Por: Antônio Corrêa Sobrinho
Zózimo Lima - Arquivo da família
Todos os relatos históricos sobre a visita de Lampião, na noite do dia 25 de
novembro de 1929, à cidade de Capela, Sergipe, terra a 67 km da capital
Aracaju, referem-se a Zózimo Lima, como o encarregado dos Correios e Telégrafos
desta cidade e a pessoa que esteve com o famoso e temível cangaceiro Lampião.
Muitos desconhecem, porém, que este mesmo Zózimo Lima, um simples protagonista
de um grande momento do Cangaço: a marcante presença, pela vez primeira, do
bandoleiro-mor das caatingas nordestinas, à zona da mata sergipana, aos
tabuleiros da Capela, exitosa visita, pois lucrativa e conseguida sem maiores
esforços, sem derramamento de sangue, numa quase festa, numa quase apoteose -
foi um grande homem de letras, escritor e jornalista renomado.
Zózimo Lima, este mesmo homem que esteve efetivamente à mercê do instinto e da
razão do grande saqueador, que viu a sua vida sob um fio, e aquele punhal
assassino a lhe espreitar, a visitar com o bandoleiro lojas e residências da
sua própria cidade-berço, naquela inesquecível noite de novembro de 1929, além
de telegrafista concursado, era, sobretudo, um dos notáveis jornalistas
sergipanos, com vasta experiência na imprensa paulista, onde foi revisor no
“Correio Paulistano”, e repórter e colunista da “Tribuna” de Santos. Em
Uberaba, Minas Gerais, foi correspondente do citado diário santista, e escreveu
no “Jornal do Comércio” e no “A Lavoura”. Na década de 30 escreveu para o
“Diário de Noticias” e “O Imparcial”, de Salvador.
Em Aracaju, foi correspondente da “A Tarde” da Bahia, e cronista do “Correio de
Aracaju” e da “Gazeta de Sergipe”, respectivamente, de 1928 a 1974, período em
que escreveu mais de 4 mil crônicas, na sua famosa coluna “Variações em Fá
Sustenido”. Escreveu Zózimo Lima para a revista da Associação Sergipana de
imprensa e para a da Academia Sergipana de Letras, instituições em que foi
membro e a ambas presidiu. Zózimo Lima, como servidor dos Correios e
Telégrafos, foi seu presidente na década de 1960.
No final de sua brilhante carreira jornalística, em maio de 1971, foi agraciado
pela Associação Brasileira de Imprensa, com a “Medalha do Mérito Jornalístico”,
conferida a brasileiros e estrangeiros que se distinguem por méritos
jornalísticos sobremodo reconhecidos. Zózimo, que continua sendo um dos maiores
cronistas de todos os tempos da imprensa sergipana. No próximo dia 19 de
janeiro, completa 40 anos do seu falecimento, ele que nascera em 4 de abril de
1899.
Já estava por esquecer que, no dia 29 de novembro de 1929, o "Correio de
Aracaju" publicou a reportagem escrita pelo próprio Zózimo, "Lampião
em Capela, com o subtítulo - Informações interessantes colhidas pelo
correspondente do "Correio" - a atitude digna do intendente Antão
Corrêa.
- Lampião acha
que a vida do cangaço é bem divertida - outras notas. Texto referência quando
se quer dizer deste grande acontecimento que foi a ataque de Lampião a Capela,
e que Zózimo, com certa frequência em suas muitas crônicas fez registrado
aquele momento em que compartilhou experiências com o grande bandoleiro das
adustas terras nordestinas.
Ao seu filho remanescente, Zózimo Lima Filho, dedico esta lembrança.
Antônio Corrêa Sobrinho
http://lampiaoaceso.blogspot.com.br/
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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