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segunda-feira, 23 de outubro de 2017

COMO NOUTROS TEMPOS

Por Rangel Alves da Costa

Domingo cedinho, ainda escurecido. Acordei no sertão saudoso demais, relembrando aquele outro sertão. Um Poço Redondo do passado, de outros idos, de outros tempos. E fiquei imaginando que mais tarde não ouviria meu pai Alcino levantar e logo colocar Tonico e Tinoco na radiola. “Nestes versos tão singelos, minha bela, meu amor, pra você quero contar o meu sofrer e a minha dor. Eu sou que nem sabiá quando canta é só tristeza desde o galho onde ele está. Nesta viola eu canto e gemo de verdade, cada toada representa uma saudade...”. Uma Tristeza do Jeca que me chega ainda mais entristecida. Quanta saudade de tudo. E depois, após Zico e Zeca, Liu e Léu, Pedro Bento e Zé da Estrada, Cascatinha e Inhana, Dino Franco e Mouraí, dentre outros do cancioneiro caipira, avistar Seu Alcino saindo pelas ruas arrastando havaianas. Do muito de tudo, muita gente se esquece. Mas eu não. Ontem mesmo, sábado, ao entardecer, foi como ainda estivesse ouvindo seu Sertão, Viola e Amor pela Rádio Xingó. “Alô, alô Alcino Alves Costa, quem vos fala é Dino Franco. A seguir vou cantar um cateretê de nossa autoria intitulado Sertão, viola e amor... No Nordeste brasileiro uma onda se espalhou, a voz da Rádio Xingó com seu apresentador. Foi uma benção divina a um povo sofredor, o violeiro cantando sertão, viola e amor...”. O mundo pode esquecer. Eu não.

Rangel Alves da Costa

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