Corpus Christi (expressão latina que
significa Corpo de Cristo[1] )
é um evento baseado em tradições católicas realizado
na quinta-feira seguinte ao domingo da Santíssima Trindade, que, por sua vez, acontece
no domingo seguinte ao de Pentecostes. É uma "Festa de Guarda" onde a
participação da Santa Missa neste dia é, para os católicos, obrigatória, na
forma estabelecida pela conferência episcopal do país
respectivo.
A procissão
pelas vias públicas, quando é feita, atende a uma recomendação do Código de Direito Canônico (cânone
944) que determina ao bispo diocesano que a providencie, onde for possível,
"para testemunhar publicamente a adoração e a veneração para com a
Santíssima Eucaristia, principalmente na solenidade do Corpo e Sangue
de Cristo." É recomendado que, nestas datas, a não ser por causa grave e
urgente, não se ausente da diocese o bispo (cânone 395).
História
A origem da
Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo remonta ao século
XIII. O papa Urbano IV, na época o cônego Tiago Pantaleão de
Troyes, arcediago do
Cabido Diocesano de Liège, na Bélgica,
recebeu o segredo da freira agostiniana
Juliana de Mont Cornillon, que teve
visões de Cristo demonstrando desejo de que o mistério da Eucaristia fosse
celebrado com destaque. Por volta de 1264, em uma cidade próxima a Orvieto (onde
o já então papa Urbano IV tinha sua corte), chamada Bolsena, ocorreu
o Milagre de Bolsena,[2] em
que um sacerdote celebrante da Santa Missa, no momento de partir a Sagrada
Hóstia, teria visto sair dela sangue, que empapou o corporal (pano onde se
apoiam o cálice e a patena durante a Missa). O papa determinou que os objetos
milagrosos fossem trazidos para Orvieto em grande procissão em 19 junho de
1264, sendo recebidos solenemente por Sua Santidade e levados para a Catedral
de Santa Prisca. Esta foi a primeira procissão do Corporal Eucarístico de que
se tem notícia. A festa de Corpus Christi foi oficialmente instituída
por Urbano IV com a publicação da bula Transiturus em 8 de setembro
de 1264, para ser celebrada na quinta-feira depois da oitava de Pentecostes.[3]
Para um maior
esplendor da solenidade, desejava Urbano IV um Ofício para
ser cantado durante a celebração. O Ofício escolhido foi composto por São Tomás de Aquino, cujo título era Lauda
Sion (Louva Sião). Este cântico permanece até a atualidade nas celebrações
de Corpus Christi.[4]
O decreto de Urbano IV teve
pouca repercussão, porque o papa morreu em seguida, menos de um mês depois da
publicação da bula Transiturus. Mas se propagou por algumas igrejas, como
na diocese de Colônia, na Alemanha, onde Corpus Christi é
celebrada desde antes de 1270. A procissão surgiu em Colônia e difundiu-se
primeiro na Alemanha, depois na França e
na Itália. Em Roma,
é encontrada desde 1350.
A Eucaristia é
um dos sete sacramentos e foi instituído na Última Ceia, quando Jesus disse: "Este
é o meu corpo... isto é o meu sangue... fazei isto em memória de mim".
Segundo Santo Agostinho, é um memorial de imenso benefício
para os fiéis, deixado nas formas visíveis do pão e do vinho. Porque a
Eucaristia foi celebrada pela primeira vez na Quinta-Feira Santa, Corpus Christi se
celebra sempre numa quinta-feira após o vinho sangue de Jesus Cristo, em toda
Santa Missa, mesmo que esta transformação da matéria não seja visível.
Corpus Christi é
celebrado 60 dias após a Páscoa,
podendo cair, assim, entre as datas de 21 de maio e 24 de junho.
A Festa no
Brasil
Em muitas
cidades portuguesas e brasileiras, é costume ornamentar as ruas por onde passa
a procissão com tapetes de colorido vivo e desenhos de inspiração religiosa.
Esta festividade de longa data se constitui uma tradição no Brasil,
principalmente nas "cidades históricas", que se revestem de práticas
antigas e tradicionais e que são embelezadas com decorações de acordo com
costumes locais.
Em Pirenópolis,
em Goiás,
no Brasil,
é uma tradição os tapetes de serragem colorida e flores do cerrado, cobrindo as
ruas por onde passa a procissão de Corpus Christi. Também enfeitam-se
cinco altares para a adoração do Santíssimo Sacramento e execução do cântico
latino Tamtum Ergo Sacramentum. Esta procissão é acompanhada pela
Irmandade do Santíssimo Sacramento e pela Orquestra e Coral Nossa Senhora do
Rosário. É neste dia que o Imperador do Divino recebe a coroa para a realização
da Festa do Divino de Pirenópolis, do
ano seguinte.
Em Castelo, no estado do Espírito Santo, no Brasil, as ruas
são decoradas com enormes tapetes coloridos formados por flores, serragem
colorida e grãos.
O município de Matão, em São Paulo,
no Brasil,
é famoso por seus tapetes coloridos feitos de vidro moído, dolomitas, serragem
e flores que formam uma cruz que se estende por 12 quarteirões no centro da
cidade onde passa a procissão da eucaristia, um espetáculo que reúne fé,
tradição, arte e beleza. No ano de 2011, Matão realizou a 63ª edição do Corpus
Christi, onde mais de 70 toneladas de materiais foram usados para compor os
desenhos. A expectativa dos organizadores é que o evento atrairia um público
total de 80 mil pessoas. A praça de alimentação do evento fica por conta das
entidades filantrópicas da cidade.
A cidade de Mariana, em Minas
Gerais, no Brasil, comemora a festa de Corpus Christi enfeitando
as ruas com tapetes de serragem e pinturas. No município de Coronel Fabriciano, os fiéis realizam a montagem
dos tapetes de serragem que marcam o percurso da procissão nas ruas da região
central da cidade, saindo da co-catedral São Sebastião.
Tal manifestação mantém rituais originados na década de 1940 pela Paróquia São Sebastião e
foi tombada como patrimônio cultural da cidade.[5]
As cidades
paulistas de Jaguariúna, Monte Mor, Santo André, Santana de Parnaíba, São Joaquim da Barra, além da baianaJacobina,
também seguem o mesmo estilo, as ruas ao redor da matriz são enfeitadas com
serragem, raspa de couro, areias coloridas - tudo o que a criatividade
proporciona para este dia santo.
Em Caieiras, a
juventude da cidade promove, com sua criatividade, tapetes que se estendem no
trajeto da procissão deste solene dia, desde a Igreja Matriz de Santo Antônio
até a Igreja de São Francisco de Assis, num trabalho que dura doze horas e que
é coroado com a procissão luminosa em torno ao Santíssimo Sacramento.
Em Porto
Ferreira, a festa tem como finalidade a partilha, em comunhão com as três
paróquias da cidade. Arrecadam-se alimentos que integram os enfeites nas ruas
por onde o Santíssimo Sacramento passa e, após a solenidade, são doados a
famílias que são assistidas por pastorais, como a Pastoral da Criança e
Pastoral da Saúde. Esta iniciativa é realizada desde 2008.
Em Borborema, em São Paulo,
no Brasil,
as ruas são decoradas com enxovais, bordados e artesanatos, produzidos pelas
mais de 50 lojas e fábricas da cidade. Após a procissão, tudo é vendido e a
renda revertida ao Lar de Idosos São Sebastião.
Em Vera Cruz (São Paulo), é tradição os tapetes
de terra e serragem colorida. Desde 1937 a paróquia Sagrado Coração de Jesus
organiza a decoração que cobre as ruas do centro da cidade, sendo um dos
maiores tapetes do gênero no país, com mais de 700 metros de percurso e
chegando a 30 metros de largura em alguns trechos.[6] [7]
Em Cabo Frio (Rio de Janeiro), a principal
avenida da cidade é decorada com tapetes feitos de sal, colorido com tintas
especiais. Esse processo é acompanhado de perto pela igreja matriz Nossa
Senhora de Assunção e, além de ser uma grande festividade religiosa, atrai os
olhares de moradores e turistas de toda a região.
Em Portugal
Em Portugal tradicionalmente
é dia feriado. Em 2013, 14 e 15 o feriado foi retirado, regressando em 2016.[8]
Neste dia em
todas as 20 dioceses de Portugal, fazem-se solenes procissões a partir da
igreja catedral, tal como em muitas outras localidades, que são muito
concorridas. Estas procissões atingem o seu esplendor máximo em Braga, Porto e Lisboa.
Ordenada por dom
Dinis, a festa do Corpus Christi começou a ser celebrada em 1282,
embora haja referências à sua comemoração desde os tempos de dom Afonso III.[9] Em
Portugal, a festa de longa tradição era antigamente celebrada com danças,
folias, e procissões em que o sagrado e o profano se misturavam. Representantes
de várias profissões, carros alegóricos, diabos, a serpe, a coca,
gigantones, ao som de gaitas de foles e outros instrumentos,
desfilavam pelas ruas.[10] Das
danças dos ofícios, em Penafiel, ainda se celebram o baile dos ferreiros, o
baile dos pedreiros e o baile das floreiras.[11] [12]
Esta
celebração tem uma conotação muito forte no Minho, particularmente em Monção e em Ponte
de Lima.
Em Ponte de
Lima, a tradição d´O Corpo de Deus perdura já há vários séculos.
O Corpo de
Deus é celebrado no 60º dia após a Páscoa, ou
mais correctamente na Quinta-feira que se segue ao Domingo da Santíssima
Trindade (que, por sua vez, é o primeiro Domingo a seguir ao Pentecostes)
seguindo a norma canónica. A diferença prende-se no facto de, no dia posterior
ao feriado nacional, se realizar uma celebração, própria e exclusiva da vila,
tendo sido decretado desde 1977 feriado para todos os Limianos.
As celebrações
do Corpo de Deus realizam-se durante todo o dia, sendo os Limianos presenteados
com uma procissão da parte da manhã e outra da parte da tarde em volta da vila
e uma missa para todos os habitantes do Concelho no próprio dia, sempre ao
meio-dia, na Igreja Matriz.
Em Braga, é também
tradição, desde 1923, a presença maciça de Escuteiros do
Corpo Nacional de Escutas - Escutismo Católico Português, pois foi nessa
procissão que os mesmos se apresentaram em público naquele ano.
Tapetes
Os tapetes de
rua são uma tradição e manifestação artística popular realizada por fiéis da Igreja Católica, confeccionados
para a passagem da procissão de Corpus Christi.
A tradição da
confecção do tapete surgiu em Portugal e
veio para o Brasil com
os colonizadores.[13] Os
desenhos utilizados são variados, mas enfocam principalmente o tema Eucaristia.
Para
confeccionar os tapetes são utilizados diversos tipos de materiais, tais como
serragem colorida, borra de café, farinha, areia, flores e outros acessórios.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Corpus_Christi
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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