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domingo, 7 de abril de 2019

O FOGO DO MARANDUBA E A CARREIRA DE ANTÔNIO SOARES


No Fogo do Maranduba, naquele dia 9 de janeiro de 1932, onde ali morreram 8 volantes e 2 cangaceiros, Antônio Soares (avô do vaqueiro Dedé Soares) estava presente. Ele estava levando água e alguns alimentos, como rapadura, queijo, farinha e carne de bode, para os cangaceiros sobre o lombo de um burro. Antônio, o coiteiro dos cangaceiros de Lampião como todos os Soares, tangia um burro com dois potes de barro cheios d'água, um pote em cada caçuá, sobre a cangaia.

Depois da invasão de Canindé, Lampião pretendia se acoitar nas proximidades do Sítio dos Soares, na região do Maranduba, embora soubesse que as volantes da Bahia e de Pernambuco estariam seguindo a cabroeira.

Era meio dia quando Antônio Soares se aproximou do Serrote das Pedras Brancas, ali mesmo no Maranduba, onde ele sabia que Lampião estava. Os primeiros tiros do Fogo do Maranduba são disparados, e mais tiros, e mais tiros... O tiroteio é tão forte que Antônio Soares fica tonto e pensa que o mundo estava acabando em bala e fumaça de pólvora naquela caatinga fechada do Maranduba. Estava ali acontecendo um dos três maiores combates de Lampião com as volantes. Antônio Soares abandona o burro com a carga e corre desesperado pela caatinga. Some mato a dentro... Vai parar na beira do Rio São Francisco.

O coiteiro atravessa o rio. E, já em Alagoas, junta-se a um grupo de penitentes e romeiros do Padre Cícero de Alagoas que estão indo a pé para o Juazeiro Norte. Aí Antônio Soares segue-os e vai parar no Juazeiro do Norte. E pede abrigo ao Padre Cícero. Ficou lá na cidade do sagrada do Pedre Cicero por dois anos. Durante esses dois anos, os seus familiares do Sítio e do Maranduba não tiveram nenhuma notícia de Antônio Soares. A família acreditava que ele teria sido morto pelas volantes.

Depois da morte do Padre Cícero, em julho de 1934, Antônio Soares é aconselhado pelos padres do Juazeiro a retornar para sua terra e para os familiares. Chegou ao Maranduba, depois de muitos dias de caminhada a pé.

Ainda com medo das volantes, Antônio Soares ficou escondido na caatinga do Maranduba por diversos anos.

Certo dia, Antônio Soares estava nas proximidades das Pias do Maranduba, em meio à caatinga, quando viu duas mulheres lindas se aproximarem dele. Duas moças bonitas. De repente, as moças lindas pareciam anjos de asas. Subiam e desciam nos galhos das árvores, flutuando, voando. Desapareciam e depois voltavam. E sentavam nos galhos das braunas e umbuzeiros. Nesse instante, Antônio Soares entendeu que aquela "visagem" era um sinal para que ele retornasse para o convívio de sua família. Aí ele decidiu ir para a Fazenda Capoeiras na beira do Rio São Francisco, onde ali moravam os seus familiares.

O Antônio Soares, que seus familiares acreditavam está morto, reapareceu para os seus familiares.


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