Seguidores

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Moção Restauro, Tombamento e Criação do Museu do Cangaço em Nazarezinho

Por: Wescley Rodrigues
Wescley Rodrugues, Paulo Gastão e a Professora Ana Lúcia

Cajazeiras – PB, 08 de julho de 2013.

Exmº. Sr. Prefeito Salvan Mendes, Vereadores do município de Nazarezinho e Pesquisadores do Cangaço

O cangaço foi um movimento social de extrema relevância para a história do Nordeste brasileiro, sendo um dos elementos que caracteriza a própria identidade dessa região. Ele foi um reflexo de um período da história no qual não existia justiça, políticas públicas que atendessem as necessidades básicas da população e promovessem a dignidade humana, e uma política que fosse um real reflexo da Democracia.

Dizendo isso não estamos, em nenhum momento, fazendo apologia ao banditismo e valorizando em demasia os feitos desumanos causados por esses homens e mulheres que se colocaram sob o poder das armas e varreram sete estados nordestinos. No entanto, não podemos apagar da nossa história essa memória, pois o cangaço já faz parte da nossa cultura. A história, como senhora de todos os tempos, sobrepõe-se as nossas vontades, impera independente das tentativas de apagá-la, violá-la ou aprisioná-la, por isso da importância de monumentos e livros que criem uma cultura histórica e estejam constantemente lembrando ao presente onde esta as suas raízes, promovendo uma reflexão profícua que leve o homem a entender-se como um ser social e temporal.
            
A Paraíba não esteve imune às investidas dos cangaceiros, sendo que constantemente era noticiada na imprensa da época ações  e excussões dos chamados “famigerados”. Cidades como Cajazeiras, Uiraúna, Sousa e Princesa Isabel, só para citar algumas, viram-se ameaçadas e em polvorosa para livrarem-se das pontas de punhais e rifles dos cangaceiros.
            
Em Sousa, no ano de 1924, tivemos o maior ataque cangaceiro no sertão paraibano, quando os bandos de Chico Pereira de Nazarezinho e Lampião, invadiram a cidade e promoveram horas de terror, desacatando autoridades, violando lares e lojas e impondo o seu “senso” distorcido de justiça.
            
O epicentro de elaboração desse ataque se deu em Nazarezinho, tendo a frente à figura de Chico Pereira, filho dessa terra, que enveredou no cangaço devido o assassinato do seu pai e a ineficácia e parcialidade da justiça. Entre as paredes da casa do sítio Jacu foi articulado o plano para vingar a morte do seu pai e atacar Sousa. Essa casa, que teima em enfrentar o tempo e permanece de pé é de uma importância incalculável para a História do Brasil, pois ela é um monumento inquestionável do passado, uma prova material e um espaço de memória que merece ser preservado para lembrar ao presente da força que a história do cangaço tem para o Nordeste.
            
São mais de 90 anos enfrentando as chuvas e secas, no entanto, a ação do tempo e a deterioração já são visíveis, sendo que a referida casa carece urgentemente de reparos para que não venha a ruir.
            
Como pesquisador e estudioso do cangaço peço encarecidamente que as autoridades constituídas olhem com carinho para a história, respeitem a memória do seu povo e a história brasileira e, independente de vinculação política, bandeira, e ideologia, unam-se para restaurar e tombar aquele patrimônio nacional. Não podemos deixar esse prédio ruir, pois simbolicamente isso significaria a visível degradação da história de Nazarezinho e um descaso político para com a memória do povo.
            
É importante ressaltar que cultura também é sinônimo de VOTO, pois os eleitores também gostam de cultura. O povo não só quer comida, ele também quer arte.
            
Reforço dessa maneira, o pedido para o tombamento, restauro e criação do museu/memorial do cangaço na cidade de Nazarezinho, inserindo essa cidade no circuito turístico do estado da Paraíba.

Saudações cangaceiras,

Prof. Me. Wescley Rodrigues Dutra
Pesquisar, estudioso do cangaço e conselheiro da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço (SBEC)

Enviado pelo professor e pesquisador do cangaço:
 Wescley Rodrigues Dutra

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário