Por Antonio Morais
Venâncio
olhou para o sol e exclamou: São seis horas da manha. Mal fechou a boca, ouviu
um tropelar a distância. Assustado, falou para os companheiros. Seu Mario. Seu
Pedro, aí vem ou força de Pernambuco ou cangaceiros.
Sob uma
onda de poeira, à frente a figura aterradora do capitão Virgulino Ferreira, o
bando riscou em frente aos indefesos criadores. Incontinente, ouviram a voz de
Lampião ao perguntar:
- Quem é Pedro Vieira?
- Sou eu, responde estarrecido e
trêmulo o velho sertanejo.
A seguir, travou-se o seguinte diálogo entre Sabino,
cangaceiro famoso e perverso, e Pedro Vieira:
O cangaceiro Sabino
- Vocês estão presos pelo grupo de
Lampião. Só serão soltos depois que Pedro Vieira der cinco contos de reis.
- Nós
somos pobres, o senhor deixe por dois contos...
- Não quero conversa. Pode
providenciar logo...
- Somos pobres seu Sabino, insistiu Vieira, deixa por três
contos...
- Já disse que não quero conversa. Caso repita lasco este fuzil na sua
cara, velho safado e atrevido.
Um silêncio
enorme dominou a todos nós - afirma Venâncio, para acrescentar - Nisso chega o
gado para beber. Ao avistar os animais, Lampião começou a atirar
indiscrinadamente, matando vacas e até animais de pequeno porte. Foi um estrago
miserável.
Diante do
cruciante problema dos cinco contos de reis, Mario ofereceu-se para ir a Jardim
tentar conseguir o dinheiro da exigência de Sabino, a mando de Lampião.
Montando um dos cavalos pertencentes aos companheiros, exatamente o mais gordo
e ardego, Mario, depois de ouvir de Sabino a admoestação no sentido de que
negasse para polícia a presença do grupo nas Cacimbas, seguiu apavorado para
Jardim, temendo pela sorte dos amigos que ali ficavam em situação tão difícil e
perigosa.
Conta
Vicente, ter ficado certo que Mario de São, logo fossem conseguidos os cinco
contos de reis e deveria encontrar-se com o grupo em Caririzinho, hoje distrito
do município pernambucano de Sítios do Moreiras. Lampião ia com destino a
Ipueiras dos Xavier, onde se deu o cerco do grupo e a sua celebre e precipitada
retirada, por encontrar forte reação da família Xavier. Foi aí que Virgulino
Ferreira perdeu um de seus mais valorosos cabras. Tempero, morto por Dezinho
Xavier.
Tempos
depois, em conversa com Venâncio, disse Mario que, ao ouvir o grito de Sabino prevenindo-o
para que nada dissesse a polícia, teve vontade de correr, mas temeu um tiro nas
costas. O grito de Sabino foi, de início, interpretado como uma ordem para
voltar. Venâncio fala da existência, no grupo, de um cangaceiro chamado
Criança, que tinha 14 anos de idade, e usava rifle de seis tiros.
Fonte -
Andanças e Lembranças.
Continua amanhã...
Fonte: facebook
Página: Antonio Morais
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário