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segunda-feira, 6 de setembro de 2021

"A MORTE DO CANGACEIRO MANOEL VITOR "

Hoje apresento para vocês a história da morte do cangaceiro Manoel Vitor, segundo o depoimento do filho do algoz do cangaceiro, o senhor Gerôncio Calaça Filho.

Antes, vamos relembrar quem foi o cangaceiro Manoel Vitor. Esse homem teria nascido em 1899 na cidade de Tacaratu em Pernambuco.

Teria abandonado um comércio estável devido as intrigas com a tradicional família dos Faceiros da mesma região. Esse fato causou diversas mortes na região, onde Manoel Vitor e seu irmão atuavam.

Vale lembrar que Manoel Vitor e seu irmão não eram do bando de Lampião, pelo contrário eram inimigos, mas isso contarei mais adiante...

Uma Curiosidade :

Segundo Renato Márcio Cardoso, Manoel Vitor era considerado o único cangaceiro comunista. Ele tinha se filiado ao partido comunista em 1934, era um comunista ativo, participava de reuniões, e até foi convidado a participar da intentona comunista de 1935 (revolução comunista comandada por Luís Carlos Prestes que visava derrubar o governo de Getúlio Vargas), só não o aceitou porque, achava que o partido não tinha condições de dar o golpe.

Mas vamos a história, o soldado Gerôncio Gomes Calaça nasceu em 07 de Julho de 1911 , na cidade de Floresta em Pernambuco. Logo passou atuar combatendo com rigor o banditismo na região. Gerôncio era um homem muito prestativo porém rígido e corajoso ao extremo.

Na região de Tacaratu um cangaceiro de nome Manoel Vitor espalhava o terror ao lado de seu irmão, em especial a uma família, os Faceiros. O cangaceiro e seu irmão junto com mais alguns cabras de sua confiança haviam matado vários membros dessa família.

Um dos familiares dos Faceiros, tinha conhecimento com Lampião, e assim, logo negociaram um meio para Virgolino Ferreira da Silva dar cabo de Manoel Vitor e sua gente.

Tudo acertado, o chefe mor do cangaço fez uma de suas visitas a região para cumprir o acordo, nesta feita, acabou matando o irmão de Manoel Vitor, e este consegue se evadir do local em fulga.

Dali por diante o ódio de Manoel Vitor por essa família só aumentou, assim como também seus ataques.

O soldado Gerôncio fazia parte da Força Volante do Tenente Arlindo Rocha, e uma certa tarde seguia firme na busca pelo bandido. Gerôncio era um excelente rastejador e logo encontrou o rastro do cangaceiro, que neste momento estava acompanhado de um cabra ( não se sabe o nome do mesmo ).

Na Serra da Fonte Grande, Manoel Vitor avistou os dois soldados e logo disparou contra os mesmos. O soldado Gerôncio é atingido e vai ao chão, porém o disparo acertou em seus acessórios que levava e assim não lhe causou dano maior, apenas o jogando ao solo, detalhe é que devido aos disparos, um pé de jurema caiu sobre o soldado.

O soldado Toinho Rocha companheiro de jornada de Gerôncio sustentou o fogo contra os inimigos.

Os bandidos seguiram em fuga, porém já recuperado, Gerôncio e seu companheiro Toinho Rocha os encontraram mais adiante. Manoel Vitor estava subindo a serra, coluna inclinada para trás, um alvo fácil para um bom atirador. E de fato isso aconteceu, com um balaço certeiro Manoel Vitor foi alvejado mortalmente pelo valente soldado Gerôncio Gomes Calaça.

O outro bandido conseguiu fugir, tomando destino ignorado. Ali na serra os dois soldados enterraram o perigoso cangaceiro, esse fato se deu em 02 de Setembro de 1937.

Já era noitinha, e ao regressarem para Tacaratu os soldados comunicaram o acontecido aos seus suoeriores e logo a notícia se espalhou, foram aclamados pela população aliviada.

No dia seguinte os familiares de Manoel Vitor afirmavam que aqueles soldados não teriam dado cabo do perigoso cangaceiro e que o mesmo havia fugido.O orgulho sertanejo daqueles homens falou mais alto e os soldados partem até o local da cova de Manoel Vitor, lá eles o desenterraam e o trás no lombo do jumento o cadáver do cangaceiro.

De volta a Tacaratu, eles amarram o cangaceiro ereto nas grades da cadeia da cidade, onde é tirada a grotesca fotografia.

Ali estava provado para quem quisesse ver, que o temido cangaceiro Manoel Vitor não mais perturbaria ninguém naquela região.

Detalhe é que foi colocado junto ao cangaceiro suas armas e assim temos seu único registro fotográfico, sendo este um dia após sua morte.

O soldado Gerôncio Gomes Calaça seguiu carreira militar, chegou a ser delegado da cidade de Belém de São Francisco, se tornou Tenente com méritos, combateu por muitos anos o banditismo, onde em breve trarei para vocês novas histórias sobre ele e suas façanhas.

Gerôncio Gomes Calaça faleceu no dia 09 de Agosto de 1990 aos 79 anos de idade em Belém do São Francisco.

Por : Helton Araújo

Obs : Alguns escrevem o nome do cangaceiro como Manoel " VICTOR "

Fonte : Dr. Gerôncio Calaça Filho e Hugo Leonardo Rodrigues Calaça ( filho e neto do Tenente Gerôncio )

Fotos : Cortesia Gerôncio e Hugo Calaça

Edição : Helton Araújo ( acervo pessoal )

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