Com relação a
esse movimento existem discordâncias entre historiadores sobre os verdadeiros
heróis e bandidos. Sabe-se que o Presidente Hermes da Fonseca insuflava as
“derrubadas” e Pernambuco como o Ceará, havia caído ou estavam prestes a isso.
O Coronel Rego Barros foi a Taperoá prometendo apoio maciço do Exército e se
forma o complot com Augusto Santa Cruz e Franklin Dantas no centro, a família
de Valdivino Lobo no Oeste e Cunha Lima no Brejo. Os últimos falharam cientes,
talvez, de que Epitácio Pessoa havia conseguido do mandatário maior a
desautorização do militar.
Em 24 de maio
de 1912, a cidade de Patos foi invadida, às 02:00 horas da tarde, por um bando
indisciplinado de 496 cabras armados, a serviço de Franklin Dantas e Augusto
Santa Cruz, adeptos da candidatura do Coronel Rego Barros ao Governo do Estado.
De todos os atos praticados pelos revolucionários paraibanos esse foi o mais
grave, uma vez que além de atacar o comércio os invasores roubaram dinheiro e
jóias. Lojas foram saqueadas, os instrumentos da banda destruídos, os fios do
telégrafo cortados. Apenas 16 soldados, comandados pelo Alferes Ramalho, se
encontravam no local, os quais fugiram amedrontados com o contingente de
malfeitores, fortemente armados.
Augusto Santa Cruz
A única reação esboçada contra
os revoltosos ocorreu na torre da Igreja da Conceição, sustentada por
Dedé César, Heráclito Porto, José Alcides Ribeiro, Chico Pintor e Manoel
Tauá. Saíram tiros, ainda, da casa do Coronel Miguel Sátyro, dados pelo
cabo José Batista, Alexandre Enéas e o sargento Quininho.
Os saques, os roubos e as
depredações ficaram a cargo do Negro Vicente, Júlio Salgado e outros. Um
dos mais prejudicados no episódio foi o comerciante José Jerônimo de
Barros Ribeiro. Algumas residências foram obrigadas a abrigar muitos dos
revolucionários e ao deixar a cidade, em 12 de junho, os cabras deram
banho em seus cavalos com perfumes importados roubados das prateleiras
dos estabelecimentos comerciais
Esse movimento provocou várias
discordâncias entre dois historiadores: Nelson Lustosa Cabral que taxou
os seus integrantes de criminosos no livro “Paisagens Sertanejas”, e
José Permínio na publicação “Retalhos do Sertão”, que através de crítica
contundente, inverteu os escritos do conterrâneo, atribuindo
assassinatos e destruições a acerto de contas em fatos paralelos: “Era
recente o crime de morte praticado por Meirinha, neto de Roldão Meira e
José Jerônimo de Barros Ribeiro, contra José Paulo, membro da família
Montenegro. Os irmãos da vítima, inconformados com o crime sem punição,
vinham no grupo e arrombaram a casa comercial do avô do assassino que
não foi executado inapelavelmente por não estar presente. Já a casa de
molhados, pertencente a Josias Álvares da Nóbrega, foi danificada pelo
seu inimigo, Joaquim Monteiro. Quanto ao estabelecimento de massas
alimentícias do seu saudoso pai, de nada me lembro; é possível tenha
razão o ilustre escritor, mesmo porque, não era brincadeira arranjar
ração para quatrocentos homens, e as bolachas do Major Xixi eram tão
gostosas...”.
Patos no
estado da Paraíba
No intensivo
tiroteio o velho Francisco Caetano amarrou um pano branco na haste do seu
guarda-sol, aberto em frente às balas, com a calma e tranquilidade que sempre
lhe fora peculiar. Desceu a Praça da Igreja Velha e foi ao encontro do
Dr.Franklin Dantas, seu amigo, que se encontrava próximo ao rio Espinharas e
intercedeu pela cidade e os rapazes cercados na torre, ainda resistindo, sendo
atendido com a ordem de cessar fogo e reconhecido como o grande herói da luta.
Dizendo-se
admirado com o comportamento ordeiro dos mais de 400 homens, sem nenhuma
disciplina militar ou qualquer preparo bélico, intitulando-os de
revolucionários ao invés de bandidos e citando entre mortos e feridos apenas um
Jerico, o escritor José Permínio Wanderley, não conseguiu esconder sua
indignação e revolta em meio ao comportamento de Nelson Lustosa Cabral, lhe
dirigindo as seguintes indagações: “Por que o memorialista, tão candente e
fantasioso na exposição dos fatos atinentes à revolta de 12, com sua dialética
possante, sua inteligência privilegiada, sua memória feliz, não profligou os
desmandos, as perseguições, o terror mesmo, implantados em nossa terra pelo
então capitão Augusto Lima e sua volante? Por ventura não se lembrou da prisão
absurda do Tenente Leôncio Wanderley, homem inofensivo, às caladas da noite, na
fazenda de seu venerando pai, só pelo crime absurdo de ser cunhado do Dr.
Franklin Dantas? E a perseguição pertinaz ao velho Miro Dantas, filho do
primeiro prefeito de Patos, homeopata caridoso e manso, culminando com o suplício
incrível de um agregado impelido a comer cigarros de fumo bruto, tudo pelo
nefando crime de ser Mira membro da família Dantas? E as surras diárias por
qualquer bagatela? E o assassinato frio, desumano, dentro da cidade, do mestre
Felinto? E a prisão e sevícias de Francisco Queiroz?”
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