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sexta-feira, 31 de maio de 2013

O Correio do Povo - 27 de Maio de 2013

Por: Geraldo Maia do Nascimento

No dia 13 de maio de 1925, numa quarta-feira, circulou pela primeira vez nas ruas de Mossoró o jornal “Correio do Povo”, tendo como seu proprietário e diretor José Octávio e como redatores os intelectuais Jeremias Limeira e Manoel Rodrigues. A gerência estava a cargo do artista tipográfico Cícero Adeoliveira.

O jornal nasceu com a proposta de ser independente e dedicado a causa não só do município de Mossoró como também de todo Oeste potiguar, como anunciou o seu fundador logo no primeiro número. O seu slogan era: Mossoró acima de tudo. E realmente, durante o período em que circulou, agitou vários problemas ligados a comunidade mossoroense como saneamento, hospital, diocese, calçamento, arborização, costumes, estrada de ferro e principalmente o problema da energia elétrica de Mossoró.
Naquela época, Mossoró estava escravizada a um contrato leonino de 99 anos, lavrado em 1916. Segundo as palavras de José Octávio, não havia iluminação pública, e sim um simulacro, com 120 lâmpadas de 30 Watts, um motor de 40 HP a óleo cru, fornecendo energia e claridade “igual à luz dos pirilampos”. Nesse caso específico, o Correio do Povo fez uma dura campanha, através da pena flamejante de Jeremias Limeira. E em 1926, quando o Cel. Rodolfo Fernandes assumiu a Prefeitura de Mossoró, encampou para a Prefeitura à velha, inoperante e arcaica empresa de luz, passando a oferecer um serviço de qualidade muito superior. Dessa forma o município se livrou das cláusulas de um contrato que o escravizaria por 99 anos, se não fosse essa campanha encabeçada pelo jornal Correio do Povo.
               
O jornal teve, durante o tempo em que circulou, vários redatores. Até 1928, data da sua temporária e forçada suspensão, segundo o seu proprietário, “motivada por acontecimentos deploráveis de arbítrio do poder”, escreveram nessa folha semanalmente: Dr. Abel Coelho, Pe. Paulo Herôncio, Amâncio Leite, professores Manoel João e Raimundo Nonato, Tenente Luiz Cândido e outros intelectuais da época.
               
O Correio do Povo era o único jornal no Estado que mantinha oficina de fotogravura. Ilustrava suas páginas com os “clichês” dos acontecimentos sociais, políticos e esportivos, elevando o seu conceito artístico acima das folhas congêneres. Foi também o primeiro órgão que circulou como diário em Mossoró.
               
Em 1930 ressurgiu o Correio do Povo, mas com uma proposta diferente da inicial. Reabriu como órgão de apoio a Aliança Liberal, partido político apoiado pelo advogado e político potiguar Café Filho. Segundo José Octávio, o seu fundador, “o jornal defendia o programa, a ação e o seu chefe. Todas as diatribes e verrinas atiradas pelos adversários, o Correio do Povo as revidava com vigor, chegando até o debate pessoal”. Com essa postura, José Octávio perdeu velhas amizades e interesses, porque na defesa do partido que o jornal apoiava, não havia barreiras que não fossem transpostas.
              
O jornal Correio do Povo circulou até 2 de dezembro de 1934, quando fechou suas portas definitivamente.
               
José Octávio Pereira Lima, o seu fundador e diretor, nasceu na cidade paraibana de Araruna, a 8 de setembro de 1894, mas foi em Mossoró onde viveu a maior parte da sua vida, desempenhando as atividades de comerciante, dono de livraria, atelier fotográfico e jornalista combativo. Publicou o livro “Terra Nordestina, problemas, Homens e Falas”, e escreveu um trabalho em versos historiando o ataque de Lampião a Mossoró. Foi Inspetor Federal do Ensino e primeiro prefeito provisório de Mossoró, após a Revolução de 30. Governou Mossoró no período de 6 de outubro de 1930 a 17 de outubro de 1930. Foi, portanto, o chefe da edilidade mossoroenses que menos tempo permaneceu em exercício.
               
Homem idealista e cheio de entusiasmo pelos problemas mossoroenses, sendo um dos obreiros do seu progresso. Faleceu em Niterói/RJ, a 3 de abril de 1958.

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Fonte:
http://www.blogdogemaia.com/

Autor:
Jornalista Geraldo Maia do Nascimento


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