❝O tempo afoito o pegou de surpresa, no seu passado ele pensou, e sem nenhuma avareza, com sua luneta nos encantou.❞
Há quase 15
anos um "maluco beleza" se contaminou pelas histórias contadas na
infância pelo seu pai e também pelo avô, Alceu Paiva Valença escreveu e estudou
o máximo possível para dar vida a um projeto fora da sua área. A Luneta do Tempo chega ao
circuito comercial na próxima quinta-feira, dia 24/mar, e mostra bastante
qualidade cinematográfica para um cineasta iniciante.
Desde a cena
de abertura, o diretor Alceu Valença remete
a grandes faroestes e surpreende com as belas e ágeis cenas de perseguição da
polícia, centrada no personagem de Severo Brilhante, vivido por IVAIR
Rodrigues, ao grupo de cangaceiros liderados por Lampião e Maria Bonita,
Irandhir Santos e Hemila Guedes respectivamente. Mais uma vez o ator de filmes
como Febre do Rato,
O Som ao Redor, Tatuagem e A História da Eternidade entrega uma atuação
impecável, transformando seu Lampião no ícone necessário a trama do longa,
alternando momentos de valentia com doçura, se consolidando ainda mais como um
dos grandes nomes do cinema brasileiro. Direção de arte assinada por Moacyr
Gramacho e figurinos de Diana Moreira são aspectos técnicos que se destacam,
além da trilha sonora, composta pelo próprio Alceu, e da fotografia de Luis
Abramo que conta com os belos cenários do sertão pernambucano e de planos
atípicos, como as cenas de cabeça para baixo.
Mas o texto
não se acomoda em contar a história da trupe de cangaceiros mais destemidos da
nossa história. Com forte uso de lirismo, A Luneta do Tempo faz uma miscelânea
com os temas mais encantadores que esse povo teve contato, seja pelas
fantásticas músicas compostas para a produção; a alusão ao rei do baião; os
elementos circenses e ao próprio cordel, a quem o filme recorre em termos de
estrutura narrativa fazendo uso de rimas e lendas bem inseridas. Porém a
longeva produção parece ter se atrapalhado principalmente no segundo ato, que
claramente é mais arrastado e proporciona um leve desvio na narrativa ao
inserir vários novos personagens à trama. E se por um lado a montagem junto com
a edição de som nos entrega sequências de batalha dignas de muitos aplausos, a
primeira por vezes traz cenas fragmentadas e desconexas em "fade out"
que dão a impressão de vídeos musicais ao filme.
As pequenas
falhas que podem ser vistas no primeiro longa-metragem de Alceu Valença em nada
atrapalharão a experiência visual de conhecer o cangaço e outros elementos
simbólicos da nossa cultura pela cabeça criativa de seu diretor e roteirista. É
fácil de se gostar quando a afeição às coisas não convencionais está
transponível na tela.
◣ Resenha escrita por
Richardson Eduardo, colaborador do Vivo no Cinema.
Fonte: facebook
Página: Vivo no Cinema A
Luneta do Tempo
Link: https://www.facebook.com/vivonocinema/photos/gm.476167332573092/1006925002688504/?type=3&theater
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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