Por Geraldo Maia do Nascimento
Continuando a nossa viagem pela história das praias de veraneio do Oeste Potiguar, vamos abordar hoje o município de Grossos.
Na
margem esquerda do Rio Mossoró havia uma ilha, onde era abundante um
determinado tipo de capim, espesso e áspero, e por esse motivo ficou sendo
chamada de Ilha de Grossos. Essa é a explicação dada pelo historiador Luís da
Câmara Cascudo em seu livro “Nomes da Terra – História, Geografia e Toponímia
do Rio Grande do Norte”.
Cascudo
informa ainda que a partir de meados do Séc. XVIII teve início o povoamento
daquela região, esparso mas contínuo, com plantação de coqueiros e abertura de
cacimbas. O litoral marítimo já era conhecido desde época anterior. O Coronel
Gonçalo da Costa Faleiro recebeu, em junho de 1708, três léguas de terra, a
partir do morro de Tibau, em direção ao sul, e uma para o sertão. O Coronel
Domingos Gonçalves Meireles já possuía três léguas da Ponta do Mel para a barra
do Rio Panema, e recebeu outras três, em maio de 1738, em direção a barra do
Rio Mossoró. Essas sesmarias, nome dado as poções de terra recebidas da coroa,
motivaram a penetração demográfica, que procurou fixar-se em terras de roçaria
ou de fácil colheita de sal, subindo o Mossoró e seus afluentes. Grossos foi
povoado por essa gente e a que descia, constantemente, do Apodi, deixando
sítios e fazendas, procurando a pancada do mar.
Por
volta de 1770, o Sargento-Mor Antônio de Souza Machado estabeleceu-se nos
Grossos com criação de gado e salinas, fabricando carne salgada (charque) em
ponto mais próximo a foz, ilha que pela utilização chamou-se “Das Oficinas”,
que depois seria Porto Franco.
O
território de Grossos foi intensamente disputado, em demorado conflito
judicial, pelos Estados do Rio Grande do Norte e do Ceará. Sua área era
reivindicada pelo Ceará que chegou a transformá-la em vila. Começava então uma
longa batalha com o Rio Grande do Norte lutando pela localidade. Mas por que
isso aconteceu?
Até
o final do século XIX o Ceará e o Rio Grande do Norte ainda não tinham seus
limites bem definidos. Mossoró e Açu, quando fundaram as suas primeiras
charqueadas , se tornaram rivais das \"oficinas\" cearenses. Medidas
foram tomadas para acabar com as charqueadas do Rio Grande do Norte, inclusive
fechamento dos portos de Açu e de Mossoró. As carnes secas só poderiam ser
fabricadas no Ceará, segundo a determinação imperial. Para fabricá-las, porém,
era necessário o uso do sal produzido no Rio Grande do Norte. A solução
encontrada pelo Estado do Ceará foi a de estender sua fronteira, de modo a
incorporar aquela região produtora de sal que pertencia ao Rio Grande do Norte.
E dessa maneira, a 13 de julho de 1901, a Assembléia Estadual do Ceará elevou
Grossos à condição de Vila. Em seguira o presidente do Ceará, Pedro Augusto
Borges, sancionou aquela resolução. Começava então uma longa batalha com o Rio
Grande do Norte lutando pela posse do lugar. O desenrolar da questão levava a
um conflito armado entre as duas Províncias. Para evitar o agravamento da
crise, a questão foi levada para uma decisão, através do arbitramento, sendo o
resultado favorável, na primeira fase, ao Ceará.
O
presidente da Província do Rio Grande do Norte, Pedro Velho, recorreu da
decisão e convidou Rui Barbosa, grande jurista e, na época, senador da
República, para defender o RN. Com a brilhante defesa de Rui Barbosa, o Rio
Grande do Norte venceu a questão em 17 de julho de 1920, assumindo
definitivamente os direitos sobre o território de Grossos. Esse território foi
anexado ao município de Areia Branca.
No
dia 11 de dezembro de 1953, através da Lei nº 1.025, Grossos desmembrou-se de
Areia Branca tornando-se município do Rio Grande do Norte.
Todos
os direitos reservados
É
permitida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio
de comunicação, eletrônico ou impresso, desde que citada a fonte e o
autor.
Autor:
Jornalista
Geraldo Maia do Nascimento
Fontes:
http://www.blogdogemaia.com
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário