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sexta-feira, 9 de março de 2018

A HISTÓRIA DA PASSAGEM DE LAMPIÃO PELA REGIÃO OESTE POTIGUAR E A POSSÍVEL INVASÃO A PATU.

Por Aluisio Dutra de Oliveira

A passagem do bando de Lampíão pelo Rio Grande do Norte causou muito sofrimento e revolta nos moradores dos pequenos lugarejos que sentiram na pele a sua perversidade. Segundo matéria publicada pelo portal G1, sobre passagem de Lampião por terras potiguares, conta que na madrugada de 10 de junho de 1927 Lampião e seu bando entravam em terras potiguares. Eles chegaram pela Paraíba, cruzaram a divisa e apearam-se em uma casa que fica no sítio Baixio, no pé da Serra de Luís Gomes-RN. Quando amanheceu o dia os cangaceiros se embrenharam na caatinga, galoparam por veredas, saquearam fazendas e fizeram prisioneiros várias pessoas. Passaram pela Fazenda Nova, onde hoje é o município de Major Sales, e fazenda vizinha, a Aroeira, onde hoje é a cidade de Paraná, onde fizeram reféns e provocaram desordens. “A passagem do bando de Lampião pelo RN está qualificada como banditismo, pois tem casos de assalto, assassinato e uma novidade que até então não tinha aqui que era o sequestro”, explicou o pesquisador Rostand Medeiros que já fez o mesmo trajeto de Lampião no RN algumas vezes. No dia 10 de junho de 1927 o grupo chegava na Vila Vitória, território que hoje pertence ao município de Marcelino Vieira onde praticaram arruaças e terror. A notícia de que o bando estava invadindo propriedades na Vila Vitória mobilizou a força militar. A polícia juntou homens para enfrentar os cangaceiros. O combate aconteceu no local onde hoje é o açude de Marcelino Vieira. Depois de provocar terror em Marcelino Vieira o bando não demorou para chegar ao povoado de Boa Esperança, local onde hoje é o município de Antônio Martins. O ataque aconteceu em frente a igrejinha da comunidade onde acontecia a festa de Santo Antônio. “Em vez de recepcionar a banda de música para a novena do padroeiro os devotos foram surpreendidos com a chegada dos cangaceiros que bagunçaram as casas, saquearam o comércio, quebraram melancia na cabeça do dono e acabaram com a festa”, contou o historiador Chagas Cristovão.


O principal comércio da época ficava ao lado da Igrejinha. O prédio ainda guarda as características de antigamente. Relatos dão conta de que na tarde do ataque o bando só foi embora depois que uma senhora implorou. “Atendendo ao pedido de Rosina Maria, que era da mesma terra de Lampião, o bando deixou o vilarejo e seguiu rumo a Mossoró.”, concluiu o historiador.

No dia 11 de junho o bando entrava na Vila de Lucrécia onde continuaram fazendo maldades. Uma das casas invadidas na Fazenda Serrota continua preservada. Na janela estão as marcas de tiros e nas paredes os retratos daqueles que estiveram frente a frente com Lampião. Fizeram prisioneiro um fazendeiro onde teria sido levado por uma estrada de terra onde hoje é a RN 072. Os cangaceiros pediram dez contos de reis para poder soltar o mesmo. “Um grupo de mais de dez homens foi até lá pra tentar salvar Egídio, mas foi surpreendido por uma emboscada. Três homens acabaram mortos.”, relatou a pedagoga Antônia Costa.

No local do massacre foi construído um monumento em homenagem aos homens. Em Lucrécia eles são reconhecidos como heróis. “Todo dia 11 de junho tem programação na cidade em memória de Francisco Canela, Bartolomeu Paulo e Sebastião Trajano”, enfatizou a pedagoga.


O bando seguiu desafiando a caatinga. Os rastros de destruição ficavam pelas propriedades. Na manhã do dia 12 eles entraram na Fazenda Campos, onde hoje é território de Umarizal. Na casa grande, que estava abandonada pelos donos amedrontados, eles ficaram pouco tempo até pegarem a estrada novamente. Uma marcha que parecia não ter fim.

A notícia que o bando de lampião estava na região e poderia passar por Patu se espalhou vindo das bandas de Lucrécia onde o terror tinha tomado de conta. O chefe da intendência de Patu era o senhor Joaquim Godeiro da Silva que formou dois grupos para defender a população do ataque de lampião. Um grupo ficou localizado na entrada de Patu, entricheirados nas proximidades do sítio Manuê, formado pelas seguintes pessoas: Joaquim Godeiro Sobrinho, soldado Abdon, José Godeiro da Silva, João Caipora, José de Almeida, Almino Bento e João Inácio. Outro grupo ficou entricheirado próximo a usina de Alfredo Fernandes no bairro da Estação. Os moradores ficaram apavorados com a possibilidade dos bandidos​ cangaceiros passarem por Patu. No santuário do Lima o medo era grande também pois correu a notícia que lampião e seu bando viriam ao Lima. O padre Geraldo Van de Geld assombrado com as conversas​ do povo tratou logo de esconder os vários litros de vinho canônico utilizado nas celebrações. O padre enterrou dezenas de garrafas de vinho em determinado local. Depois de vários dias que ele soube que Lampião e seu bando já estavam pelas bandas de Mossoró, o padre foi desenterrar as garrafas de vinho e para a sua surpresa muitas delas estavam vazias pois as formigas e outros insetos comeram as rolhas de cortiça das garrafas e o vinho foi bebido pela terra.


Em Patu, depois que circulou a notícia que Lampião tinha mudado o trajeto, ou seja, seguindo por outro caminho até chegar a Mossoró foi um alívio para a população. Em Mossoró Lampião e seu bando encontraram os heróis da resistência, liderado pelo chefe político Rodolfo Fernandes, onde combateu Lampião e seus cabras onde o mesmo bateu em retirada depois de uma chuva de balas.

Fonte:

Revista Roteiros de Patu. Editor Miguel Câmara Rocha.
A Folha Patuense. Editor Aluísio Dutra de Oliveira.



 Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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