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quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

CANGAÇO VII

Material do acervo do pesquisador Antonio Morais

Banditismo Profissional.

Quando Lampião entrou no grupo de Sebastião Pereira, adotou o banditismo como profissão. Viveria entre homens marginalizados, condenados pela lei. Fora desse ambiente não encontraria amigos, somente criaturas submissas pelo temor. 

Sargento Optato Gueiros - lampiaoaceso.blogspot.com

O Sargento Optato Gueiros, viajava, em fevereiro de 1921, para Vila Bela. Descansava numa casa isolada, na caatinga, quando foi surpreendido, à meia noite, com a chegada do grupo de Sebastião. Os cabras vinham sedentos. Bebiam água e conversavam com animação. Um deles vendo Optato fardado perguntou:

- Quanto ganha por mês?

- Noventa e cinco mil reis.

- Hum!. Muito pouco, acudiu Lampião. É melhor ser cangaceiro mesmo. 

Para trabalhadores rurais, que viviam na mais completa escravidão econômica, aquela vida prometia algumas compensações. 

Em 1926, Lampião passava, com o seu grupo, em Juazeiro do Norte. Foi entrevistado pelo Dr. Otacílio Macedo, médico e jornalista: 

- Por que não larga essa vida, capitão, o senhor que já tem tanto dinheiro? Por que não vai embora para Goiás ou Mato grosso, deixando de vez essa existência perigosa? 

- Doutor, o senhor estando bem numa vida, o senhor larga ela? Assim sou eu. 

O bandoleiro sentia-se realizado.

É mior ser cangaceiro
E poeta cantador
Que sê bispo ou deputado
Ou mesmo governador.

Querendo andar no cangaço
Inté sou bom cangaceiro
Que isso de matar gente
É serviço mais maneiro

Se o cabra não tem corage
Que mude de profissão
Vá para o rabo da enxada
Aprantá fava e feijão.

Raul Fernandes.

CONTINUA...

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