*Rangel Alves da Costa
Infelizmente, pouco ou quase nada a dizer sobre o futuro político de Poço Redondo. Infelizmente por que eu desejava mesmo era tecer vagarosas e prolongadas considerações acerca da visibilidade das forças políticas, dos nomes fortes surgidos no cenário político local, dos grupos consistentes que já se articulam, das reais possibilidades de cada um. Contudo, nada de relevância a dizer sobre isso.
Poço Redondo talvez seja o único município do mundo que não tem nem Praça da Matriz nem grupo opositor ao poder instalado. Verdade, não há oposição em Poço Redondo. Descontentamento ou estar do outro lado não se configura oposição. Rixas pessoais com as forças no poder não demonstram oposição. Forças derrotadas no último pleito também não podem ser tidas como oposição.
Ora, oposição não é feita de futricas, de conversinhas, de fofocas de bastidores nem de proseados de descontentes debaixo dos pés de pau. Oposição não é ser apenas o lado oposto ao que está no poder. Oposição é uma junção de ideais e objetivos com a finalidade de demonstrar que possui maior capacidade administrativa. A verdadeira oposição não se volta apenas para apontar os erros ou as fraquezas do poder, e sim para a união de forças que permitam a vitória e, acima de tudo, mostrar a viabilidade de uma administração muito mais eficiente e voltada aos anseios da população.
Ante tais parâmetros (pessoais, logicamente), conclui-se que verdadeiramente não há oposição em Poço Redondo. O que há, isto sim, são grupinhos rixosos e descontentes. Mas acaso se deseje saber atualmente qual o grupo formado e capacitado para chegar ao poder, para sair vitorioso na disputa pela prefeitura, certamente não haverá nenhuma resposta satisfatória. E o mais complicado ainda é que os grupos formados são tão dispersos que dificilmente haverá meios de unificação num objetivo comum de disputa e vitória.
E não adianta que saiam três, quatro ou cinco candidatos para enfrentar a máquina que está no poder. Será derrota na certa. Ocorreu na disputa para governo do estado e ocorrerá em Poço Redondo. Acaso candidatos achem que são tão fortes que não desejem união, serão fracassos eleitorais garantidos. E o poder atual continuará - para o bem ou para o mal - comandando os destinos do município até que aqueles que se dizem lideranças políticas compreendam que ou se unem ou serão sempre derrotados.
Derrotados não só pelo poder da máquina, mas principalmente pelo dinheiro, pela influência, pela pressão e até pela perseguição. E o mais vergonhoso: derrotado por um poder que já está capengando e fragilizado. As forças de sustentação já se dispersaram em sua maioria, muitas das lideranças de apoio já abandonaram o barco. Quer dizer, atualmente a força maior do poder está na própria liderança do prefeito e no seu poder de articulação.
E no rumo que as coisas estão indo - sem oposição, com pouca articulação e sem o devido reconhecimento dos melhores nomes para o enfrentamento eleitoral - será um homem sozinho, o próprio prefeito, que botará todo mundo no bolso e dirá: bye bye!
Escritor
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