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sábado, 21 de outubro de 2017

A MARIA BONITA DE MELCHIADES ROCHA

Por Geziel Moura

Não é novidade que a historiografia do cangaço de modo geral, em particular, a de Lampião, está encharcada de incertezas, dentre elas, a origem de sua alcunha, a morte de seu irmão Antônio Ferreira, suas relações com os coronéis, daí destaco o de Princesa, José Pereira Lima.


Assim, para todas as indagações que envolvem o cangaço lampiônico, temos diversas respostas, das lógicas e coerentes às mais estapafúrdias possíveis, configurando-se, não raro, em verdadeiras teorias de conspirações à moda Oliver Stone.

Na medida em que, sempre deixei as "verdades" do cangaço, e suas "aproximações de verdades" em suspeição, busquei pensar naquelas explicações que eram imbuídas, não de certezas históricas, mas de se fazer e ter sentido plausível, a ordem agora não é encontrar "verdades", mas sentido razoável, nos relatos.

Nessa direção, o genial escritor lampiônico, Frederico Pernambucano de Mello, nos aponta, em sua última obra, "Guerra em Guararapes & outros estudos", uma nova perspectiva, para a origem do apelido (Maria Bonita), da companheira de Lampião, Maria Gomes de Oliveira.


Portanto, é pacífico, entre os pesquisadores, escritores e leitores da saga de Virgolino e Maria Bonita, que o apelido, dela, não era utilizado no interior do bando, as ex-cangaceiras Sila e Dadá testemunharam dessa forma, inclusive afirmando que este vulgo, circulava apenas no seio da polícia, e por consequência, incorporado pela imprensa posteriormente.

Frederico Pernambucano de Mello comenta que este novo olhar para o apelido, "Maria Bonita", foi disparado pelo repórter Melchiades Rocha, o primeiro quem cobriu, a matéria jornalística da hecatombe de Angico, e que esteve com ele, Frederico, no ano de 1983, na cidade do Rio de Janeiro.

A conversa entre os dois começou com a seguinte pergunta de Melchiades a Frederico: "Você sabe como apareceu este apelido Maria Bonita?" sem dá tempo de seu interlocutor responder, o idoso repórter revela o mistério: "Não apareceu no sertão, foi coisa de repórteres daqui mesmo do Rio de Janeiro, eu estava entre eles".

Diante da surpresa do escritor, Melchiades se reportou para a origem do apelido, à inspiração de livro de 1914, e que virou filme em meados de 1937, cujo título era/é "Maria Bonita". 


O filme que Melchiades se refere, foi protagonizado pela atriz Suely Belo, que fazia o papel título da película, na personagem Eliana Angel, nada mais era que um romance fílmico, daqueles da Sessão da Tarde, que nada se relacionava com sertão ou cangaço.

A ótica produzida por Melchiades Rocha, para o apelido de Maria Bonita, e que foi discutido, por Frederico Pernambucano, o "Number One", pode até não ser a "Verdade Verdadeira", mas que está impregnada de lógicas e coerências, no contexto histórico, está.

Para conhecer, um pouco mais, a primeira Maria Bonita, segue a edição da Revista Cinearte de 15/04/1937. Boa leitura!


Fonte: facebook
Página: Geziel Moura
Grupo: Historiografia do Cangaço 

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