(*) Rinaldo
Barros
O Brasil
precisa urgentemente de uma Educação nova que se proponha a servir aos
interesses da Nação como um todo, e que se fundamente sobre o princípio da
libertação.
Todavia, no
clima de velório que emana do governo Dilma, talvez seja bom acalmar e parar
para refletir um pouco sobre o Brasil real; aquele que não aparece na
propaganda enganosa, paga com o dinheiro dos impostos, paga com o suor da
maioria sofrida do nosso povo.
Pois, com
nossa economia arruinada (com inflação sem controle, desemprego crescente, fuga
de investidores, juros altos e governo sem credibilidade, à beira de ser apeado
do poder), a verdade é que nossas crianças ainda brincam na lama do esgoto a
céu aberto em muitas comunidades periféricas; milhares de famílias ainda são
soterradas em casas cuja segurança ninguém controla; nossos jovens estão
perdidos, em meio à epidemia do crack, à mercê dos traficantes, e são
assassinados nas esquinas; em favelas ou condomínios de luxo - tanto faz -
somos reféns da bandidagem geral; e os velhos, mulheres e crianças pobres estão
morrendo, sem atendimento, no chão dos corredores dos hospitais públicos.
Políticos e
grandes empresários continuam numa queda de braço para ver quem é o mais impune
dos corruptos, e está provado que os brasileiros somos péssimos em Educação.
A Educação no
Brasil vai muito mal. Nosso país está atrasado nesse quesito, perdendo até para
países vizinhos.O que os argentinos e os uruguaios fizeram, a partir de meados
do século 19, nós só começamos a fazer na segunda metade do século 20. Temos um
atraso histórico de 100 anos em relação a nossos vizinhos.
Não vou nem
comparar com a Finlândia, Alemanha, Canadá ou Japão. São de outros planetas...
É óbvio que a
Educação é a base que falta para que o Brasil deixe de ser um país de
injustiças sociais e econômicas. E é patético que nosso futuro ainda dependa da
manipulação escancarada da população mais carente, desinformada e despreparada,
sem condições de discernir o que é melhor para si e para a Nação.
Os pobres
estão naufragando a partir do 4º. Ano do Ensino fundamental; a maioria para de
estudar, não porque tenha de trabalhar, mas porque sente que não está
aprendendo nada que seja útil para sua sobrevivência, no mercado de trabalho.
Metade, eu disse metade, dos jovens abandonam o Ensino Médio, sem concluir.
Precisamos
muito de crianças que saibam ler, escrever e contar no fim do 4º. Ano do
Fundamental; de jovens que consigam raciocinar e tenham o hábito de ler pelo
menos um jornal diariamente, no Ensino Médio; de universitários que possam se
expressar falando e escrevendo corretamente, em lugar de copiar trabalhos.
Qualidade na
Educação e Liberdade de expressão também são pilares da Democracia!
Que a Educação
do futuro, alargando a sua finalidade para além dos limites do individualismo,
assuma, com uma feição mais humana, a sua verdadeira função social,
preparando-se para trocar "a hierarquia autoritária" pela
"hierarquia das capacidades, do talento, e do mérito", recrutadas em
todos os grupos sociais para os quais devem se abrir as mesmas oportunidades. O
povo quer e merece mais.
Educação que
desenvolva os meios de ação durável com o fim de dirigir o desenvolvimento
integral do ser humano, em cada etapa de seu crescimento.
Educação que
tenha o seu ideal condicionado pela vida social, mas profundamente humano,
eivado de solidariedade e cooperação. A escola do futuro deve ser prazerosa
para a infância e a juventude, e deve ser também destruidora de preconceitos.
Deve servir para transformar as futuras gerações em cidadãos solidários.
A escola
tradicional, ultrapassada, que sempre manteve o indivíduo na sua autonomia
isolada e estéril, resultante da doutrina do individualismo, teve até
importante papel histórico no início da formação da sociedade atual. Mas, o seu
tempo já passou, está perdida e desnorteada em relação aos novos desafios do
século XXI.
A escola do
futuro deve ter como base a atividade produtora do conhecimento científico e
tecnológico, como fundamento da sociedade humana; tendo a Liberdade como farol.
Urge
restabelecer, entre homens e mulheres, o espírito do (re) encantamento, com
disciplina e respeito pelos educadores, solidariedade e cooperação, por uma
profunda obra social fundada nas imensas possibilidades oferecidas pela
Tecnologia da Informação.
A Educação tem
uma função social estratégica para a construção do desenvolvimento sustentável.
Mas, para se fazer vida, depende de encontrarmos a saída desta encruzilhada do
labirinto: o que fazer após o impeachment da Dilma? Primeiro passo: novo pacto
federativo, reduzindo o tamanho do Estado. Depois, Educação como prioridade
máxima, e a Liberdade como farol.
(*) Rinaldo
Barros é professor – rb@opiniaopolitica.com
Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzagueano José Romero de Araújo Cardoso
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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