Por José de Paiva Rebouças
O ASSASSINATO
DO CANGACEIRO JARARACA
Por volta das
onze horas da noite do dia 18 de junho de 1927, Jararaca que dormia em sua sela
na cadeia pública de Mossoró, foi acordado pela polícia. Disseram que o levariam para Natal.
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Suspenso pelos
braços, foi levado para fora da cadeia. Lá fora, estavam os tenentes João
Antunes, Laurentino de Morais e Abdon Nunes os sargentos Pedro Sílvio de
Morais, João Laurentino Soares e Eugênio Rodrigues, além dos cabos José Trajano
e Manoel, bem como os soldados Militão Paulo e João Arcanjo.
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Jararaca
reclamou estar sem as suas sandálias, mas os policiais fizeram pouco dele.
Depois disse que não aguentava viajar de carro, mas lhe disseram que os
levariam até a estação, onde tomaria um trem até Areia Branca, e de lá
embarcação para a capital.
http://josemendespereirapotiguar.blogspot.com.br/2015/12/despedida-do-ultimo-trem-de-passageiros.html
Em momento
algum o preso se convenceu, por isso não estranhou quando os policiais fingiram
uma pane no motor do automóvel em frente ao cemitério.
“Eu sabia que vocês me
traziam praqui”,
disse Jararaca.
A partir de
então, começou a tortura. Um soldado puxou sua perna ferida, fazendo-o urrar de
dor. O motorista Homero Couto que nada tinha a ver com a história, presenciou o
ato brutal.
“O soldado do
lado oposto desferiu-lhe violenta coronhada de fuzil na cabeça, sem dar-lhe
tempo ao mais leve gesto de defesa. Sucederam-se as pancadas. Tomavam
proporções altíssimas, em meio ao silêncio da noite. Pareciam que socavam terra”,
disse, segundo relatos de Raul Fernandes.
Mesmo sobre
forte ataque de covardia Jararaca não se entregava.
“Você querem me matar, mas
não vão me ver chorar de medo, nem pedir de mãos postas para não me tirar a
vida. Vocês vão ver como é que morre um cangaceiro”, esbravejou, segundo conta
Sérgio Dantas.
Um tiro na
cabeça, por traição, teria findado o sofrimento. Jararaca caiu com todo o corpo
em uma cova já aberta para ele. Mas o espaço era pequeno e para poder enterrar,
os soldados tiveram de quebrar suas pernas a coices de fuzil.
Nos dias
seguintes, todos comentavam a morte do cangaceiro. O jornal O Mossoroense
informou que ele havia morrido a caminho de Natal. Seu laudo cadavérico, feito
com ele ainda vivo na cadeia, diz que sua morte se deu por “projéteis de arma
de fogo”.
Túmulo do cangaceiro Jararaca - http://blogdodrlima.blogspot.com.br/2012/04/restos-mortais-dos-cangaceiros-que.html
De cangaceiro
a santo de Mossoró
As
circunstâncias da morte de Jararaca causaram comoção entre as pessoas mais
pobres e o túmulo do cangaceiro virou ponto de romaria. Para muitos, ele foi
enterrado vivo e teve tempo de se arrepender dos pecados.
Há relatos de
pessoas que teriam alcançado alguma graça ao rezar no túmulo do cangaceiro, um
dos mais visitados, ainda hoje, no velho cemitério de Mossoró, principalmente
no dia de finados.
Continuaremos amanhã com o título:
"HERÓIS DA RESISTÊNCIA"
Continuaremos amanhã com o título:
"HERÓIS DA RESISTÊNCIA"
Fonte: Jornal
De Fato
Revista: Contexto Especial
Nº: 8
Páginas: 41
Ano: 6
Cidade: Mossoró-RN
Editor: José de Paiva Rebouças
E-mail: josedepaivareboucas@gmail.com
Ilustrado por: José Mendes Pereira
Revista: Contexto Especial
Nº: 8
Páginas: 41
Ano: 6
Cidade: Mossoró-RN
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http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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