No Fogo do
Maranduba, naquele dia 9 de janeiro de 1932, onde ali morreram 8 volantes e 2
cangaceiros, Antônio Soares (avô do vaqueiro Dedé Soares) estava presente. Ele
estava levando água e alguns alimentos, como rapadura, queijo, farinha e carne
de bode, para os cangaceiros sobre o lombo de um burro. Antônio, o coiteiro dos
cangaceiros de Lampião como todos os Soares, tangia um burro com dois potes de
barro cheios d'água, um pote em cada caçuá, sobre a cangaia.
Depois da
invasão de Canindé, Lampião pretendia se acoitar nas proximidades do Sítio dos
Soares, na região do Maranduba, embora soubesse que as volantes da Bahia e de
Pernambuco estariam seguindo a cabroeira.
Era meio dia
quando Antônio Soares se aproximou do Serrote das Pedras Brancas, ali mesmo no Maranduba,
onde ele sabia que Lampião estava. Os primeiros tiros do Fogo do Maranduba são
disparados, e mais tiros, e mais tiros... O tiroteio é tão forte que Antônio
Soares fica tonto e pensa que o mundo estava acabando em bala e fumaça de
pólvora naquela caatinga fechada do Maranduba. Estava ali acontecendo um dos
três maiores combates de Lampião com as volantes. Antônio Soares abandona o
burro com a carga e corre desesperado pela caatinga. Some mato a dentro... Vai
parar na beira do Rio São Francisco.
O coiteiro
atravessa o rio. E, já em Alagoas, junta-se a um grupo de penitentes e romeiros
do Padre Cícero de Alagoas que estão indo a pé para o Juazeiro Norte. Aí
Antônio Soares segue-os e vai parar no Juazeiro do Norte. E pede abrigo ao
Padre Cícero. Ficou lá na cidade do sagrada do Pedre Cicero por dois anos.
Durante esses dois anos, os seus familiares do Sítio e do Maranduba não tiveram
nenhuma notícia de Antônio Soares. A família acreditava que ele teria sido
morto pelas volantes.
Depois da
morte do Padre Cícero, em julho de 1934, Antônio Soares é aconselhado pelos
padres do Juazeiro a retornar para sua terra e para os familiares. Chegou ao
Maranduba, depois de muitos dias de caminhada a pé.
Ainda com medo
das volantes, Antônio Soares ficou escondido na caatinga do Maranduba por
diversos anos.
Certo dia,
Antônio Soares estava nas proximidades das Pias do Maranduba, em meio à
caatinga, quando viu duas mulheres lindas se aproximarem dele. Duas moças
bonitas. De repente, as moças lindas pareciam anjos de asas. Subiam e desciam
nos galhos das árvores, flutuando, voando. Desapareciam e depois voltavam. E
sentavam nos galhos das braunas e umbuzeiros. Nesse instante, Antônio Soares
entendeu que aquela "visagem" era um sinal para que ele retornasse
para o convívio de sua família. Aí ele decidiu ir para a Fazenda Capoeiras na
beira do Rio São Francisco, onde ali moravam os seus familiares.
O Antônio
Soares, que seus familiares acreditavam está morto, reapareceu para os seus
familiares.
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