Por José Mendes Pereira
Muito difícil
de uma explicação, porque o risco que corria o pau, corria o machado, mas, se
analisarmos bem direitinho, a cangaceira conquistada era mais corajosa do que o
cangaceiro conquistador.
No mundo
cangaceiro do Nordeste Brasileiro os pesquisadores e escritores registraram
algumas traições de cangaceiras, e até hoje, não se sabe o porquê de suas
traições, vez que elas sabiam que no livro de código criado pelo proprietário
da “Empresa de Cangaceiros Lampiônica & Cia”, o rei do cangaço e respeitado
capitão Lampião, a mulher, de forma alguma, podia trair o seu companheiro,
enquanto estivesse fazendo parte da sua empresa. Se desrespeitasse o código da
empresa, seria severamente punida, e a punição, nada mais era ser assassinada
pelo seu companheiro, ou pelos seus colegas que pertenciam à empresa.
Tenho notícias
de algumas traições de cangaceiras e findaram sendo mortas pelos seus companheiros.
Uma delas foi a Lili.
Segundo o
escritor Alcino Alves Costa - http://cariricangaco.blogspot.com.br/2012/01/existia-amor-no-cangaco-por-alcino.html
- após ser companheira de Lavandeira e de Mané Moreno, a caboclinha do Juá, lá
na vastidão do Raso da Catarina, se acamaradou com o temido cangaceiro Moita
Braba. Mesmo assim, sabendo que seu companheiro era portador de uma
periculosidade extremada, Lili não temeu em coabitar com o cangaceiro
Pó-Corante. Eis que um dia ao retornar de mais uma razia, ao chegar ao coito,
Moita Braba encontrou a sua Lili nos braços de Pó-Corante. O desalmado
cangaceiro não pestanejou, puxou sua arma e disparou vários tiros em sua
infeliz e traidora companheira, matando-a instantaneamente.
Àquela vida vivida
e sofrida pelas mulheres dentro dos serrados e sem liberdade fez com que
algumas delas deixassem de amar os seus companheiros, e tentaram amenizar esta
solidão nos braços de outros homens, assim fez a cangaceira Lídia que se
apaixonou pelo cangaceiro Bem-te-vi, e vez por outra os dois escapuliam em
direção às matas, pra viveram um romance amoroso, até que um cangaceiro de
alcunha Coqueiro descobriu e não quis calar, revelando ao seu companheiro Zé
Baiano, e sem perdão, ele a assassinou no coito a pauladas.
Um outro caso
registrado foi o amor vivido pela cangaceira Cristina que era companheira do
cangaceiro Português. Esta o traiu com o cangaceiro Gitirana, mas foi castigada,
foi assassinada a facadas por Luiz Pedro, Candeeiro e Vila Nova.
Afirmam os
historiadores que Maria de Pancada era a que mais traía o seu companheiro
Pancada. Era fogosa ao estremo, e viu, gostou, já estava preparada para um novo
acasalamento. Não temia um tico o seu companheiro que vivia mal-humorado.
Ela não estava nem aí. Também existem informações que a dona Dulce Menezes também
teria traído o seu companheiro Criança, mais isso aconteceu quando não estavam
mais no cangaço.
E Maria Bonita traía o seu companheiro o rei Lampião?
Existem histórias fundidas por pessoas que não têm nenhum compromisso com a verdade, afirmando que Maria Bonita tinha caso amoroso com o cangaceiro Luiz Pedro, mas todos os remanescentes de Lampião quando eram entrevistados pelos pesquisadores, escritores, repórteres e jornalistas sobre esta possível traição, as respostas eram sempre as mesmas que: em nenhum momento Maria Bonita traiu Lampião com o cangaceiro Luiz Pedro, e muito menos com nenhum deles. E ainda respondiam que todos os cangaceiros respeitavam muito Maria Bonita. Quando falavam diretamente com ela a chamavam de dona Maria, e quando se referiam a ela, chamavam-na de dona Maria do Capitão.
Não precisa mais duvidar de quem com ela conviveu. Todos poderiam até mentirem e criarem conversas não existentes, já que ela não mais existia. Mas não! Eles respondiam só afirmando o respeito que toda cangaceirada tinha com Maria Bonita.
Durante muitos
anos eu trabalhei na Escola Estadual José Martins de Vasconcelos aqui em Mossoró, com o pastor Antonio Teixeira, e que sempre
ele me dizia: “O homem quando sai da casa de uma "adúltera", e se ele cheirar o
colarinho da sua camisa, tem cheiro de defunto, de velório”. Não todos, mas em
alguns casos, têm! É o caso destas mulheres que mesmo sabendo que a coisa poderia se tornar em mortes, defuntos, mesmo assim, elas traíram os seus companheiros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário