Por José Romero Araújo Cardoso
Nascido no dia
14 de março de 1905, falecendo em 19 de julho de 1988, Lauro da Escóssia
revelou-se expressão fenomenal de quem fez história com competência ímpar em
Mossoró, cidade que o viu nascer e se encantar para a eternidade.
Dono de estilo
inconfundível, panfletário, reconhecido através de editoriais inflamados,
enquanto legado do avô Jeremias da Rocha Nogueira, Lauro da Escóssia foi
protagonista de verdadeiros furos de reportagens, como a entrevista que
conseguiu realizar com o cangaceiro Jararaca em junho de 1927 na Cadeia Pública
que mais tarde se transformaria em museu e tem seu nome como merecida
homenagem.
O estudo
genealógico que traz o título de “As dez gerações da família Cambôa”, publicado
em primeira edição no ano de 1978 pela Coleção Mossoroense, constitui-se em um
dos mais importantes registros acerca da importância para Mossoró e região da
família originada a partir do Alferes Manuel Nogueira de Lucena.
Pesquisa
aprimorada direcionou Lauro da Escóssia a traçar as bases genealógicas do
intricado processo de formação de diversos troncos genealógicos regionais,
cujos nomes de tão familiares permitem que identifiquemos componentes das
mesmas que se destacam em diversos campos de atuação, do político ao econômico,
do educacional ao literário, entre diversas outros.
De Jeremias
Nogueira da Rocha, pai de João da Escóssia, ao Padre Florêncio Gomes de
Oliveira, o qual, na expressão oportuna de Vingt-un Rosado, foi o primeiro
geógrafo e geólogo mossoroense, passando por João da Rocha Nogueira (João
Bangú), patriarca da família Reginaldo da Rocha, entre diversas outras
incontáveis e eminentes personalidades, o importante estudo genealógico de
Lauro da Escóssia se destaca pela perspicácia e clarividência em
deslumbrar a importância desse setor histórico como imprescindível para
fomentar todo um processo de identificação familiar e cultural.
Cabe indagar
se Lauro Reginaldo da Rocha, quando de militância comunista, adotou o codinome
Bangú em homenagem ao antepassado, pois um Cambôa chegou a se tornar
secretário-geral do Partido Comunista do Brasil em diversas vezes, substituindo
Luiz Carlos Prestes.
O prefácio
escrito por Vingt-un Rosado para “As dez gerações da família Cambôa” enfatiza a
importância da retomada das trilhas abertas por Francisco Fausto de Souza no
que tange à genealogia enquanto imprescindível para o estudo da História
regional.
Vingt-um
Rosado destacou que Francisco Fausto de Souza estudou a genealogia da família
Cambôa até as cinco primeira gerações. Lauro da Escóssia enriqueceu esse
estudo, inserindo mais cinco gerações, tendo aproveitado para apelar para que
sua contribuição não se perdesse de vista, tivesse continuidade pelos que o
sucederiam.
Atento ao
brado do grande jornalista, Cid Augusto realizou criterioso estudo genealógico
sobre os Escóssia, ramo familiar dos CAMBÔA surgido quando das querelas entre
maçonaria e igreja católica no século XIX.
A reedição
pela Coleção Mossoroense de “As dez gerações da família Cambôa” acontece em
momento oportuno, pois além de estar esgotado há muito tempo, contribui
significativamente para que as gerações que não ainda não conhecem suas origens
possam se reconhecer enquanto sujeitos históricos, dada a importância desse
grupo familiar para a construção coletiva quem vem se efetivando em nossa
região.
José Romero
Araújo Cardoso. Geógrafo. Escritor. Professor Adjunto do Departamento de
Geografia da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade do
Estado do Rio Grande do Norte. Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente.
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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