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sábado, 4 de outubro de 2014

Pequeno ABC do Cangaço


Acampamento

Em tempos de calmaria, os cangaceiros jogavam cartas, bebiam, promoviam lutas de homens e de cachorros, faziam versos, cantavam, tocavam e organizavam bailes. Para essas ocasiões se perfumavam muito. Lampião tinha preferência pela fragrância francesa Fleur d'Amour.

Almocreves

Transportavam bagagens, alimentos e bens materiais pelos sertões, no lombo de burros. Na sua adolescência, Lampião havia exercido este ofício, o que contribuiu para que conhecesse bem a região onde depois palmilhou como líder dos cangaceiros.

Armas

Os cangaceiros mantinham seus rifles ensebados em ocos de pau, para evitar o "bicho próprio da madeira". O Winchester (modelo 1873, calibre 44, cano octogonal), conhecido com rifle papo-amarelo, foi a arma usada até 1926. O fuzil Mauser (modelo 1908, calibre 7x57) passou a ser a arma do bando de Lampião após a ida a Juazeiro do Norte. Os punhais tinham lâminas que mediam aproximadamente 67cm e o cabo, 15cm.

Coronel

Chefe político local, dono de grandes extensões de terra. Suas relações com os cangaceiros dependiam do interesse do momento.

Coiteiro

Indivíduo que fornecia proteção aos cangaceiros. Arrumava alimentos, fornecia abrigo e informações. O nome vem de coito, que significa abrigo. Religiosos, políticos e até interventores ajudaram Lampião.

Dinheiro

Em 1930, o governo baiano chegou a oferecer 50 contos de réis pela captura de Lampião. Era dinheiro suficiente para se comprar, na época, seis carros de luxo.

Equipamento

Em 1929, na cidade de Capela, Sergipe, Lampião pesou sua carga. Sem as armas e com os depósitos de água vazios, chegou a 29 quilos.

Ferimentos

Lampião levou sete tiros e perdeu o olho direito, mas acreditava que tinha o corpo fechado. Em 1921, foi ferido à bala no ombro e na virilha, no município de Conceição do Piancó-PB. Em 1922, atingido na cabeça. Em 1924, baleado no dorso do pé direito, em Serra do Catolé (Belmonte-PE). Em 1926, ferimento leve à bala, na omoplata, em Itacuruba, em Floresta-PE. Em 1930, atingido levemente no quadril, em Pinhão, município deItabaiana-SE.

Gravidez

As crianças não eram amamentadas pelas mães naturais, mas deixadas com amigos de confiança em coitos seguros. Para o nascimento, o bando reforçava a segurança do bando em um lugar fora da rota das volantes, mas próximo a uma parteira de confiança.

Maldade

Lampião tornou-se um "expert" em "sangrar" pessoas, enfiando-lhes longo punhal corpo adentro entre a clavícula e o pescoço. Consentiu que homens como José Baiano marcassem rostos de mulheres com ferro quente. Arrancou olhos, cortou orelhas e línguas. Castrou um homem dizendo que ele precisava engordar.

A assepsia, nesses casos, era a mesma aplicada aos animais: cinza, sal e pimenta.

Medicina 1

No ferimento à bala, aguardente, água oxigenada e pimenta malagueta seca eram introduzidas através do orifício de entrada. A farinha, além de alimento indispensável, era utilizada como emplastro, no tratamento dos abcessos. O fumo em pó era utilizado sobre feridas abertas, com objetivo de evitar infecções secundárias e ovo posição de moscas varejeiras. Lampião levava em um de seus bornais uma botica improvisada com tintura de iodo, pó de Joannes, água forte, pomada de São Lázaro, linha e agulha, algodão, um estojo de perfumes com brilhantina, óleo extratos e essências baratas.

Medicina 2

O juá e a arnica eram elementos fundamentais para tratamento de feridas por tiros. O emprego das cascas de jenipapo nas luxações, fraturas e contusões era uma prática comum. Em traumatismo ocasionado por coice de burro usavam um emplasto de mastruço, carvão moído e esterco de animal. O chá de quixabeira também era recomendado para cicatrização.

Modernidade

Preocupado com falsificação de correspondência, Lampião mandou fazer cartões de visita com sua foto. Ele também mandava cartas em papéis que tinham seu nome datilografado. E usava garrafa térmica e capa de chuva, presentes dos coronéis que lhe apoiavam.

Misticismo

Meizinhas, amuletos e rezas eram utilizados para "fechar o corpo" contra os inimigos ou para espantar cobras e animais peçonhentos. Mulher menstruada era impedida de entrar nos quartos dos feridos de guerra, "para não arruinar a ferida". Em lesões graves, o doente devia evitar "pisar em rastro de corno".

Mulheres

Até 1930 não existiam mulheres no cangaço. Lampião passou a integrá-las em seus bandos depois de conhecer e se apaixonar por Maria Bonita. Elas não cozinhavam e nem faziam outras tarefas rotineiras nos acampamentos, atribuições para homens. Também não participavam efetivamente dos combates, com exceção de Dadá, esposa de Corisco.

Religiosidade

Supersticioso, Lampião andava com amuletos, livros de orações e fotos do Padre Cícero na roupa. Nos acampamentos, ele era encarregado da leitura do "ofício", espécie de missa. Em várias das cidades que invadiu chegou a ir à igreja, onde deixava donativos fartos, exceto para São Benedito. "Onde já se viu negro ser santo?", dizia, não escondendo o seu racismo.

Volantes

As forças policiais oficiais, que também agregavam civis contratados pelo governo para perseguir os cangaceiros.

Fontes: www.pernambuco.com
http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/cangaco/cangaco.php

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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