Clerisvaldo B. Chagas, 30 de novembro de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.427
Quando o escritor disse que nenhum geógrafo do Brasil lembraria daquele riacho solitário em que nascera, errou na sua profecia e acertou nas entrelinhas do seu desejo. Esse geógrafo já cantou e decantou o riacho João Gomes, afluente do rio Ipanema, inclusive decifrando sua denominação: riacho das beldroegas. Uma vez descoberto e decantado, chegou o momento de visitas e transformações importantes na sua barra (foz, desembocadura, desaguadouro). Máquinas já estão trabalhando no seu leito e imediações, onde o riacho esquecido do escritor santanense Oscar Silva imperou solitário por centenas de anos seguidos. É que o sítio rural Barra do João Gomes fora origem dos seus familiares, isto é, da família Pio.
Teve início a obra prometida pelo saudoso prefeito Isnaldo Bulhões: a barragem do João Gomes, que será a maior obra hídrica do município. Pena ter havido desgaste nos meios políticos e institucionais devido a entendimentos prévios em que houve descontentamentos de moradores do lugar, referentes à valores indenizatórios. Mas isso é coisa em que partes interessadas e justiça chegarão a bom termo, não temos dúvidas. O riacho temporário irriga
grande número de sítios na zona rural como o Tingui, Lagoa do João Gomes, Batatal e o próprio Barra do João Gomes. Corta a AL-130 e escorre dentro da Reserva Sementeira, do governo estadual, a 3 km do centro da cidade. Veia d’água importantíssima para os agropecuaristas, rebanhos e fauna da caatinga santanense.
Com a construção da maior barragem do município, haverá psicultura, água para o rebanho da região, lavoura irrigada e fonte para caminhões-pipa durante as estiagens. Segundo divulgação, a obra criará 300 empregos diretos e indiretos, mão-de-obra local e compras no comércio da cidade, fazendo o dinheiro circular nesse final de ano. Pela dimensão da obra, sua realidade poderá fazer parte do roteiro turístico que estar sendo implementado e até ser criado muitas novidades no seu entorno.
Infelizmente, aqui no sertão nordestino, estaremos sempre a precisar de fontes e mais fontes de armazenamento d’água. Porém, cada fonte poderá ser transformada em variados atrativos.
“Dê-me um limão e eu o transformarei em limonada”
CÂNION NO RIACHO JOÃO GOMES SOB PONTE NA AL-130 (FOTO: B. CHAGAS/ARQUIVO).
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