Saudade da Mossoró do passado. Lá, bandido mais perigoso era “Luiz da Véia”.
Descia o Alto do Louvor para roubar toca-fitas e apanhava da mulher.
Saudade da Mossoró do passado. Lá, bandidos presos no final de semana tinham
cabeça raspada e eram fotografados usando cuecas de “copinho”, em poses
patéticas na primeira página do jornal.
Saudade da Mossoró do passado. Lá, a droga mais perigosa era maconha. O cara
ficava “lombrado”, batia carteira de algum descuidado e na sela pedia “paz e
amor” ao delegado.
Saudade da Mossoró do passado. Lá, os escassos homicídios saíam de mesas de
bebedeira, “cornagem” ou algum raro acerto de contas entre inimigos.
Saudade da Mossoró do passado. Lá, “crime hediondo” foi um homem “comer”
sexualmente uma galinha (viva) e ser fotografado com a penosa debaixo do braço,
como punição exemplar.
Saudade da Mossoró do passado. Lá o policial Netão fazia operação sozinho e
trazia preso – um, dois ou mais malandros – sem algemas, dirigindo seu buggy.
Saudade da Mossoró do passado. Lá, o delegado Clodoaldo dispersava multidão de
meninos que jogava bola na rua, rasgando à faca a pelota usada no “delito”.
Saudade da Mossoró do passado. Lá, o soldado Catôta mandava meninada escolher:
“Pra dentro ou pra fora”. Só não aceitava que ficassem em cima do muro, em
jogos oficiais de futebol dos times locais.
Saudade da Mossoró do passado. Lá, crime sexual mais comum era o doido “César
do Fusquinha” comendo qualquer Fusca que encontrasse estacionado, com
‘pirrola’ para fora, deitado sobre o capô.
Saudade da
Mossoró do passado. Lá, a quadrilha mais conhecida era a junina ou os cordões
do pastoril, reunindo amigos e famílias em festas.
Saudade da
Mossoró do passado. Lá, menor infrator éramos nós, correndo para furtar pão
“d´água” quentinho, do sexto de palha coberto com um pano, na garupa da
bicicleta do vendedor ambulante.
Saudade da Mossoró do passado. Lá, mascarado era do bem e nos encantava na TV
preto e branco, com o nome de Zorro ou outro herói vespertino.
Saudade da Mossoró do passado. Lá, ‘assalto’ era costume próprio do carnaval,
com grupos de foliões “invadindo” alegremente casas de amigos que previamente
se preparavam à chegada do cortejo.
Quero de volta minha Mossoró do passado. Acuada, intimidada, vilipendiada,
furtada, roubada, violentada e com medo de sentar à calçada.
Quero de volta minha Mossoró com a prosa na pracinha, flerte na Festa de Santa
Luzia, do futebol na rua, da janela aberta e da mercearia de “Seu Lopim” com
seus doces e ‘confeitos’.
Será que é muito querer minha Mossoró de volta? Será que vamos continuar
aceitando que ir e vir seja uma aventura, em vez de simples direito?
Saudade da Mossoró do passado.
Não quero muito. Quero de volta a minha Mossoró do passado.
Enviado pelo pesquisador do cangaço José Edilson de Albuquerque Quimarães Segundo
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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