Por Prof. Dr. Reginaldo de Souza Silva – UESB/DFCH
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Prezado Sr.
Submeto a apreciação de V.Sas.,
para possível publicação artigo intitulado: (In)disciplina no Espaço
Escolar: Desafios à Prática na Educação.
Atenciosamente,
Prof. Dr. Reginaldo de Souza
Silva
Universidade Estadual do Sudoeste
da Bahia
Departamento de Filosofia e
Ciências Humanas
Coordenador do Núcleo de Estudos
da criança e do Adolescente - NECA/UESB
(In)disciplina no Espaço Escolar:
Desafios à Prática na Educação
Estamos vivendo um tempo de crise
de autoridade nos espaços educacionais, notadamente, das escolas, institutos e
universidades, que refletem os problemas sociais, entre eles, o respeito ao bem
comum, as ideias e valores (ou a falta), a convivência comunitária etc. Pesquisa
realizada em 2008 pela Organização dos Estados Ibero-Americanos com cerca de
8,7 mil professores mostrou que 83% deles defendem medidas mais duras em
relação ao comportamento dos alunos, 67% acreditam que a expulsão é o melhor
caminho e 52% acham que deveria aumentar o policiamento nas escolas. Espaços
educacionais tem sido alvo de consumo e tráfico de drogas, bebidas alcoólicas,
brigas etc, nas atividades regulares e também em festas, reuniões e eventos.
A (in)disciplina no espaço
escolar tem sido um desafio as práticas educativas. Gestores, professores,
alunos, pais, mães e responsáveis tem sido chamado a enfrentar os desafios, que
deixaram de ser esporádicos. Educadores não sabem como lidar, interpretar.
Compreender ou reprimir? Encaminhar ou ignorar? Como administrar o ato
indisciplinado? De um lado, autoridade e controle absoluto, substituídos por
uma crescente perplexidade. Violência e indisciplina, linha tênue
entre os limites de convivência. Mas, afinal, o que é indisciplina?
Existem vários conceitos e definições.
Para Makarenko e Gramsci,
“diz respeito a todos os elementos envolvidos com a prática escolar, estando
desta maneira intimamente relacionada com a forma e, como a escola, organiza e
desenvolve o seu trabalho...” não pode ter o caráter externo, posto que, a
disciplina é resultado da educação. A disciplina não surge espontaneamente
e, sem disciplina, o trabalho escolar não pode alcançar o seu alvo, as suas
finalidades. Para Gramsci “disciplina significa a capacidade de comandar a si
mesmo, de se impor aos caprichos individuais, as veleidades desordenadas,
significa uma regra de vida, a consciência da necessidade livremente aceita, na
medida que é reconhecida como necessária para que um organismo social qualquer
atinja o fim proposto. A disciplina exterior está fadada ao fracasso, não
é um instrumento educativo, ao passo que a disciplina fixada pela própria
coletividade dos seus componentes mesmo, se tarda a ser aplicada, dificilmente
fracassa na sua aplicação”. Para Silva, 2004 é todo e qualquer
comportamento que seja contrário as regras[...]. No caso da escola todas as
vezes que o(a)s aluno(a)s desrespeitarem alguma norma serão vistos como
indisciplinados. A revolta contra estas normas (desobediência
insolente); O desconhecimento delas (caos dos comportamentos, desorganização
das relações); “Desobediência, rebelião, insubordinação” ou mesmo, ser
compreendida por: regime de ordem imposta ou mesmo consentida; ordem que convém
ao bom funcionamento de uma organização; relações de subordinação do aluno ao
mestre e, submissão a um regulamento, etc.
Possíveis origens: Faixa etária
dos alunos e diferença de gêneros? Situação socioeconômica? Reflexo da
fragilidade na educação familiar? Forma de contestação ao currículo e
procedimentos desenvolvidos nas instituições educacionais? Manifesta-se da
mesma maneira nas diversas disciplinas e espaços escolares? Alicerça-se na
ausência de algumas competências docentes? Questão de afetividade? Pedido de
socorro dos alunos, chamando a atenção para conflitos emocionais? Possíveis
equívocos referentes à compreensão do termo indisciplina?
Segundo (CHISPINO, 2005), grande
parte da revolta dos alunos não vem “do nada”. Ela tem um início e vai
aumentando à medida que o educando percebe que a sua opinião, seus valores e
seus direitos, não são levados em conta dentro do ambiente escolar ou quando
professor/instituição não consegue fazê-lo entender o seu papel
como aluno. O aluno quer sentir-se parte da escola, Dar ideias para a
melhoria; perceber a preocupação dos professores e ser ouvidos por eles e
demais responsáveis pelo ambiente (…).
A simples obediência não é sinal
de uma boa disciplina e não pode nos satisfazer, porque a disciplina não se
cria com algumas medidas “disciplinares” mas, com todo o sistema educativo, com
a organização de toda a vida, com a soma de todas as influencias que atuam
sobre a criança e/ou adolescente” Makarenko. 1981. Assim, os castigos e outras
medidas coercitivas devem ser evitadas ao máximo, como também, afirma
Montessori e D. Bosco.
Mas como garantirmos a
autoridade do professor e o convívio num clima de indisciplina? Quais seriam os
limites de cada professor no trato desta questão? Tentando conter a onda de
"indisciplina" alguns educadores e estabelecimentos de ensino lançam
mão de atitudes autoritárias que, ao invés de contribuírem para a democratização
do ensino, para a melhoria das relações humanas e do ensino, só fazem tornar o
ambiente mais hostil, na tentativa de transformar os alunos em corpos dóceis.
Não estaria ai um dos fatores do desinteresse, da apatia, da "
indisciplina" dos alunos? Seria possível uma integração entre os
professores para que haja espaço de participação ativa dos alunos. Onde não se
resumisse a cópia de pontos, resolução de tarefas, mas houvesse uma dinâmica
interna na sala de aula que, dentro do possível, alterasse a forma de distribuição
das carteiras, e a relação individual pudesse ser coletiva, inclusive na
solução dos problemas, etc.
Prof. Dr. Reginaldo de Souza
Silva – UESB/DFCH -
Enviado pelo professor Dr. Reginaldo de Sousa Silva
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Comentário do pesquisador Antonio José de Oliveira da cidade de Serrinha no Estado da Bahia:
ResponderExcluirMendes amigo:
O artigo intitulado (In) disciplina no Espaço Escolar: Desafios à Prática na Educação, de autoria do Dr. Reginaldo de Souza Silva, é um alerta veemente para os nossos dias. Vivemos dias difíceis, não apenas no âmbito da educação, mas em todas as vertentes da vida humana.
Acho que o século 21 trouxe os grandes avanços na tecnologia, e em especial na área das comunicações: Internet, celular etc., etc. Contudo, parte dessas tecnologias, tem proporcionado consequências desagradáveis. A criança de hoje, parece já nascer com o celular em mãos. Estamos mesmo na ERA da super-informática; ERA das crianças e adolescentes. E, nós, pais e educadores estamos "perdidos". Não sei o que farão os governantes e autoridades outras para sanar o problema disciplinar na sala de aula. Grandes são os desafios enfrentados pelos educadores.
Atenciosamente,
Antonio Oliveira - Serrinha - Bahia.