Por: Luiz Ruben
Nely Conceição
e Luiz Ruben
Aos amigos
pesquisadores do cangaço: Quem era o cangaceiro “NÃO CONHECIDO”? Ainda
nos documentos citados no artigo anterior, na continuação das minhas pesquisas
para meu mais recente livro “O Fim do Cangaço: As Entregas, encontrei mais
um documento que talvez esclareça o nome de guerra do cangaceiro Luiz de
Thereza desta vez no Jornal Gazeta de Alagoas em 1 de novembro de 1938, numa
entrevista com o cangaceiro Cobra Verde.
Segue a
transcrição de parte do jornal com a entrevista de Cobra Verde e em anexo o
fac-símile do citado jornal, uma foto do cangaceiro Cobra Verde e algumas observações
sobre o fato.
TRANSCRIÇÃO
DE PARTE DO JORNAL
Gazeta de
Alagoas, 1 de novembro de 1938
FALA-NOS COBRA
VERDE
Como se sabe
três dos sete bandidos capturados em poço Redondo, os denominados, Vila Nova,
Santa Cruz e Cobra Verde achavam-se com Lampião no valhacouto de Angico, quando
as forças comandadas pelo 1º tenente, hoje capitão João Bezerra o atacou. Cobra
Verde saía muito cedo pra comprar leite numa vacaria cita em Cajueiro, distante
meia légua de Angico. De volta, ouviu os tiros e desconfiou do que acontecia. Então
se aproximou cauteloso, subindo a uma elevação, de onde viu, ao longe, o
combate. Não quis mais saber de nada e abalou no mundo.
OS BANDIDOS
QUE SE ENCONTRAVAM EM ANGICO.
Foi Cobra
Verde que nos forneceu a relação completa dos celerados que se achavam em
Angico, no momento da refrega, ao todo 42 homens e 7 mulheres. Lá estavam
Lampeão e os seus sequazes habituais, que nunca dele se afastavam,
Quinta-Feira, Elétrico, Laranjeira, Candieiro, Alecrim, Vila Nova, Quixabeira,
Chá Preto e Menino, sobrinho de Lampeão, de 16 anos.
Estavam também
os seguintes grupos: o de Luiz Pedro constituído por Moeda, Vinte e Cinco,
Cobra Verde, Amoroso, Cruzeiro e Azulão; o de José Sereno, formado por
Cajazeira, Marinheiro, Pernambucano e Ponto Fino; o de Balão por Bom Deveras,
Mergulhão, Macela e Besouro; o de Criança por Santa Cruz, Colchete, Cuidado; o
de Jurity, por Penedo, Borboleta e Mangueira; o de Diferente por Velvel e
Beija-Flor; e mais Zabelê, Lavandeira, Pitombeira e Delicado, que costumavam
andar sós. As mulheres eram Maria Bonita, amante de Lampeão, Enedina, de
Cajazeira, Maria, de Jurity, Bastiana de Moita Braba, Sila, de José Sereno,
Dulce, de Criança e Dina, de Delicado.
Cobra
Verde
O único
cangaceiro relacionado por Cobra Verde que nos parece novidade é o Velvel,
(escrito dessa forma no jornal). Este cangaceiro nunca foi mencionado em
outras fontes, por isso, me parece plausível que o Luiz de Thereza divulgado na
matéria do Jornal de Alagoas do dia 9 de novembro de 1938 com a manchete: Quem
era o bandido que não foi identificado no sucesso de Angico, compartilhado por
mim a todos os pesquisadores, possa ser esse cangaceiro aqui relacionado por
Cobra Verde.
Alerto que a
lista dos grupos feita por Cobra Verde pode gerar algumas divergências aos
pesquisadores mais atentos.
Cobra Verde,
diferente de outros cangaceiros sobreviventes a Angico e que vieram a declarar
décadas depois, com divergências, os cangaceiros participantes do evento, não
conseguiram fazer uma listagem numerosa. Cobra verde, entretanto, dá essa
declaração onde relaciona um maior número de cangaceiros, apenas três meses
depois dos fatos de Angico, que culmina com a morte de Lampeão.
Maurício
Ettinger identificou o “Não Conhecido” (assim denominado na lista de
identificação das cabeças dos cangaceiros na foto da escadaria de Piranhas),
como sendo Luiz de Thereza. Será o Velvel o nome de guerra de Luiz de
Thereza? Fica aí uma pista, para ser ou não confirmada! Espero que ao
compartilhar essas “descobertas” esteja contribuindo para o fim de mais um
mistério na história do cangaço.
Saudações
cangaceiras
Luiz Ruben F.
de A. Bonfim
Economista,
Turismólogo, Pesquisador de Cangaço e Ferrovias.
http://cariricangaco.blogspot.com.br/
http://blogdomendesemendesa.blogsapot.com
Muito bem pesquisador Luis Ruben, creio que alguém irá confirmar o apelido do DESCONHECIDO.
ResponderExcluirPara você Mendes, saúde e paz e
veja se você já pode ir ao seu e-mail, para verificar se eu consegui passar corretamente um e-mail (dias antes) com um texto que complementa um outro que você já havia postado.
Antonio Oliveira