Por Arthur Antunes Cruz Vasconcelos*
No inicio do
século XX, o Brasil vivia o inicio de sua modernização político-econômica. Os
estados sulistas se deleitavam nos avanços que chegavam a seus cidadãos, num
período que estabelece uma enormidade de fatores positivos para construção das
potências econômicas da atual República centrada no eixo sudeste-sul. Já no
Nordeste do país a situação era completamente inversa; as mesmas tendências que
insistiam em ser incorporadas no sudeste do país não chegariam devidamente à
outra ponta do mapa.
A partir desses
princípios movimentos populares de pequeno porte vão surgindo no Nordeste
brasileiro, dentre estes podemos elevar um dos principais que sem dúvida seria
o cangaço, que ganhou nome com a figura de Virgolino Ferreira da Silva, o
lampião; o eterno “rei do Cangaço”.
O cangaço
surgiu em meio à seca, em meio ao sofrimento onde segundo alguns estudiosos o
movimento seguiria nos problemas da pobreza do povo nordestino, cercados de
injustiças causadas pelos coronéis grandes detentores da maioria das terras do
sertão brasileiro e da carência de seu povo sofrido por melhores condições de
vida.
Virgolino
Ferreira da Silva nascera em 1898 no município de Vila Bela, atual Serra
Talhada no alto sertão Pernambucano. Filho de José Ferreira da Silva e Maria
Lopes desde cedo teve nos pais seu principal ponto de apoio em termos de
educação e honestidade. Inicia sua vida trabalhando para o próprio pai como
almocreve, profissão que consistia em levar mercadorias pelo nordeste afora nos
lombos de burros e cavalos para abastecimento de mercados de toda a região.
O garoto
franzino se tornaria um dos personagens mais conhecidos do lendário imaginário
nordestino quando entrou para o cangaço em 1918 e em (1922), substitui Sinhô Pereira, outro grande personagem que se afasta da ocupação de cangaceiro por motivos de
saúde, deixando o comando nas mãos de Lampião. Antes de atuar diretamente no
movimento, Virgolino e sua família sofreriam com o abuso de autoridade de
proprietários de grandes fazendas do interior Pernambucano, o que tornaria o antes
educado garoto em um justiceiro que até hoje é lembrado tanto pelos crimes
quanto pelos atos de bravura cometidos pelo sertão nordestino.
Iniciaria sua
intrínseca sede de vingança procurando vingar a morte do pai, emboscado e morto
por homens da família dos Saturninos, levando consigo alguns de seus irmãos na
busca de justiça. Sua jornada de cangaceiro seguiria além das fronteiras de
Pernambuco, seu grupo atuaria por vários outros estados do Nordeste brasileiro,
com saques, mortes e alguns outros relatos que são narrados nos diversos
autores que estudam o tema sendo estes atos parte do dia-a-dia destes homens.
Virgolino
sempre fora um jovem esperto, tinha medo da morte, usava dos punhais e colheres
de prata para identificar se a alimentação estava com substâncias de cunho
duvidoso; seus conhecimentos sobre a caatinga o fizeram um grande estrategista
nas emboscadas feitas em defesa contra a ação das volantes das quais chamava
seus componentes de macacos; este fator ligado às estratégias de combate faria
com que fosse caçado em um período de vinte anos sem sucesso, vindo a ser pego
somente em 1938 no estado de Sergipe.
Pouco se sabia
da vida de Lampião, muitos diziam que era um ser tranquilo, que fazia o certo
pelo certo, gostava do comando, das armas, do respeito aos mais necessitados;
outras opiniões já relatam um homem com características de “monstro”,
aterrorizando as cidades onde passava. Deixando estas observações Virgolino
sempre teve fé um de seus maiores princípios, era devoto de Padre Cícero do Juazeiro,
seu padrinho, pessoa da qual tinha respeito e carinho, certa vez foi convidado
por este para comparecer em Juazeiro, onde seguiu viagem e seria bem recebido
pela população da cidade. Todo esse acontecimento teria uma razão, a Coluna
Prestes vinha em direção ao norte do país, e padre Cícero queria contar com o
apoio do bando de Lampião para combater os rebeldes é neste momento que recebe
o titulo de capitão espécie de condecoração para realizar os interesses do
padre.
Com o não
cumprimento de alguns acordos o famoso afilhado do padre Cícero voltaria a sua
vida de crimes, carregando consigo todo o arsenal que lhe fora dado para
combate e ignorando a Coluna que nem chegaria a entrar em conflito com seu
bando. A vida de Virgulino foi cercada de perseguições, casou-se com a baiana
Maria Bonita, que segue o marido nas aventuras pelo sertão nordestino, com esta
teria somente uma filha Expedita, que foi criada com ajuda de coiteiros devido
ao perigo que correria em meio à vida de constantes combates que habitavam a
rotina dos pais.
A vida deste
grande personagem da história brasileira terminaria em julho de 1938 na Grota
de Angico na cidade de Poço Redondo em Sergipe, com ele se foi também Maria
Bonita sua companheira, ambos seriam pegos por uma emboscada da volante
alagoana comandada pelo capitão João Bezerra. Com a morte de Virgolino o
cangaço perderia seu maior representante, e acabou levando também um personagem
de comportamento diferente, cumpridor de suas palavras; de fato sua vida foi
marcada por lutas seguindo até o fim de seus dias combatendo em busca de uma
vida digna tirando dos ricos um pouco de suas grandes fortunas para em certos
momentos dar aos pobres pela simples causa da sobrevivência, em um nordeste que
até os dias de hoje necessita de ajuda em períodos de longa seca e descaso por
parte das autoridades.
*Arthur
Antunes Cruz Vasconcelos é graduando no curso de Licenciatura Plena em História
pela Universidade Tiradentes e estagiário no Memorial de Sergipe-UNIT.
Referências
Bibliográficas:
FERREIRA,
Vera; AMAURY, Antônio. O Espinho do Quipá: Lampião, a História. São
Paulo, Buonfiglio, 1997.
FILHO, Rubem
Wanderley. Lampião em Quadrinhos. s/ed, Alagoas, 1997.
www.brasilescola.com/brasil/cangaco.htm
acessado em 12/05/2013 às 15:00
www.unificado.com.br/calendário/07/lampiao.htm
acessado em 13/05/2013 às 16:35
http://ww3.unit.br/memorialdesergipe/2013/06/04/uma-visao-sobre-virgolino-ferreira-da-silva-o-capitao-lampiao/
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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