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sexta-feira, 12 de maio de 2017

BELLINI E LAMPIÃO

Por Antonio Corrêa Sobrinho


AMIGOS,

O lateral e capitão da seleção brasileira de futebol, campeã mundial em 1958, na Suécia, Hilderaldo Luís BELLINI, celebrizado, sobretudo, pelo seu gesto inusitado ao erguer para o alto a taça Julis Rimet, logo após a inédita conquista, tinha uma característica pouco ou não conhecida de nós outros, a de ser um dos jogadores mais duros e violentos no campo de jogo, a ponto de ensejar crítica, como esta que trago, extraída das colunas de O GLOBO. Na matéria, este jogador, em tom de brincadeira, é comparado, no seu modo ríspido e destemido de jogar futebol, de disputar bolas e proteger sua zaga, ao de lutar do cangaceiro Lampião. 

Tal qual a naturalidade com que tratamos da violência como essência do cangaço, especialmente a praticada por Lampião e seus asseclas, de igual maneira devemos ver e considerar o modus operandi, a forma dura e nem sempre leal como se travavam as pelejas do esporte bretão, na época de Bellini, especialmente por parte dos zagueiros. Consideração que devemos, sim, fazê-lo, até para que não pareça que estamos aqui a desqualificar e desmerecer o nosso campeão. 

Pelo menos no futebol, tenho a sensação de que estamos evoluindo cada vez mais para um estágio de maior intolerância à violência nos jogos de futebol, tão admitida, embora já criticada, nos tempos de Belini. Hoje, é preocupação das arbitragens combatê-la, refreá-la, causadora de punições severas. 

Mas, está aí, meus amigos, algo que eu não desconhecia (risos), que o primeiro capitão da seleção brasileira campeã mundial, Bellini, era fã do grande capitão das caatingas, se verdadeiras as palavras do diário carioca.

 “TORNEIO DOS TARADOS”

É com grande satisfação que informamos a todos que Beline acabou mesmo inscrevendo-se no “Torneio dos Tarados”. Isto significa que existe renovação de valores no “sindicato do crime”. Os mais velhos vão cedendo o lugar aos jovens esperançosos na longa estrada dos “fora da lei”.

Bellini, sendo ainda muito moço, tem um grandioso futuro. Poderá até matar alguém! Desde menino que o zagueiro vascaíno é chegado a estas coisas. Todos os garotos da rua em que ele morava colecionavam figurinhas com as caras dos jogadores. Menos o Belini que juntava retratos do Lampião.

Imagem de Lampião usada pelo Jornal para ilustrar esta matéria.

Lampião foi o seu ídolo dos tempos de criança.

Quando um garoto mostrava o retrato do Friendereich, Bellini dava uma gargalhada e dizia:

- Ah! Ah! Ah! Se este cara se meter a driblar o Lampião, leva logo uma facada no olho! Ninguém tem peito para driblar o “maior do mundo”!

Não adiantava explicar que o Lampião não havia sido jogador de futebol, porque vinha logo a resposta:

- Não jogava porque não queria! Se quisesse, qual era o palhaço que ia dizer que não?

Por isso, quando algum suicida tenta driblar o Belini, está arriscando a vida. Ele faz o que o “cangaceiro nº 01” fazia.

O substituto do Augusto só se queixa de uma coisa em ser “tarado do futebol”:

- No dia do jogo a chuteira da gente fica apertada! Ela começa a nos machucar. Fica molhada de sangue e encolhe, apertando os nossos calos...

Jornal "O Globo" – 15/10/1953

Fonte: facebook
Página: Antonio Corrêa Sobrinho
Grupo: Lampião, Cangaço e Nordeste
Link: https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste/

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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