Por: Francisco de Paula Melo Aguiar
"O povo
toma pileques de ilusão com futebol e carnaval. São estas as suas duas fontes
de sonho."
Carlos Drummond de Andrade
Folia é uma palavra que na língua portuguesa falada no Brasil, tem origem
na língua latina com o significado de parábola, que por sua vez deriva do grego
parabolé. Então o termo “palavra”, pode ser definida como sendo justamente um
conjunto de letras ou son de uma língua com a ideia associada ao referido
conjunto. Assim sendo, a função da palavra é nada mais nada menos, representar
partes do pensamento humano, o que vale dizer que ela constitui uma unidade da
linguagem humana, segundo Napoleão Mendes de Almeida, em sua obra: Gramática
Metódica da Língua Portuguesa, 45 ed. São Paulo: Saraiva, 2005, pág. 17. (ISBN
978-85-02-05430-1). Assim sendo, folia define em sentido lato sensu uma festa
popular com grande agitação e movimentação pública, caracterizada por dança,
música e diversão em todos os sentidos da palavra. Um exemplo típico folias é o
caso do “réveillon” no fim de cada ano, bem como o caso do “carnaval”. E o
Brasil tem o maior espetáculo da terra quando se fala de carnaval. Ninguém sabe
fazer carnaval ou festa momo do povo brasileiro, com suas escolas de sambas,
tribos indígenas, etc., todas classes sociais se encontram nesta grande festa,
tanto nos grandes, quanto nos pequenos centros, cidades, lugarejos, povoados,
vilas, arraias, etc., não precisa se preparar para dançar o carnaval como maior
expressão de liberdade do ser humano na face da terra. Não tem idade para se
brincar o carnaval. É só felicidade e nada mais durante os três dias de momo.
Qualquer tipo de música do tipo marchinha e/ou frevo, levanta multidões e até
porque “atrás do trio elétrico; só não vai quem já morreu; quem já botou pra
rachar; aprendeu, que é do outro lado; do lado de lá do lado; que é lá do lado de
lá”, e até porque “o sol é seu; o som é meu; quero morrer; quero viver; quero
viver lá”, de modo que “nem quero saber se o diabo; nasceu, foi na Bahia; foi
na Bahia; o trio elétrico; o sol rompeu; no meio-dia; no meio-dia”, segundo o
poeta e compositor Caetano Veloso. Isto é por analogia o que acontece nas
grandes e pequenas festas de mono, anualmente.
Em
Santa Rita, a festa de momo, sempre foi festejada com bailes nos principais
clubes até então existentes, como por exemplo: o Santa Rita Tênis e o Santa
Cruz. Ambos disputavam anualmente para se saber quem fazia o melhor carnal na
Rainha dos Canaviais. A criançada tinha sua festa de mono nas matinês, durante
os três dias de carnaval, em ambos os clubes já mencionados e em horários
especiais, sempre conduzidos por seus pais que aproveitavam para “esquentar” em
termos de preparação para os grandes bailes a partir das vinte e duas horas até
as primeiras horas do dia seguinte, durante os três dias de carnaval, baile de
orquestra com os melhores músicos e bateristas da Paraíba e do Brasil, a
exemplo de Zé Bornoque (músico) e de Miron (tarolista de primeira qualidade).
Isto só para relembrar um pouco do que já tivemos em nossa amada cidade de
Santa Rita.
O escritor Affonso Romano de SantAnna, menciona que “o carnaval é basicamente
um movimento diluidor da rebeldia. Disso não temos dúvida.
Os blocos de carnaval de rua eram muitos, dentre os quais se destacava o bloco
de Geraldo Jibóia, que arrastava a multidão do bairro da Santa Rita, com a
participação de todos e de todas que desejassem brincar o carnaval, cantando,
se divertindo, naquele tempo não era proibido o uso de lança perfume no Brasil
e aqui em Santa Rita, toda e qualquer criança, senhor, senhora, pessoa do povo,
exibia suas lanças perfumes, tomando seus porres dentro e fora dos clubes, no
meio da rua, o povo era feliz e não sabia. No tocante as escolas de
samba, Santa Rita tinha, por exemplo: a “Lira Vencedora”, “Os piratas de mono”,
“Sapato de pobre é tamanco”, dentre outras igualmente importantes. No tocante
as tribos indígenas, existiam muitas que agregavam pessoas de todos os níveis e
classes sociais, valendo apenas destacar a tribo indígena de Josias, de saudosa
memória e a tribo indígena de Manoel dos Índios, que com muita luta vem
mantendo até nossos dias o carnaval tradição de nossa terra, geralmente sem
apoio do poder público. Existiram também aqui na terrinha os ursos e o blocos
de homens vestidos de “donzelas”, dentre outras formas do tipo “xirumbas”,
“columbinas” e “pierrôs”. O povo era mais feliz do que hoje em nossa terra. O
fotografo Viégas, de saudosa memória, dentre outros profissionais igualmente
importantes, registrou até onde pode estas festividades dentro e fora dos
clubes de Santa Rita, que praticamente em termos sociais e culturais, o vento
levou. Inclusive o bloco de Geraldo Jibóia, que por ter sede à Desembargador
Sindulfo, próximo ao falecido baixo meretrício, o povo denominava de o “bloco
do cabaré”, sem nenhum tipo de preconceito, o bloco desfilava pelas principais
ruas e praças de Santa Rita e ainda visitava as casas das pessoas que ajudavam
o referido cidadão a organizar livremente o seu bloco carnavalesco, todos
os anos e alegria era grande. Nunca se tomou conhecimento que alguém
tivesse sido assassinado por participar do carnaval nesse e ou em outros blocos
de nossa cidade. Tudo era brincadeira e muito respeito, até porque nesse tempo
o uso de drogas ilícitas era muito menor em nosso meio. A juventude não sabia
nem o que era o cigarro de maconha, quanto mais outros tipos de drogas. E isso
é cultura popular de primeira qualidade, é a cultura nascida com o esforço do
povo. A verdadeira cultura não depende interesse político partidário. O povo
faz sua cultura da maneira que pensa fazer e faz. Sempre foi e é assim em
qualquer parte do mundo. Enfim, “lembre-se todo carnaval tem seu fim,então ame,
tenha fantasias, dance e cante... agora preste atenção. A batucada parou, tire
a fantasia”, segundo a visão de Adriano Soares, tendo em vista que alguém já
que o carnaval é a época de esquecer dos problemas, soltar a franga, beber
todas e curtir a festa...
Enviado pelo professor e pesquisador do cangaço: José Romero Araújo Cardoso
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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