Por Geraldo Maia do Nascimento
Em
2 de agosto de 1912 dava-se a inauguração do Colégio Sagrado Coração de Maria,
com a presença de grande número de populares além de autoridades municipais,
das quais podemos destacar o Tenente Coronel Cunha da Mota, que era
vice-presidente do Conselho Municipal, em exercício, do padre André de Araújo,
diretor do Colégio Diocesano Santa Luzia, do Coronel Bento Praxedes e de Tércio
Rosado Maia. A cerimônia foi também embelezada pela apresentação de números
musicais executados pela Charanga Mossoroense e pela Irmão Divino Coração, que
ao piano, executou lindas “página musicais”, como se falava na época.
A
primeira Diretora do colégio foi a Irmã Maria Leocádia do Menino Jesus, que
teve como auxiliares as Irmãs Rosária de São Francisco, Maria do Divino
Coração, Maria da Visitação, Helena da Cru e Maria Ruth da Conceição. Ao
chegarem em Mossoró, essas religiosas foram acolhidas carinhosamente pela
comunidade e apoiadas pelas autoridades, tendo sido hóspedes dos Senhores
Raimundo Fernandes, Miguel Faustino do Monte, Antônio Couto e do Padre Pedro
Paulino, vigário da época. Mas já na metade do mês de julho, as Irmãos passaram
a morar no prédio onde estava sendo instalado o colégio.
Uma
das dificuldades enfrentadas na época foi que o imóvel onde estavam se instalando
não pertencia a Congregação e sim a Diocese de Mossoró. Mas sob a proteção
carinhosa e paternal de S. Excia. Revma. Dom Jaime de Barros Câmara, que viria
a ser o 1º Bispo de Mossoró, o prédio foi cedido para que ali se instalasse o
“Colégio Sagrado Coração de Maria”.
Foi
difícil o início, pois apenas 57 alunas se matricularam no primeiro ano. Mesmo
assim, as atividades transcorreram de forma normal. A solenidade de
encerramento do 1º ano letivo foi marcado pela realização de um sarau dramático
musical, em conjunto com o Teatro do Colégio Santa Luzia.
Em
1913, com a ajuda da Prefeitura, o prédio foi ampliado, tendo se construído um
espaço para dormitório das internas e uma cisterna, o que era de primeira
necessidade. Houve melhorias também no ensino, com a introdução de novas
disciplinas, como língua estrangeira e noções de contabilidade, além de
atividades curriculares que permitiram um encerramento do ano letivo com
encenações dramáticas, números de arte e exposições de trabalhos manuais. Ainda
nesse ano se estabeleceu, no Colégio, a Pia União das Filhas de Maria, como uma
ação missionária das irmãs. O regime escolar para as alunas externas era de
semi-internato.
Em
seu longo percurso as vicissitudes foram surgindo. Em 1920, já sob a direção da
Madre Maria do Rosário de São Francisco, uma acentuada crise financeira abalou
a estrutura do Colégio, em consequência de uma considerável baixa de
matrículas. Foi um ano de seca e flagelo para o Nordeste brasileiro. Em 1936 é
feita a 1ª reforma da fechada do Colégio, é inaugurado o Jardim da Infância e
construído o seu auditório. Nos anos 40 foi implantado o ciclo ginasial e com
isso houve a mudança da denominação de Colégio para Ginásio. Na década de 50 é
implantado o curso pedagógico, com autorização governamental. A década de 60 é
marcada pela acentuada repressão à liberdade de pensamento e de muita
efervescência cultural. Na década de 80 o Ginásio Sagrado Coração de Maria, que
originalmente era só para meninas, passa a aceitar também meninos, trabalhando
com a educação mista, o que favoreceu a um grande aumento de matrícula. E
assim, ano a ano, década a década, o Colégio vai se consolidando, tornando-se
referência no ensino de Mossoró. É preciso que se diga também, que em sua
história, o colégio foi grande celeiro de vocações religiosas, principalmente
Franciscanas Hospitaleiras.
Hoje,
ao completar 103 anos de sua fundação, prestamos homenagem às Irmãs
Franciscanas Hospitaleiras, que aceitaram o desafia de fundar no interior do
Rio Grande do Norte um colégio com orientação religiosa cristã, e que tiveram
uma presença tão marcante que ainda hoje o educandário é conhecido como
“Colégio das Freiras”.
Geraldo
Maia do Nascimento
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