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domingo, 7 de fevereiro de 2016

SERROTE PRETO – SÁBADO DE ZÉ PEREIRA

Por Sálvio Siqueira

São por deveras incertos os números dos contingentes das Volantes e dos Cangaceiros quando de suas batalhas nas matas da caatinga.

Autores fazem suas pesquisas e, dependendo das fontes, citam em suas literaturas aqueles números encontrados.

No sábado de Zé Pereira, fevereiro de 1925, deu-se uma das maiores batalhas entre cangaceiros e Força Policial. São consideradas as maiores, dentre tantas das que aconteceram, a da Serra Grande, a da Maranduba e a do Serrote Preto... Interessante é que cada uma foi realizada em Estados diferentes. Pernambuco, Sergipe e Alagoas, respectivamente.

" O nome Serrote Preto provém de uma formação rochosa que fica escura, quando ocorre a sombra do sol, sobre o mesmo." (Voltaseca Volta)


Segundo o escritor Antônio Amaury, em seu livro "De Virgulino a Lampião", escrito com a parceria de Vera Ferreira, na batalha do Serrote Preto, a Força Pública era composta por cerca de 90 praças mais os seus comandantes e, o bando de cangaceiros, contava com 40 ‘cabras’.

A força Pública, ainda em Pernambuco, dá no rastro do bando e sai em seu encalço pelos municípios de Custódia, Buíque e Águas Belas. Sempre chegando ‘depois’ do acontecido.

O bando penetra no Estado alagoano e segue em direção à cidade de Mata Grande. Lá chegando, fazem suas estripulias, matam duas pessoas e seguem rumo a Fazenda Serrote Preto, já na divisa dos Estados de Pernambuco e Alagoas. Quando analisamos a rota e os malfeitos dos cangaceiros, percebemos que eles deixaram uma ‘trilha’ para que a volantes os perseguissem. Propositalmente o “Rei do Cangaço” queria a tropa em determinado lugar... E assim aconteceu.

Lampião preparava o terreno onde queria brigar. Rastros, através de sinais deixados nas trilhas, pessoas para dizerem o rumo, e outras mais que ele usou como isca, atraindo, para o local que escolhera, a tropa da Força Pública, como palco da ‘brigada’.

“A partir de informações da população, a volante partiu em direção à fazenda e localizou os bandoleiros no final da tarde. Eles estavam descansando e alguns jogavam cartas, estes perceberam a aproximação da polícia e começaram a despejar uma chuva de bala. A tropa foi massacrada em uma verdadeira chacina. Segundo Rodrigues de Carvalho, em seu livro "Serrote Preto", foram quinze soldados mortos e três bandoleiros (Asa Negra, Guri e Corró). No livro "De Virgulino a Lampião", diz que foram dez soldados e dois oficiais mortos, mais 30 feridos.

Os oficiais mortos foram Francisco de Oliveira e Joaquim Adauto. O terceiro tenente, João Gomes, sobreviveu e bateu em retirada com seus subordinados.” (http://luzdefifo.blogspot.com.br)

Deixava sempre alguns dando parecer que estavam a descansar. Mandava-os jogarem cartas, brincarem e divertirem-se, mesmo com alaridos para que, de longe, os volantes pensassem que os iam pegar de surpresa. Pura ilusão... quase sempre era uma ‘arapuca’ bem armada, bem arquitetada pelo “Rei Vesgo”, para embosca-los... Nas quebradas do Sertão.

Nosso amigo, pesquisador Louro Teles, munido de um detector de metais, foi ao local da batalha e, tantos anos depois, encontra ‘cascas’, capsulas, de balas deflagradas na tarde daquele sábado de carnaval. Atentem para a data, no 'fundo' da capsula, da fabricação do projétil.

Enviado pelo professor, escritor e pesquisador do cangaço José Romero de Araújo Cardoso

http://josemendespereirapotiguar.com.br
http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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