Por Sálvio Siqueira
O CANGACEIRO MIRIM “MENINO – DE – OURO” NO BANDO DE LAMPIÃO
Meus amigos, A
Frente de Combate a Picaretagem no Estudo do Cangaço – FCPEC – não descansa
nunca. Desta feita vimos mostrar que no ataque do bando de Lampião a cidade de
Mossoró, RN, em junho de 1927, o cangaceiro mirim Menino de Ouro, que também
tinha a alcunha de “Alagoano”, não fora ferido no abdômen durante o ataque e, a
seu pedido, foi executado no caminho de volta. Realmente um cangaceiro sofreu
esse ferimento e de tanto penar, sofrer, solicitou por várias vezes que algum
de seus companheiros acabasse de uma vez por todas com aquele sofrimento. Mas
essa história está em uma das partes de nossos textos sobre “a volta, na volta,
do rei do cangaço”.
Sobre os
esclarecimentos da sobrevivência do citado menino cangaceiro, nada melhor do
que ver a explicação na matéria do jornal O Mossoerense numa entrevista cedida
pelo pesquisador/escritor, Juiz de direito, Sérgio Augusto de Souza Dantas.
Transcrita na
íntegra.
“Há poucos
registros sobre a morte de Menino-de-Ouro, que não suportando a dor de um
ferimento sofrido em Mossoró teria pedido a Lampião que o executasse. O livro
desvenda esse episódio?
O episódio já
foi desvendado desde 1995 pelo pesquisador Hilário Lucetti.
Casualmente
Hilário encontrou um certo Zeferino que trabalhava na fazenda Piçarra, do velho
coiteiro de Lampião, Antônio Teixeira, o Antônio da Piçarra.
Aos poucos lhe
granjeou confiança, e acabou com toda a história do Menino-de-Ouro em mãos.
Todo o
episódio, as confusões com o apelido, a prisão do ainda garoto, está contado no
livro "Lampião e o Estado Maior do Cangaço", do próprio Lucetti.
De fato, eu
não desvendo mito nenhum. Apenas referendo as palavras de Lucetti, o qual teve
contato direto e quase diário com o chamado Menino-de-Ouro.
E acrescento
apenas o seguinte:
O episódio da
morte de Menino-de-Ouro é narrada por Raul Fernandes na obra a que me referi
anteriormente, e teve como FONTE ÚNICA o depoimento de Antônio Luiz Tavares, o
ex-cangaceiro Asa Branca.
Raul chega
mesmo a falar que desenterraram o cadáver do garoto ("A Marcha de
Lampião", capítulo 14, nota número 11).
Todavia,
minhas pesquisas no Arquivo Público do Estado e no Instituto Histórico e
Geográfico não registraram a exumação de um garoto no lugar indicado pelo velho
Asa Branca, mas de um homem adulto.
Não lhe posso
precisar agora a data da edição, mas há uma nota inserida em um exemplar do
jornal "A República" sobre o fato. E veja mais um detalhe:
“Segundo o
próprio Lucetti me contou, Zeferino, quando vivo, lhe disse que seu apelido era
Alagoano ou Oliveira, e raríssimas às vezes se referiam a ele como
Menino-de-Ouro.”
Por fim, basta
ver a foto do bando tirada em Limoeiro do Norte em 15 de junho daquele ano. Lá
está o Alagoano, o Oliveira, o Menino-de-Ouro de Lampião posando para o
instantâneo.
Particularmente
creio que o ex-cangaceiro Asa Branca, com todo o respeito que devo à sua
memória, deve ter confundido nomes e passou de forma errônea a história para o
doutor Raul Fernandes, ou mesmo a tradição oral criou o mito Menino-de-Ouro e a
posteridade o repercutiu.
Essa é a minha
visão. Porém respeito a opinião de quem insiste em contrário.”
Fonte: Trecho
de entrevista por: Cid Augusto – O Mossoroense
Nas fotos
veremos o Menino de Ouro no registro fotográfico da cidade de Limoeiro do norte
– CE, quando do bando de lampião em passagem da vinda do ataque frustrado a
cidade de Mossoró, RN, em junho de 1927.
Lembrando que
a referência ao cangaceiro “Alagoano”, número 25 em uma das fotos, é outro
pseudônimo do cangaceiro Menino de Ouro, também enumerado pelo numeral 25, em
outra das duas imagens, já esta trazendo a alcunha de Menino de Ouro.
Mais um
serviço voluntário da FCPEC.
Foto – pescada
no grupo de estudo sobre o tema cangaço “O Cangaço”
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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