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quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Uma visão sobre Virgolino Ferreira da Silva: O capitão Lampião.

Por Arthur Antunes Cruz Vasconcelos*

No inicio do século XX, o Brasil vivia o inicio de sua modernização político-econômica. Os estados sulistas se deleitavam nos avanços que chegavam a seus cidadãos, num período que estabelece uma enormidade de fatores positivos para construção das potências econômicas da atual República centrada no eixo sudeste-sul. Já no Nordeste do país a situação era completamente inversa; as mesmas tendências que insistiam em ser incorporadas no sudeste do país não chegariam devidamente à outra ponta do mapa.

A partir desses princípios movimentos populares de pequeno porte vão surgindo no Nordeste brasileiro, dentre estes podemos elevar um dos principais que sem dúvida seria o cangaço, que ganhou nome com a figura de Virgolino Ferreira da Silva, o lampião; o eterno “rei do Cangaço”.

O cangaço surgiu em meio à seca, em meio ao sofrimento onde segundo alguns estudiosos o movimento seguiria nos problemas da pobreza do povo nordestino, cercados de injustiças causadas pelos coronéis grandes detentores da maioria das terras do sertão brasileiro e da carência de seu povo sofrido por melhores condições de vida.

Virgolino Ferreira da Silva nascera em 1898 no município de Vila Bela, atual Serra Talhada no alto sertão Pernambucano. Filho de José Ferreira da Silva e Maria Lopes desde cedo teve nos pais seu principal ponto de apoio em termos de educação e honestidade. Inicia sua vida trabalhando para o próprio pai como almocreve, profissão que consistia em levar mercadorias pelo nordeste afora nos lombos de burros e cavalos para abastecimento de mercados de toda a região.

O garoto franzino se tornaria um dos personagens mais conhecidos do lendário imaginário nordestino quando entrou para o cangaço em 1918 e em (1922), substitui Sinhô Pereira, outro grande personagem que se afasta da ocupação de cangaceiro por motivos de saúde, deixando o comando nas mãos de Lampião. Antes de atuar diretamente no movimento, Virgolino e sua família sofreriam com o abuso de autoridade de proprietários de grandes fazendas do interior Pernambucano, o que tornaria o antes educado garoto em um justiceiro que até hoje é lembrado tanto pelos crimes quanto pelos atos de bravura cometidos pelo sertão nordestino.

Iniciaria sua intrínseca sede de vingança procurando vingar a morte do pai, emboscado e morto por homens da família dos Saturninos, levando consigo alguns de seus irmãos na busca de justiça. Sua jornada de cangaceiro seguiria além das fronteiras de Pernambuco, seu grupo atuaria por vários outros estados do Nordeste brasileiro, com saques, mortes e alguns outros relatos que são narrados nos diversos autores que estudam o tema sendo estes atos parte do dia-a-dia destes homens.

Virgolino sempre fora um jovem esperto, tinha medo da morte, usava dos punhais e colheres de prata para identificar se a alimentação estava com substâncias de cunho duvidoso; seus conhecimentos sobre a caatinga o fizeram um grande estrategista nas emboscadas feitas em defesa contra a ação das volantes das quais chamava seus componentes de macacos; este fator ligado às estratégias de combate faria com que fosse caçado em um período de vinte anos sem sucesso, vindo a ser pego somente em 1938 no estado de Sergipe.

Pouco se sabia da vida de Lampião, muitos diziam que era um ser tranquilo, que fazia o certo pelo certo, gostava do comando, das armas, do respeito aos mais necessitados; outras opiniões já relatam um homem com características de “monstro”, aterrorizando as cidades onde passava. Deixando estas observações Virgolino sempre teve fé um de seus maiores princípios, era devoto de Padre Cícero do Juazeiro, seu padrinho, pessoa da qual tinha respeito e carinho, certa vez foi convidado por este para comparecer em Juazeiro, onde seguiu viagem e seria bem recebido pela população da cidade. Todo esse acontecimento teria uma razão, a Coluna Prestes vinha em direção ao norte do país, e padre Cícero queria contar com o apoio do bando de Lampião para combater os rebeldes é neste momento que recebe o titulo de capitão espécie de condecoração para realizar os interesses do padre.

Com o não cumprimento de alguns acordos o famoso afilhado do padre Cícero voltaria a sua vida de crimes, carregando consigo todo o arsenal que lhe fora dado para combate e ignorando a Coluna que nem chegaria a entrar em conflito com seu bando. A vida de Virgulino foi cercada de perseguições, casou-se com a baiana Maria Bonita, que segue o marido nas aventuras pelo sertão nordestino, com esta teria somente uma filha Expedita, que foi criada com ajuda de coiteiros devido ao perigo que correria em meio à vida de constantes combates que habitavam a rotina dos pais.

A vida deste grande personagem da história brasileira terminaria em julho de 1938 na Grota de Angico na cidade de Poço Redondo em Sergipe, com ele se foi também Maria Bonita sua companheira, ambos seriam pegos por uma emboscada da volante alagoana comandada pelo capitão João Bezerra. Com a morte de Virgolino o cangaço perderia seu maior representante, e acabou levando também um personagem de comportamento diferente, cumpridor de suas palavras; de fato sua vida foi marcada por lutas seguindo até o fim de seus dias combatendo em busca de uma vida digna tirando dos ricos um pouco de suas grandes fortunas para em certos momentos dar aos pobres pela simples causa da sobrevivência, em um nordeste que até os dias de hoje necessita de ajuda em períodos de longa seca e descaso por parte das autoridades.

*Arthur Antunes Cruz Vasconcelos é graduando no curso de Licenciatura Plena em História pela Universidade Tiradentes e estagiário no Memorial de Sergipe-UNIT.
Referências Bibliográficas:
FERREIRA, Vera; AMAURY, Antônio. O Espinho do Quipá: Lampião, a História. São Paulo, Buonfiglio, 1997.
FILHO, Rubem Wanderley. Lampião em Quadrinhos. s/ed, Alagoas, 1997.
www.brasilescola.com/brasil/cangaco.htm       acessado em 12/05/2013 às 15:00
www.unificado.com.br/calendário/07/lampiao.htm  acessado em 13/05/2013 às 16:35

http://ww3.unit.br/memorialdesergipe/2013/06/04/uma-visao-sobre-virgolino-ferreira-da-silva-o-capitao-lampiao/

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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