Por Sálvio Siqueira
A vida,
podendo-se chamar de ‘vida’, de um ‘cabra’ quando entrava no cangaço estava
perdida. Perdida por saber que seu fim estava próximo e de maneira trágica. A
partir daquele momento o que mais surgia em sua frente era vingança,
depredações, torturas, saques, assaltos, fugas, emboscadas, traições... em
fim...mortes. Total violência.
Até o início de 1929, não há registro que alguma mulher tenha feito parte dos bandos de cangaceiros nos sertões nordestinos. Mas, como diz o grande pesquisador/historiador Antônio Amaury, em seu livro ‘De Virgolino a Lampião, 2ª edição revisada, pg 224,”(...) todo homem carrega, dentro de si, a necessidade de afeto e carinho, por mais rude e violento que seja(...)”. Surgiu diante do intrépido bandoleiro a doçura, beleza e o fascinante corpo da pequenina grande mulata, Maria Gomes de Oliveira, encantando por deveras o malvado cangaceiro.
Filha de José Gomes de Oliveira e de Dona Maria Joaquina Conceição Oliveira, residentes na Fazenda Malhada de Caiçara, município de Santa Brígida- BA, hoje fazendo parte do município de Paulo Afonso- BA. O senhor José Gomes era conhecido na região por Zé Felipe e por Dona Déa, sua mãe, Maria Joaquina.
Maria Gomes de Oliveira, conhecida nas redondezas por Maria de Déa,”(...)Era
uma jovem de dezoito anos, morena, de cabelos pretos e olhos azuis e de
estatura mediana(...)”, (pg 225,Ob. Ct.). Na ocasião encontrava-se em casa de
seus pais por estar separada, temporariamente, do seu esposo José Miguel da
Silva, conhecido por Zé de Nenê. Várias ‘separações’ já haviam acontecido
anteriormente por ciúmes, maus tratos,... etc..
Sendo a segunda vez que Lampião visita a fazenda, é exatamente nesta que lhe apresentam Maria. Aconteceu algo diferente dentro do coração de pedra do ‘Rei Vesgo’. Dando sequência a uma prosa, notou que o coração dela também estava balançado, pois era bom observador, e, eram estes os sinais que seus olhos, os dela, transmitiam. Para ter o ‘pé’ de voltar a vê-la, Lampião encomenda quinze lenços para Maria bordar. Chegando após o trato feito, para pegar os lenços, Virgolino e Maria, notaram estarem apaixonados. Estes encontros entre os dois foram relatados por suas irmãs,”(...)relacionamento entre os dois foi contada e confirmada pelas irmãs de Maria, chamadas Antônia Oliveira, Olindina Oliveira Santos, conhecida como Dorzinha, e Amália Oliveira Silva, a Dondon(...)”.(Pg 226 da ob. Ct.).
As visitas ficaram constantes. Há isso, trouxeram vários aborrecimentos a família de Maria, pois quase sempre passavam por algum ‘arrocho’ de volantes em perseguição ao bandoleiro. Não conseguindo pedir que Lampião deixasse de visitar sua casa, nem tinha como, foi necessário os pais de Maria mudarem de lugar.
Então... Maria toma a decisão de deixar todos e seguir seu ‘amor’. Virgolino manda um bilhete contando a decisão de sua amada ao seu marido. Percebendo a decisão dela, sua ex- cunhada Mariquinha, corre para junto de Ângelo Roque, o cangaceiro Labareda, e seguem o mesmo caminho. Foram viver sua paixão ardente, nas acidentadas veredas dos vales sertanejos.
Fonte: facebook
Página: Sálvio Siqueira – O cangaço
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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