Por Voltaseca Volta
Guilherme
Alves dos Santos. Baiano de Paulo Afonso, nasceu em 1910, entrou para o cangaço
em 1929, travando seu primeiro combate com a volante de Mané Neto. Pertenceu
aos bandos de Lampião e Corisco.
Estava na
Grota do Angico, em 28/07/38, e suas entrevistas geraram muitas controvérsias.
Nesse combate foi o autor da morte do soldado Adrião (assunto polêmico).
Entregou-se à
polícia baiana em 21-10-38, com outros cangaceiros, em troca da anistia.
Faleceu aos 82
anos, no dia 13-06-1992, em Itaquecetuba/SP. Teve várias companheiras, e mais
de 25 filhos. Foto do cangaceiro, ainda, no cangaço.
ADENDO - JOSÉ MENDES PEREIRA
O cangaceiro
Balão enfeitou as suas respostas mais do que o que devia.
Por: José
Mendes Pereira
Em 1973, o
cangaceiro Balão cedeu entrevista à Revista Realidade, e para mim, não sei se
estou certo, Balão foi o cangaceiro que mais fantasiou as suas respostas. É
claro que cada um deles queria levar a sardinha para o seu prato, mas não era
necessária tanta fantasia.
O cangaceiro
Balão
“-Estávamos
acampados perto do Rio São Francisco. Lampião acordou às 5 horas da manhã e
mandou um dos homens reunir o grupo para fazer o ofício de Nossa Senhora. Enquanto
lia a missa em voz alta, todos nós ficamos ajoelhados ao lado das barracas,
respondendo amém e batendo no peito na hora do Senhor Deus".
Continua: "-Terminado
o ofício Lampião mandou Amoroso buscar água para o café. Mas quando ele se
abaixou no córrego, veio o primeiro tiro. Havia uma metralhadora atrás de duas
pedras, a 20 metros da barraca de Lampião. Pedro de Cândido, um dos nossos,
havia nos traído, e acho que tinha dado ao sargento Zé Procópio até a posição
das camas."
"-Numa
rajada de metralhadora serrou a ponta da minha barraca..."
E continua
o cangaceiro Balão: "- Meu companheiro Mergulhão, levantou-se de um
salto, mas caiu partido ao meio por nova rajada. Eu permaneci deitado, e com
jeito coloquei o bornal de balas no ombro direito, o sobressalente no esquerdo,
calcei uma alpargata. A do pé esquerdo não quis entrar, e eu a prendi também no
ombro. Quando levantei, vi um soldado batendo com o fuzil na cabeça de
Mergulhão. De repente ele estava com o cano de sua arma encostada na minha perna
e eu apontava meu mosquetão contra sua barriga. Atiramos. Caímos os dois e
fomos formar uma cruz junto ao corpo de Mergulhão. Levantei-me devagar. O
soldado estava morto e minha perna não fora quebrada.
"-Então
vi Lampião caído de costas, com uma bala na testa..."
Continua
Balão: "-Moeda, Tempo Duro (este não aparece na lista oficial
dos abatidos, e nem tão pouco na lista de Alcino Alves Costa); Quinta-feira,
todos estavam mortos. Contei os corpos dos amigos. Nove homens e duas
mulheres. Maria Bonita, ferida, escondeu-se debaixo de algumas pedras. Mas
foi encontrada e degolada viva. Não havia tempo para chorar. As balas batiam
nas pedras soltando faíscas e lascas. Ouviam-se os gritos por toda parte. Um
inferno. Luiz Pedro ainda gritou: -Vamos pegar o dinheiro e o ouro na
barraca de Lampião. Não conseguiu. Caiu atingido por uma rajada".
Em minha
opinião esta afirmação do cangaceiro Balão contraria o que disse Mané Veio,
pois nas declarações que deu aos repórteres, o policial levou um bom
tempo para assassinar Luiz Pedro.
Continua:
"-Uma vez me perdi do bando e fiquei um ano nas caatingas de Bebedouro,
Jeremoabo, Cipó de Leite, sem ver uma alma viva. No começo eu estava com ANJO
ROQUE e sua mulher".
Continua o
depoente: "-Corri até ele, peguei seu mosquetão e com Zé Sereno
conseguimos furar o cerco. Tive a impressão de que a metralhadora enguiçou
no momento exato. Para mim foi Deus".
Minhas
inquietações:
1 - Será mesmo
que depois da missa ele voltou a se deitar?
2 - Como foi
que ele viu que a bala que atingiu o rei foi mesmo no meio da testa, quando ele
diz que Lampião estava de costas?
3 - Como foi
que no meio de um cerrado tiroteio ele teve coragem de ir pegar o mosquetão de
Luiz Pedro que já estava morto?
4 - Como foi
que ainda deu tempo para ele contar os mortos, pois no meio de um tiroteio,
qualquer ser humano não espera por nada, muito menos para contar quem lá
morreu?
5 - Como foi
que ainda deu tempo para ele calçar as alpargatas?
6 - Por que
Balão caiu quando ele e o policial ambos atiraram, se ele não sofreu nenhum
impacto para ser derrubado?
7 - Balão
disse que após o massacre ao grupo de cangaceiros passou um ano nas caatingas
sem ver um pé de pessoa, comendo carne de bode. Onde ele arranjava fósforos
para fazer fogo e cozinhar a carne?
O amigo Balão fantasiou algumas respostas. Muitas verdades, é claro, mas outras, fantasiadas. Gostaria muito que as suas respostas fossem verdades. Mas pelo que ele disse, não há como eu acreditar em todas.
O amigo Balão fantasiou algumas respostas. Muitas verdades, é claro, mas outras, fantasiadas. Gostaria muito que as suas respostas fossem verdades. Mas pelo que ele disse, não há como eu acreditar em todas.
Este
artigo foi também publicado no blog Cariri Cangaço, com o título:
Um pouco
mais Angico, só para não perder o ritmo.... Por: Mendes e Mendes
http:/cariricangaco.blogspot.com
Clique neste link para você ler com mais detalhes a entrevista que o cangaceiro
Balão cedeu à "Revista Realidade"
http://blogdomendesemendes.blogspot.com.br/2011/06/cangaceiro-balaosensacional-entrevista.html
Se você não o leu, clique no link abaixo:
http://blogdomendesemendes.blogspot.com.br/2012/04/o-cangaceiro-balao-enfeitou-as-suas.html
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