*Rangel Alves da Costa
O domingo foi verdadeiramente espetacular e desmoralizante ao poder judiciário brasileiro. A partir de uma tramoia armada por alguns deputados petistas, com a conivência de um desembargador federal, ficou tudo acertado que o ex-presidente Lula seria, através da concessão de uma liminar em habeas corpus, seria solto neste domingo.
Coincidência das mais vergonhosas, das mais lamacentas ao judiciário brasileiro. Um pedido de habeas corpus protocolado para ser julgado por um petista atuando como desembargador plantonista. Escolha feita com antecedência, já tudo acertado, até mesmo o fato novo usado na fundamentação: Lula deveria ser solto por que candidato a presidência da República. Fato novo? Desde quando o PT e Lula já fazem campanha aberta?
Então começou a guerra das decisões envolvendo o desembargador plantonista Rogério Favreto, o juiz Sérgio Moro, além dos desembargadores João Pedro Gebran Neto e Thompson Flores, este presidente do TRF-4. E até com a pitadinha da presidente do STF, ministra Carmen Lúcia, que ao invés de ser mais evidente para dirimir a bagaceira disse apenas que era preciso respeitar os ritos as hierarquias.
Favreto, desembargador plantonista e petista de carteirinha, ex-empregado de governos petistas até ser indicado à magistratura pelo quinto constitucional sob a proteção do governo Dilma, logicamente foi o escolhido para, enfim, conceder a liberdade ao presidiário Lula. E isto após todas as instâncias já terem se pronunciado e negado a soltura. Mas o desembargador plantonista acolheu o pedido dos impetrantes deputados.
“Lula, teje solto!”. Tal decisão esbugalhou todos os olhos do país. Esse “Lula, teje solto!”, depois de Sérgio Moro, o TRF-4, o STJ e STF, terem afirmado “Lula, teje preso!”, verdadeiramente transformou o domingo num realismo fantástico e com cenas mirabolantes e estapafúrdias. Foi um domingo de “Solte! Num solto! Teje solto! Num teje!”.
O pior é que quando Favreto disse “Lula, teje solto!”, imediatamente o juiz Sérgio Moro, responsável pela condenação de Lula em primeira instância e por grande parte dos processos da Lava Jato, logo deu um pulo de sua cadeira e disse: “Teje solto não. Teje preso!”. E deu a devida motivação para tal atitude: O Excelentíssimo Favreto era absolutamente incompetente para decidir, em sede de habeas corpus em um juiz plantonista, um caso que seria de responsabilidade da relatoria da oitava turma do TRF-4.
Mas o petista Favreto, compromissado até a tampa com o petismo, acertado até os bofes com os impetrantes petistas, decidiu não voltar atrás. Também não podia, pois jamais deveria deixar de atender uma ordem petista e que estivesse envolvendo a liberdade do ex-presidente e agora presidiário Lula. Então bateu na madeira e novamente gritou: “Lula, teje solto!”. Mais avermelhado que o Boi Garantido, pulou raivoso e urrou a plenos pulmões: “Lula, teje solto!”.
Então Moro, que já não podia fazer mais nada ante a hierarquia do petista desembargador, simplesmente telefonou para o relator dos processos da Lava Jato no TRF-4, o desembargador João Pedro Gebran Neto e relatou sobre a reiteração do “Lula, teje solto!” de Favreto. No mesmo instante Gebran deu uma canetada de quase rasgar o papel e lá estava escrito: “Lula, teje preso!”. E mandou avisar à polícia federal em Curitiba: “Decidi. Lula, teje preso!”.
Então o petista Favreto virou na gota serena. Tomou-se de tanta raiva que afogueou, avermelhou, incendiou, esbaforiu, e retrucou a canetada de Gebran com uma canetada ainda mais violenta: “Lula, teje solto!”. E, completamente insano, já sem fazer uso das próprias razões, saiu gritando pela sala plantonista do tribunal: “Lula, teje solto!”, “Lula, teje solto!”, Lula, teje solto!”.
Deram-lhe uns comprimidos de Pêtênodol e ele foi se acalmando. E mais calmo ainda ficou quando viu o tempo passar e nenhuma outra contraordem feita. Quer dizer, estava valendo o seu “Lula, teje solto!”. Até que bem próximo ao fim do prazo fatal para a soltura do presidiário petista, eis que um grito retumbante se ouviu: “Lula, teje preso!”.
E esse “Lula, teje preso!” foi dado pelo presidente do TRF-4, desembargador Thompson Flores. Favreto se desesperou, quase endoidou novamente, mas não teve jeito. Deram-lhe três comprimidos reforçados de Têjepresonodol e ele apagou de vez.
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