 de abril de 2013 pelo Hubble Space Telescope

Antes de 1986 chegar a minha avó se juntou aos astros e o cometa descoberto pelo inglês Edmond Halley passou apagado e deixando desta vez um rastro de decepção entre os habitantes do planetinha azul do Sistema Solar.

Só pude ver um cometa novamente em 1997, quando o famoso Hale-Bopp passou por aqui. Quem me chamou a atenção para este astro foi o amigo Joaquim Das Virgens Neto, um quase físico e hoje geólogo do DNPM no Piauí. Fui apresentado ao cometa na cidade de Parazinho, quando lá estávamos junto com o pessoal do Projeto Trilhas Potiguares. Em algumas áreas do mundo o Hale-Bopp ocupou metade do céu com as suas duas caudas, mas por aqui era demasiado débil para ser observado sem recorrer ao auxílio de um instrumento óptico.  Em resumo, ver eu vi, mas Hale-Bopp não chamou a minha atenção!

Mas dizem que agora em 2013 a coisa vai ser diferente!

Outra possibiladade de como será a visualização deste cometa – Fonte –http://waitingforison.wordpress.com

Astrônomos da Universidade de Maryland em College Park (UMCP) e no Observatório Lowell utilizaram o satélite da NASA denominado “Swift” para verificar um cometa classificado como C/2012 S1 (ISON) e deduziram que ele pode se tornar um dos mais deslumbrantes a aparecer nos céus do nosso planeta em décadas

O cometa foi descoberto em 21 de setembro de 2012 pelos astrônomos russos Vitali Nevski e Artyom Novichonok usando um telescópio da International Scientific Optical Network- ISON (daí o nome), localizado perto Kislovodsk, na Rússia. Os russos avistaram o astro através de imagens registadas com um telescópio refletor de 40 centímetros. Imediatamente, outros observadores também o registaram. Os cientistas estimam que o núcleo possua cerca de cinco quilômetros de diâmetro, um tamanho típico de um cometa. Em janeiro de 2013, quando o cometa foi visualizado por telescópios a 604.000 mil quilômetros da Terra, seu potencial de provocar a curiosidade do habitantes deste planeta era quase nula. Neste período ISON estava na magnitude 15,7 na escala de brilho astronômico, ou cerca de 5000 vezes mais fraco que o limite da visão humana.

Mas segundo Dennis Bodewits, o principal astrônomo da UMCP, disse que “O Cometa ISON tem o potencial para ser um dos cometas mais brilhantes dos últimos 50 anos, o que nos dá uma rara oportunidade de observar suas mudanças em grande detalhe e por um longo período”, disse.

Órbita do Cometa ISON próximo ao nosso Sol – Fonte – NASA

Muitas vezes descrito como “bolas de neve sujas”, os cometas emitem gás e poeira sempre que se aventuram perto o suficiente do nosso Sol, o material então gelado transforma-se de sólido para gasoso, em um processo chamado sublimação. Jatos liberam a poeira a uma grande distância do núcleo do cometa, criando a cauda, que reflete a luz solar e cria o espetáculo. Mas isso depende de vários fatores.

Os astrônomos acreditam que este cometa está fazendo sua primeira viagem através do Sistema Solar interno. Antes de iniciar sua longa queda em direção ao Sol, o cometa residia na nuvem de cometas de Oort, uma área que se estende desde os confins do nosso sistema planetário até cerca de um terço da distância da estrela mais próxima do Sol, onde talvez existam cerca de um trilhão de corpos gelados.

Se este cometa for visualizado como está nesta projeção, será um grande espetáculo – Fonte – http://waitingforison.wordpress.com

Para os cientista pouco importa o fato de grande parte da população terráquea conseguir se deslumbrar com o espetáculo visível de um grande cometa no céu. Para eles o ISON vai dar um show de todo jeito. Milhares de instrumentos óticos vão voltar suas lentes para este vagabundo do espaço e eles vão conseguir muitas informações sobre os cometas.

Até fora da terra este vagabundo do espaço vai ser extensamente observado. A primeira de várias oportunidades vai ocorrer no dia 1 de outubro próximo, quando o cometa passar próximo a Marte. A espaçonave ESA da NASA, que está próximo ao conhecido Planeta Vermelho, vai virar seus instrumentos para o ISON. Além desta nave, o pessoal da NASA comenta que os robôs Mars Explorer e Curiosity, ambos em solo marciano, irão também virar suas lentes para observar este cometa.

Em 28 de novembro o ISON fará uma passagem em torno do Sol. Calculasse que ele vai se aproximar a no máximo 1,2 milhão de quilômetros do Astro Rei e seu material gelado vai furiosamente sublimar e liberar torrentes de poeira sob o forte calor do sol. Nesta hora todos os satélites de monitoramento do Sol vão se voltar para o ISON.

É nessa época que os cientistas acreditam que o cometa pode se tornar brilhante o suficiente para os simples terráqueos o visualizarem. Mas eles cautelosamente afirmam que isso pode ser uma conclusão precipitada. Como não é mais do que uma bola gigantesca de rocha e gelo, este cometa corre igualmente o risco de começar a desintegrar-se.

Que ISON seja muto bem vindo e nós proporcione um espetáculo como este – Fonte – http://waitingforison.wordpress.com

Se conseguir se safar deste caloroso encontro estelar, ISON vai se mover em direção a Terra. Sua maior aproximação será no dia 26 de dezembro, quando estará a mais de 64.000 mil km, ou cerca de 167 vezes mais distante do que a lua. Mesmo atrasado, se ficar visível, será um ótimo presente de Natal.

Se ISON será o “cometa do século”, ou uma nova frustração celeste, só o tempo dirá.

Mas se ele marcar sua presença de forma estupenda e maravilhosa, tal como fizeram meus antepassados a mais de 100 anos lá no Seridó, vou levar a minha filha para ver este espetáculo celeste e sei que será algo que ela nunca esquecerá.

Texto realizado a partir de dados coletados em: 
http://www.nasa.gov/asteroid
e http://waitingforison.wordpress.com

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Extraído do blog Tok de História do historiógrafo e pesquisador do cangaço: Rostand Medeiros

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