Rangel Alves da Costa*
A
administração de um município ou cidade abrange todos os setores da vida urbana
e periférica, buscando sempre resolver os problemas surgidos nos mais
diferentes lugares e objetivando transformar positivamente a sua feição. E isto
em nome da qualidade de vida da população e do desenvolvimento da própria
cidade e arredores. Nasce de um plano de governo que se colocado em prática com
eficiência e continuidade terá por consequência o progresso conjunto.
O trabalho
eficiente de um administrador de capital, por exemplo, exige uma percepção da
cidade tanto partindo da periferia para o centro como deste em direção às áreas
mais carentes e estruturalmente problemáticas. É a visão conjunta e a ação
perante o todo, ainda que a partir de obras específicas, que vão transformando
a feição da cidade e fazendo reconhecida a atuação do administrador. Contudo,
quando problemas de fácil resolução são simplesmente ignorados ou tratados com
persistente cegueira, logo será reconhecido o total descompromisso com a
cidade.
Ademais, como
uma metástase que vai surgindo de um pequeno problema não resolvido e depois se
alastra irremediavelmente pelo corpo inteiro, a cidade também vai se
enfermizando e deteriorando cada vez mais quando sintomas de má administração
são detectados e não resolvidos. E o mais grave é que o descaso com problemas
tidos como de fácil resolução por qualquer administração responsável acaba se
tornando o diagnóstico exato da feição deplorável de toda a cidade.
E assim porque
quem não tem capacidade, não quer ou não está nem aí para resolver um pequeno
problema surgido num determinado ponto do lugar que administra, também se
mostra sem compromisso algum com a resolução de problemas maiores. Ora, quando
a administração municipal conhece os locais onde os pequenos problemas ocorrem,
é alertada e cobrada pela população, e nada faz para resolver uma coisa
simples, pequena, de modo fácil e rápido, logo testemunha a sua ineficiência
como um todo. E assim porque o que é pequeno e não resolvido se torna na
metástase, na proliferação do caos administrativo.
Em Aracaju, os
exemplos são muitos neste sentido, mas um especialmente impressiona pela forma
como contradiz os discursos de cidade limpa, atraente, urbanisticamente
organizada e com eficiente serviço de limpeza urbana, sem esquecer a tão
propalada qualidade de vida. O problema todo reside num lixão que todo santo
dia, chovendo ou fazendo sol, surge tomando toda a calçada de uma das
principais ruas do centro da cidade, que é a Rua Santo Amaro, no trecho entre
as ruas Geru e São Cristovão.
Quem desejar
comprovar basta que após as duas horas da tarde se dirija até aquela rua e
tente passar pela calçada na altura do número 311. Talvez não consiga e tenha
que dividir a rua com os veículos em alta velocidade. Assim acontece porque ali
funciona um restaurante que após o almoço fecha as portas e coloca todo o lixo
em cima da calçada. E não é pouco resíduo não, pois são sacolões imensos,
sacos, caixas e toda uma parafernália cheia de restos de tudo, desde cascas de
verduras a restos de comida. O lixo é em quantidade tão grande que vai tomando
toda a calçada, impedindo que as pessoas caminhem por ali. E não raro que as
bolsas estourem e uma lama aquosa e putrefata vá se acumulando ao redor.
Tal fato
ocorre todos os dias, e desde muito tempo, sempre a partir das duas horas da
tarde, sempre no mesmo lugar, causando os mesmos transtornos para pedestres, as
lojas ali instaladas e comerciários, e nenhuma providência jamais foi tomada
pelo órgão municipal de limpeza urbana, que é a EMSURB. Mas não por falta de
provocação nem de pedido para a tomada de providências. Há uns três meses este
articulista enviou dois comunicados via e-mail para o órgão, sendo um deles
respondido pela chefia de gabinete da presidência. E esta comunicou que estaria
repassando o relato para seu superior, porém até hoje nada foi feito para
resolver o problema daquele lixão.
Mas o problema
não se resume apenas ao lixo em grande quantidade que todos os dias é
indevidamente colocado naquela calçada. Por si só já é inaceitável o fato de as
pessoas não poderem passar por um local que todas as tardes é tomado por
detritos e imundícies, e por terem de caminhar ao lado de líquidos malcheirosos
escorrendo dos sacolões. O problema maior está no fato que é inadmissível que
tal absurdo esteja ocorrendo, e desde muito, numa das principais ruas do centro
comercial da cidade.
Não se trata,
pois, de fato que ocorra apenas uma vez ou outra, mas todos os dias e a partir
do mesmo horário. Do mesmo modo, a EMSURB jamais pode alegar que não tem
conhecimento desse lixão urbano. Ademais, nem precisaria ter sido informada por
este articulista, vez que é também de sua competência tomar conhecimento e
fiscalizar tais ocorrências. Mas se nada faz, se não notifica o responsável
pelo local para que imediatamente providencie outra destinação aos seus
resíduos, apenas demonstra o descaso com a limpeza urbana, a feição da cidade e
o respeito a todos os aracajuanos e visitantes.
Como
demonstrado, a partir do que ocorre numa simples calçada da cidade pode ser
visualizada a feição geral de uma administração municipal. Quando um problema
pequeno não é resolvido, então não se imagine que grandes soluções urbanísticas
virão. É o velho ditado: pelo pó acumulado se conhece o cuidado do dono da
casa.
Poeta e
cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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