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A geografia
humana de Mossoró ficou mais pobre com a morte de Massilon Pinheiro da Costa,
ocorrida nesta sexta-feira (21). E o JORNAL DE
FATO perdeu o seu primeiro assinante. Massilon assinou a primeira ficha de
leitores do jornal, desde 28 de agosto de 2000. Massilon era o
maçom mais velho de Mossoró, com atuação destacada. No ano
passado, quando completava 90 anos, Massilon foi premiado com artigo do
economista Elviro Rebouças, que reproduzimos agora.
Leia:
MASSILON
PINHEIRO, 90 ANOS DE UM PALADINO MAÇÔNICO
(*) Elviro
Rebouças
Estudando com
as primas da minha querida mãe Dolores, Lucy, Cecinha e Maristela, para reforço
ao exame de admissão, ao qual me submeteria e para o qual fui aprovado em
primeiro lugar no Colégio Diocesano Santa Luzia, em 1959, na casa tradicional
da família Pinheiro, na Praça Bento Praxedes, vizinho a Dr. Mozart Menescal e
Dona Araci, comecei a identificar, como irmão delas, um cidadão sisudo,
passos lentos, calmo e atencioso, falando sempre acerca do exército brasileiro e
da segunda grande guerra. Com o passar dos dias, se tornou familiar, era
Massilon Pinheiro da Costa, em 06 de setembro último 90 anos completados de
vida. Envelheceu, como sempre viveu, sério, honesto, de poucas palavras e
modesta condição financeira, sábio na maneira de fazer amigos e defender, até
intransigentemente, os seus interesses maiores, que tenho certeza são: a sua
família, o respeito aos seus concidadãos, a pátria brasileira e a maçonaria a
serviço da coletividade, nesta, diga-se, aonde já percorreu, há quase sessenta
anos de militância fiel e dedicada, a caminhada de aprendiz ao veneralato, grau
33, sempre cumprindo como seu dístico o lapidar“Igualdade, Liberdade e
Fraternidade”.
Filho de um
humilde barbeiro Idalino e da doméstica Francisca Pinheiro da Costa,
autodidata, Massilon sempre procurou os caminhos dignos da vida. Atencioso para
com os amigos e irmãos. Para ajudar ao pai no sustento da grande prole,
abandonou os estudos e foi trabalhar de linotipista em “O Nordeste”, de
propriedade do jornalista José Martins de Vasconcelos, e posteriormente em “O
Mossoroense” do jornalista Lauro da Escóssia, chegando ao “Jornal do
Oeste”, de propriedade do ex-governador Tarcísio Maia e do empresário Renato de
Araújo Costa, que circulou por vários anos em Mossoró. Matrimoniou-se com a
patuense Dona Rita Lima, construindo uma digna família de muitos filhos, dentre
os quais destaco os meus amigos Miguel Ângelo, meu contemporâneo na juventude,
saudoso e afável, falecido em junho de 2009 e Godeskardo Ciro Lima Pinheiro,
que faz muita zoada, e que já deu trabalho ao pai e hoje carece da
vigilância permanente de Jussara, porém herdeiro das qualidades
ancestrais, honesto, destemido, trabalhador e amigo de todas as horas,
paga para fazer um favor.
O fascínio de
Massilon pelas máquinas de impressão é tão grande que, no início dos anos
sessenta, deixa de ser empregado para abrir, com o seu próprio nome, uma
gráfica moderna, na Praça Getúlio Vargas, servindo a todos, durante quase 40
anos. Uma outra paixão sua é a história da segunda grande guerra mundial, à
qual serviu como combatente, travada nos campos da Europa, principalmente
na Alemanha, Itália e Reino Unido, mas com a participação decisiva dos
Estados Unidos e Rússia, e o Brasil, no governo Vargas, fazendo parte dos
aliados, sendo Natal, nossa bela capital, servindo de base aos americanos
como “trampolim da vitória” como ponto estratégico, merecendo,
inclusive, a visita do Presidente Franklin Delano Roosevelt. Hitler
foi vencido, e os aliados, desde 1945, ainda hoje comemoram o grande feito do
banimento do nazifacismo no mundo livre.
Massilon,
cultor da irmandade Rosacruz, é detentor de vastos conhecimentos literários.
Hoje, nonagenário, se espreguiçando em casa, na Rua Jerônimo Rosado, no centro,
aclamado como maçom exemplo de Mossoró, ao lado de tantos outros valorosos
cidadãos da causa, que eu os evoco agora todos no nome do grão mestre
José de Anchieta Fernandes (VOLCAR). O nosso homenageado está lúcido e
fagueiro, é um leitor contumaz, de Joseph Goebbels a Machado de Assis, sendo
membro titular da Academia de Letras, Ciências e Artes Maçônicas do Brasil,
dando o seu modelo aos mais novos, sendo sua longevidade o grande exemplo de
sua pregação. Amigo não é aquele que te faz sorrir com uma mentira e sim aquele
que te faz chorar com uma verdade. Massilon Pinheiro da Costa, filho, irmão,
esposo, pai, avô, bisavô, linotipista gráfico, maçom, pobre, honesto e justo
sempre foi uma verdade. UMA VIDA QUE VALE PARA TODOS.
(*) Elviro
Rebouças é economista e empresário
Enviado pelo
pesquisador José Edilson de Albuquerque Guimarães Segondo
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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