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sábado, 3 de agosto de 2013

Um herói da resistência

Por: Mirabeau Waltania Barbosa Melo
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Nascido em Mossoró no dia 29 de setembro de 1891, o patriarca Mirabeau da Cunha Melo, filho de Manoel Benício de Melo e Ericina da Cunha Melo, iniciou sua vida como telegrafista concursado em 1912, em Mossoró, onde se casou em primeiras núpcias com Cândida Filgueira Mendes Melo. Como chefe da agência postal-telegráfica daquela cidade, participou ativamente da defesa contra o ataque 


do bando de Lampião em 1927, servindo ainda de elemento de ligação entre as lideranças da resistência armada e a chefia de polícia do estado, aquela época ocupada pelo seu irmão desembargador Manoel Benício Filho, que, pessoalmente recebia e transmitia mensagens diretamente do aparelho Morse (pois, como Mirabeau Melo, Benício Filho iniciara sua vida também como telegrafista).

Em 1928 transferiu-se para a cidade de Ceará-Mirim, onde exerceu a chefia da agência telegráfica, tendo ali perdido sua primeira esposa, contraindo novas núpcias com Ana Varela de Melo. Em Ceará-Mirim atuou na política integrando o partido popular liderado pelo então deputado federal José Augusto de Medeiros, elegendo-se, em memorável campanha, Prefeito do Município, cargo em que foi empossado em 1935.

Com a intentona comunista de novembro do mesmo ano, foi preso pelos revolucionários comunistas juntamente com alguns dos seus correligionários e amigos e deportado para o quartel do 21º Batalhão de Combate em Natal onde permaneceu incomunicável até a queda do movimento pelas forças legalistas. A sua gestão à frente da chefia da edilidade de Ceará-Mirim foi marcada por várias realizações de sentido social e melhoramento urbanista, destacando-se a fundação, em 1936, do Colégio Santa Águeda – de formação de professores – dirigido a seu convite, pelas irmãs da ordem Franciscana, empreendimento que prestou e continua prestando inestimáveis serviços na formação profissional de várias gerações daquele município e circunvizinhos.

Por razões de ordem pessoal renunciou, em 1937, ao restante do mandato de prefeito,  fixando-se em Natal onde reassumiu suas funções de telegrafista, aposentando-se em 1946. Marcado por uma vida intensa de trabalho, sacrifícios e renúncias pessoais de quem tem sobre os ombros numerosa família, lutou obstinadamente pelo que mais desejava: educar e encaminhar seus doze filhos para a vida, transmitindo-lhes os padrões e valores morais com que norteara a sua própria existência.

Apesar da idade avançada que alcançou (para os padrões da época), conservou-se inteiramente lúcido e consciente, aceitando heroicamente a dureza da morte com espírito verdadeiramente cristão. No dia 19 de novembro de 1979, mesmo agonizando, comunicou-se com sua mulher e todos os filhos que lhe rodeavam o leito, até perder a voz quando ainda consegue escrever sua última vontade: “sei que vou morrer, quero que me enterrem no cemitério de Lagoa Nova”. Enfrentou a morte assim, como soube enfrentar a vida, com coragem, dignidade e humildade.


Fonte: http://mirabeaumelo.wordpress.com/

Enviado pelo pesquisador José Edilson de Albuquerque Guimarães Segundo

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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