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quarta-feira, 30 de outubro de 2019

O MISTERIOSO CASO DE BOBBY DUNBAR


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Quando Lessia e Percy Dunbar, de Opelousas, Lousiana (EUA), saíram com seus filhos Bobby e Alonzo para uma viagem ao Lago Swayze em um dia ensolarado em agosto de 1912, eles não tinham ideia do que os esperava.

Se soubessem, eles provavelmente não teriam saído de casa. Mas como eles poderiam saber que os acontecimentos daquele dia teriam repercussões até um futuro tão distante quanto 2004?

É impossível reconstruir com precisão o que aconteceu exatamente, mas uma coisa é certa: naquele dia, Bobby, então com 4 anos, desapareceu repentinamente sem deixar rastros. Eles procuraram por toda a área em volta e no lago, mas parecia que o menino tinha desaparecido no ar. O pior pesadelo de todos os pais tinha se tornado realidade para os Dunbars.

Oito meses depois, a polícia apareceu na casa dos Dunbar. Os policiais tinham notícias surpreendentemente boas: Bobby tinha sido encontrado vivo e em perfeita saúde.

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Um vendedor viajante de Mississipi, chamado William Cantwell Waters, tinha sido apreendido na companhia de um menino cuja descrição batia com a de Bobby. Mas Walters insistia que o menino era Bruce Anderson, filho de Julia Anderson, uma amiga que lhe tinha pedido para cuidar da criança.

Os Dunbars correram até o Mississipi para buscar o filho. Mas as pessoas que testemunharam a suposta reunião têm versões diferentes sobre o que aconteceu. Alguns se lembram do menino gritar "Mamãe!", e outros afirmam que ele simplesmente chorou ao ver os Dunbars.

Então, as coisas ficaram ainda mais estranhas: o casal não tinha certeza que o menino era realmente seu filho. Lessie podia ver que seus olhos eram bem menores do que os de Bobby, mas, enquanto lhe dava banho, ela também notou uma marca de nascença idêntica ao do seu filho. No final, eles decidiram levar o menino para casa, e todos em sua cidade natal celebraram o retorno de Bobby.

Mas não foi um final feliz simples. Julia Anderson, a amiga do comerciante, jurava que o menino era seu filho. Ela era uma trabalhadora do campo e mãe solteira de três crianças. Ela já tinha dado uma filha para adoção e outro bebê morreu após o parto. Infelizmente, naquela época, mulheres como Julia não eram consideradas credíveis ou "respeitáveis". Os jornais escreveram coisas horríveis sobre ela, chamando-a de sem educação e burra, e até mesmo a acusando de ser uma prostituta.

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Mas Julia insistiu que o menino que os Dunbars tinham levado para casa era seu filho. Eventualmente, as autoridades cederam e organizaram uma fileira com cinco meninos da mesma idade, incluindo o menino em questão. Porém, quando pediram para que Julia identificasse seu filho, ela teve o mesmo problema que os Dunbars tiveram: ela não tinha certeza.

Como é possível que pais não consigam reconhecer seus próprios filhos? Seria por causa do estresse, da confusão e da enorme pressão da situação? A única coisa que permanecia clara era que os Dunbars estavam bem melhor do que Julia. A mãe solteira não podia pagar um advogado para representá-la, o que a levou a perder o caso. A corte rejeitou suas reivindicações e o menino voltou para casa com os Dunbars.

Julia nunca mais viu Bobby (ou "Bruce", como ela o chamava) de novo. Ela começou uma nova vida e teve mais sete filhos. Todos eles se lembram de sua mãe falando do seu filho Bruce, que tinha sido roubado pelos Dunbars.

Bobby cresceu e teve quatro crianças antes de morrer em 1966. Anos após sua morte, a neta de Bobby, Margaret Dunbar Cutright, começou a fazer algumas pesquisas. Ela revirou jornais velhos e entrevistou os filhos de Julia Anderson. Seu objetivo era simplesmente provar que seu avô era realmente Bobby Dunbar, mas quanto mais fundo ela ia, mais incerta ela ficava.

Em 2004, o filho de Bobby Dunbar, Bob Dunbar Jr., finalmente concordou em fazer um exame genético para acabar com as dúvidas de uma vez por todas. Quando os resultados saíram, todos ficaram em choque: Bob Dunbar Jr. não era parente de Alonzo Dunbar, o "irmão" de seu pai. Depois de todos esses anos, estava finalmente claro: o menino que a polícia tinha encontrado e dado aos Dunbars há tantos anos não era Bobby.

Até hoje não está claro o que aconteceu naquele dia fatídico de agosto no Lago Swayze. Será que Bobby realmente desapareceu? Será que seus pais encobriram um acidente para se protegerem de suspeitas de transgressão? Será que ele foi sequestrado e seus pais estavam tão desesperados para o ter de volta que realmente acreditaram que o menino encontrado pela polícia era Bobby?

Qualquer que seja a razão, os Dunbars acabaram criando um filho que não era deles simplesmente porque a sociedade se recusou a dar credibilidade à mãe verdadeira. Bobby pode ter tido uma vida boa, mas foi uma vida que resultou do tratamento injusto à sua mãe verdadeira. E mesmo depois do teste responder uma questão de décadas, há ainda uma pergunta muito importante que ainda não foi respondida: se o menino que os Dunbars criaram não era o seu filho Bobby, o que aconteceu com ele?


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