Por Clerisvaldo B.
Chagas, 14 de outubro de 2014 - Crônica Nº
1.280
Tirando a
banda podre do monstro Lampião, encontram-se méritos inquestionáveis nas
estratégias guerrilheiras a que se dedicou. Vivia, entretanto, o bandido no
perde-ganha. Suas técnicas de esconde-esconde quase sempre eram descobertas por
exímios rastejadores filhos do mesmo mato e das agruras sertanejas. São várias
modalidades de ataques, retiradas e demais estratagemas urdidos e amplamente
divulgados.
A última
estratégia de Virgolino foi também a sua última viagem, definida com a
impressionante pena do padre Frederico Bezerra Maciel. Era o dia 20 de julho de
1938, quando o bandoleiro resolveu dirigir-se à fazenda Angicos, na beira do
São Francisco, lado sergipano. Ali havia uma grota que serviria de esconderijo,
além de estar situada em terras de coiteiros da sua confiança. Lampião
estava no lado alagoano, afastado do rio na fazenda e serra São Francisco. Caso
saísse para a fazenda Angicos com fácil chegada pela frente, poderia ser visto
por espiões e delatores. Procurou, então, atingir o mesmo ponto, em longo
rodeio, com entrada pelos fundos.
Assim,
descendo a serra São Francisco diretamente para o rio, foi cruzando as
fazendas: Conceição, Bom Jardim, Bela Vista, Bardão até chegar diante do Rio da
Unidade Nacional no lugar chamado Bonito, muito abaixo do povoado Entremontes,
já à tardinha, onde foi bem recebido.
Ao anoitecer,
entre frio intenso e chuva, Virgolino atravessa para Sergipe, direto, e aporta
no lugar Capoeira Nova. Dali vai subindo, margeando e se afastando do Velho
Chico passando pelas fazendas: Macaba, Bebedouro, São João, Jacaré, Cajueiro,
Lajeiro, Paraíso e Logradouro. Em Logradouro é acolhido, devidamente alimentado
e agasalhado pelo coiteiro da fazenda, volta à direita em direção ao rio e
entra na fazenda Angicos, pelos fundos, indo a procura da grota onde chega ao
amanhecer e faz seu acampamento. Quem navegasse pelo rio São Francisco, não o
avistaria, pois, estava por trás de dois morros, dentro de um riacho seco, cuja
curvatura impedia a visão dos curiosos. Dia 21 de julho de 1938.
CROQUI DO
ESCRITOR FREDERICO MACIEL, ADAPTADO.
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Como ninguém
está em lugar seguro quando a morte o procura, Lampião desencarnou sete dias
depois.
* Na próxima
sexta, leia aqui sobre a estratégia das volantes.
CLERISVALDO B.
CHAGAS – AUTOBIOGRAFIA
ROMANCISTA –
CRONISTA – HISTORIADOR - POETA
Clerisvaldo
Braga das Chagas nasceu no dia 2 de dezembro de 1946, à Rua Benedito Melo ( Rua
Nova) s/n, em Santana do Ipanema, Alagoas. Logo cedo se mudou para a Rua do
Sebo (depois Cleto Campelo) e atual Antonio Tavares, nº 238, onde passou toda a
sua vida de solteiro. Filho do comerciante Manoel Celestino das Chagas e da professora
Helena Braga das Chagas, foi o segundo de uma plêiade de mais nove irmãos (eram
cinco homens e cinco mulheres). Clerisvaldo fez o Fundamental menor (antigo
Primário), no Grupo Escolar Padre Francisco Correia e, o Fundamental maior
(antigo Ginasial), no Ginásio Santana, encerrando essa fase em
1966.Prosseguindo seus estudos, Chagas mudou-se para Maceió onde estudou o
Curso Médio, então, Científico, no Colégio Guido de Fontgalland, terminando os
dois últimos anos no Colégio Moreira e Silva, ambos no Farol Concluído o Curso
Médio, Clerisvaldo retornou a Santana do Ipanema e foi tentar a vida na capital
paulista. Retornou novamente a sua terra onde foi pesquisador do IBGE –
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Casou em 30 de março de 1974 com
a professora Irene Ferreira da Costa, tendo nascido dessa união, duas filhas:
Clerine e Clerise. Chagas iniciou o curso de Geografia na Faculdade de Formação
de Professores de Arapiraca e concluiu sua Licenciatura Plena na AESA -
Faculdade de Formação de Professores de Arcoverde, em Pernambuco (1991). Fez
Especialização em Geo-História pelo CESMAC – Centro de Estudos Superiores de
Maceió (2003). Nesse período de estudos, além do IBGE, lecionou Ciências e
Geografia no Ginásio Santana, Colégio Santo Tomaz de Aquino e Colégio Instituto
Sagrada Família. Aprovado em 1º lugar em concurso público, deixou o IBGE e
passou a lecionar no, então, Colégio Estadual Deraldo Campos (atual Escola
Estadual Prof. Mileno Ferreira da Silva). Clerisvaldo ainda voltou a ser aprovado
também em mais dois concursos públicos em 1º e 2º lugares. Lecionou em várias
escolas tendo a Geografia como base. Também ensinou História, Sociologia,
Filosofia, Biologia, Arte e Ciências. Contribuiu com o seu saber em vários
outros estabelecimentos de ensino, além dos mencionados acima como as escolas:
Ormindo Barros, Lions, Aloísio Ernande Brandão, Helena Braga das Chagas, São
Cristóvão e Ismael Fernandes de Oliveira. Na cidade de Ouro Branco lecionou na
Escola Rui Palmeira — onde foi vice-diretor e membro fundador — e ainda na
cidade de Olho d’Água das Flores, no Colégio Mestre e Rei.
Sua
vida social tem sido intensa e fecunda. Foi membro fundador do 4º teatro
de Santana (Teatro de Amadores Augusto Almeida); membro fundador de escolas em
Santana, Carneiros, Dois Riachos e Ouro Branco. Foi cronista da Rádio Correio
do Sertão (Crônica do Meio-Dia); Venerável por duas vezes da Loja Maçônica Amor
à Verdade; 1º presidente regional do SINTEAL (antiga APAL), núcleo da região de
Santana; membro fundador da ACALA - Academia Arapiraquense de Letras e Artes;
criador do programa na Rádio Cidade: Santana, Terra da Gente; redator do diário Jornal
do Sertão (encarte do Jornal de Alagoas); 1º diretor eleito da Escola Estadual
Prof. Mileno Ferreira da Silva; membro fundador da Academia Interiorana de
Letras de Alagoas – ACILAL.
Em sua trajetória, Clerisvaldo Braga das Chagas, adotou o nome artístico Clerisvaldo B. Chagas, em homenagem ao escritor de Palmeira dos Índios, Alagoas, Luís B. Torres, o primeiro escritor a reconhecer o seu trabalho. Pela ordem, são obras do autor que se caracteriza como romancista: Ribeira do Panema (romance - 1977); Geografia de Santana do Ipanema (didático – 1978); Carnaval do Lobisomem (conto – 1979); Defunto Perfumado (romance – 1982); O Coice do Bode (humor maçônico – 1983); Floro Novais, Herói ou Bandido? (documentário romanceado – 1985); A Igrejinha das Tocaias (episódio histórico em versos – 1992); Sertão Brabo CD (10 poemas engraçados).
Até setembro de 2009, o autor tentava publicar as seguintes obras inéditas: Ipanema, um Rio Macho (paradidático); Deuses de Mandacaru (romance); Fazenda Lajeado (romance); O Boi, a Bota e a Batina, História Completa de Santana do Ipanema(história); Colibris do Camoxinga - poesia selvagem (poesia).
Atualmente
(2009), o escritor romancista Clerisvaldo B. Chagas também escreve crônicas
diariamente para o seu Blog no portal sertanejo Santana Oxente,
onde estão detalhes biográficos e apresentações do seu trabalho.
(Clerisvaldo
B. Chagas – Autobiografia)
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com.br/2008/08/bibliografia.html
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Venho acompanhando a leitura de textos do escritor Frederico Maciel, e vejo que são excelentes obras.
ResponderExcluirAntonio Oliveira - Serrinha