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terça-feira, 22 de outubro de 2013

Mossoró e suas Bandas de Músicas - 06 de Outubro de 2013

Por: Geraldo Maia do Nascimento


Instrumentistas se reunir para tocar em bando é uma prática antiga e corriqueira. Digo isso literalmente, pois desde a antiguidade grupos instrumentais acompanhavam as tropas em campanha para levantar-lhes o moral. A prática de grupos se apresentarem com nome de “banda”, parece ter surgido na França, mais precisamente em Paris, logo depois da queda da Bastilha (1789). Segundo os pesquisadores, era com esse termo que os parisienses se referiam aos bandos de “rapazes alegres” que se tornaram populares na região.

A banda, tal qual conhecemos hoje, teve este nome adotado na Itália. Foi dado o nome aos grupos militares compostos de instrumentos de sopro e percussão, que juntamente com a bandeira nacional, marchava à frente dos exércitos, conduzindo os mesmos ao local desejado.

Quando D. João VI chegou ao Brasil (1808), trouxe uma banda em seu séquito, o que modificou a música no Brasil. Como um país católico, ligado ao romanismo português e em pleno apogeu do Barroco, a música aqui executada era de caráter religioso como “Antífona”, “Te Deum”, “Ave Maria”, “Ladainha”, etc. Havia até, nas importantes igrejas, o “Mestre Capela”, que era uma espécie de coordenador e regente, além de compositor encarregado da música nas cerimônias religiosas.

Foi através da Igreja que a música chegou a Mossoró. Consta que o Vigário Antônio Joaquim, desejoso de ter um conjunto vocal e orquestral que o ajudasse, por ocasião das funções litúrgicas da Igreja Matriz de Santa Luzia, fez vir da Bahia o barítono João Lopes Bastos, exímio tocador de violoncelo, que também exercia, com igual êxito, a profissão de marceneiro, como nos informa a musicista D’Alva Stella Nogueira Freire em seu livro “A História da Arte Musical em Mossoró” – Coleção Mossoroense, série B, nº 40, editado em 1957 pela Editora Comercial S/A.

Ao chegar a Mossoró, João Lopes instalou-se como marceneiro na cidade, sendo ele o responsável pela confecção das portas da nossa Matriz, hoje Catedral de Santa Luzia. No mesmo período João Lopes organizou um coral masculino, que ele próprio dirigia, e que era acompanhado por seu conjunto orquestral.

Encontramos no Boletim Bibliográfico da Biblioteca Pública de Mossoró, editado em junho de 1954, referências a João Lopes: “João Lopes Bastos foi diretor de uma Banda de Música em 1859. Nessa banda Joca Soares era clarinete, Xico Lopes, clarinete, Francisco Gamelo, baixo e José Piston, piston, como informou Romão Filgueira”. Mas tudo leva a crer que essa banda referida no Boletim Bibliográfico, não passava da orquestra que ele organizou e dirigiu por muito tempo, a serviço do Vigário Antônio Joaquim.

Em 1865 por aqui chegou um pernambucano, Justino de Tal, que se instalou no Centro da Cidade com uma casa de jogos de diversão, para os quais cobrava entrada, e cuja prática era acompanhada por números musicais. Tocando alguns instrumentos de sopro, tentou organizar uma Banda de Música com os discípulos que lhe ocorriam, pela frequência dos jogos, mas essa banda teve curta duração. Ao que parece, essa foi à primeira iniciativa do gênero.

Por volta de 1870/72 José Lopes Bastos, que era filho de João Lopes Bastos, organizou sua Banda de Música, que era composta de 15 a 20 figuras. Confirma essa informação o escritor Raimundo Nonato da Silva em seu livro “A Charanga e a Fênix”. Porém, um fato curioso aconteceu envolvendo esse maestro: durante a comemoração da festa da padroeira Santa Luzia, José Lopes foi convidado para animar os festejos com sua banda. Esse, porém, cobrou a avultada soma de 600$000 por seus serviços musicais, o que não foi aceito pelo pároco, que em seguida convidou o maestro cearense João Venâncio para tal empreitada. Com este vieram os músicos João Marcolino, Clementino Ribeiro e José Augusto Nogueira, que era exímio cantor e pistonista de classe. Consta que esses, ao chegarem a Mossoró, trouxeram um hino de Santa Luzia, cuja letra foi atribuída a João Venâncio, que por muito tempo foi entoado nas procissões. Dizia a letra: “Bendita Luzia/ que no céu estais/ pondo vossos olhos/ nos tristes mortais”. Infelizmente esse hino não consta mais do livro de cânticos da festa de Santa Luzia.

Dado o êxito da festa, no tocante à perícia musical dos visitantes, o Vigário convidou o João Venâncio para vir dirigir a banda musical de Santa Luzia, que outra não era senão a de José Lopes, que muito auxiliou e estimulou o mestre cearense.

Continua... 
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Autor:
Jornalista Geraldo Maia do Nascimento

Fonte:
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