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sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

APENAS UMA CARTA DE GRATIDÃO

 Por Archimedes Marques

Há oito anos atrás perdi a minha querida mãe, uma perda irreparável e que sempre me traz dor e melancolia ao relembrar aquele tenebroso dia de 18 de dezembro de 2012... E assim, na época, eu escrevi essas últimas palavras em memória dessa mulher exemplo em todos os sentidos.

APENAS UMA CARTA DE GRATIDÃO

Minha estimada e inesquecível mãe, Maria Isabel Melo Marques:

A sua terrena morada de 29 de agosto de 1934 a 18 de dezembro de 2012 foi singela, pura e por demais proveitosa, pois deixou alimento para o espírito, amizade, carinho, afeto e amor em todas as pessoas que a conheceram. Os meus olhos, os olhos daqueles que a cercaram, os nossos olhos são testemunhas oculares dessa visão, nossos corações são testemunhas pulsativas dessa arritmia, nossos cérebros são testemunhas conscientes dessa razão, nossos sentimentos são testemunhas intelectivas dessa sensação, nossos juízos são capazes de decretar essa sentença em plena e absoluta justiça. Minhas palavras apenas tentam comprovar que não morre aquela pessoa que nas outras vive. O que é bom é eterno e ao invés de apenas passar termina ficando imortalizado.

De boa filha e verdadeira irmã dos seus irmãos você se tornou excelente esposa para o nosso querido pai. De excelente mãe você se tornou cúmplice dos seus filhos, mais tarde das noras e do genro. Cúmplice também foi dos seus netos e bisnetos, uma cumplicidade que transcendeu curtas gerações, uma cumplicidade que só buscava o bem de todos.

Do seu dom iluminado de ser feliz e trazer felicidade com as suas sábias palavras, atos e decisões, de contar os seus contos, de historiar as suas histórias, de encantar com os seus encantos, de se encantar com os nossos encantos, de sorrir os nossos sorrisos, de sofrer os nossos sofrimentos, de se preocupar com as nossas preocupações, teve você também o poder de transformar as nossas lágrimas em alentos.

Do seu dom natural das artes você se destacou na criatividade, desenho, pintura… Nas letras, sempre bem trabalhadas, se tornou poeta em versos e prosas, contista, amante das escritas e dos livros… Da sua voz e ritmo cadenciados de cantora romântica deixou gravado um disco que não toca somente os nossos corações, mas também irradia de alegria contagiante a nossa aura.

Da amizade sempre bem regada e adubada você plantou e colheu uma legião de amigos que para sempre guardarão a sua memória, pois sendo uma pessoa abençoada pelo Criador continuará na saudade irradiando luz, irradiando satisfação, irradiando paz, irradiando harmonia, irradiando amor…

Assim, por tudo isso e indefinidamente por muito mais, só me resta agradecer o privilégio de ter sido gerado pelo seu amor, de ter nascido do seu ventre, de ter sido amamentado pelos seus seios, de ter vivido o seu convívio, de ter sido acariciado e acalentado pelas suas mãos, afagado pelos seus maternos e aconchegantes beijos, agraciado e curado das feridas pelas suas preces, remediado pelos seus remédios, aprendido e crescido com os seus ensinamentos, esperando um dia reencontrá-la na sua nova morada, de tudo, rogando que o seu exemplo e legado de vida ensinem os bons a ser melhores.

Seu filho, Archimedes Marques.

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